Comportamento

Luisa Nucada

All about the money? A história do Dia dos Namorados

Luisa Nucada
03/06/2015 11:49
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As suas intenções em comemorar o Dia dos Namorados podem ser das melhores, e você pode ter várias histórias alegres (ou nem tanto) sobre esse dia. Essas são boas consequências, mas também é bom saber que a data realmente nasceu para fazer dinheiro movimentar. Se em Portugal e nos Estados Unidos a data é comemorada em fevereiro, em homenagem a São Valentim – bispo condenado à morte por celebrar casamentos durante a guerra, contrariando a proibição do imperador Cláudio II, para quem os solteiros combatiam melhor –, no Brasil a data é celebrada em junho porque o mês era tradicionalmente fraco para as vendas.
Em 1949, o publicitário João Dória trouxe a ideia do exterior para o comércio paulista. Como junho não tinha nenhum feriado comercial, foi escolhido o dia 12, véspera do Dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro. “Também contribuiu o clima mais ameno desse período, em que as pessoas estão procurando seu cobertor de orelha”, diz o professor de Marketing da Uniandrade Josias Silva, diretor de comunicação e marketing da instituição.
A primeira campanha publicitária teve como slogan “não é só com beijos que se prova o amor”, e ganhou o prêmio de Agência do Ano. A noção de que o sentimento precisa ser atestado com presentes convenceu os consumidores e impera ainda hoje. “Você trabalha com a palavra amor, que é muito forte para as pessoas. As campanhas são quentes, têm muito a cor vermelha. Parece que se você dá um presente muito simples você não gosta tanto do seu parceiro”, analisa o professor.
Presentes variados
Duas grandes marcas de joias têm seu maior faturamento durante o Dia dos Namorados, conta o docente. Segundo ele, a data representa  investimento garantido para as empresas.
Diferentemente dos dias da Mães e dos Pais, o leque de presentes é mais amplo. Portanto, até empresas de automóveis e construtoras tentam entrar no circuito, aproveitando a ideia de que “quanto maior é meu amor, mais caro é meu presente”. “A proposta é surpreender, e não vai ser à moda antiga, com cartão e ramalhete de flores. Você só vai conseguir surpreender seu parceiro com uma linda joia, um carro novo ou um apartamento. Uma construtora até lançou o mote ‘garanta seu ninho de amor’ para a data”, relata ele.
Linguagem
Na análise da psicóloga Lidia Weber, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o lado mercadológico do Dia dos Namorados contaminou até a comunicação. “A linguagem do amor e da publicidade estão muito juntas, a gente fala que homens e mulheres solteiros ‘estão no mercado’, que vamos ‘mostrar ao outro o quanto ele vale’ ou ‘vou investir no relacionamento’. O consumo está muito ligado com afetividade nessa data.”
Otimismo
Mas, de acordo com Lidia, não precisamos ser ranzinzas nessa época. “Quando pensamos na questão antropológica, as sociedades mais antigas tinham essa questão de presentear. Seja para criar paz, reciprocidade ou nas cerimônias de casamento.”
Para a psicóloga, o presente não é só comercial. Está conectado a homenagens, celebrações e grandes emoções. “Houve costume de presentear em toda a história da humanidade. A manipulação da mídia e do mercado existe para todas as datas comemorativas. Não precisa ser tão cínico, podemos aproveitar a celebração para lembrar que formar casais é bom, importante, significativo.”