Comportamento

Lara Mota, especial para a Gazeta do Povo

O inesquecível primeiro beijo

Lara Mota, especial para a Gazeta do Povo
26/08/2012 03:10
Para a psicóloga Elza Ar­­tigas, essa é uma oportunidade de valorizar os laços de confiança entre pais e filhos. “Alguns adolescentes são mais retraídos e não querem falar sobre isso. Para os que conseguem se abrir, é um momento importante para ser partilhado e vivenciado junto”, afirma.
Quando a filha Nycole contou para os pais que tinha dado o primeiro beijo, aos 13 anos, a mãe Elenice Spring sentiu que havia uma cumplicidade grande. “Ela tem liberdade, sempre conversa com a gente. É tímida com os outros, mas com os pais ela se abre, pode perguntar qualquer coisa”, conta.
Em geral a mãe é a confidente, mas e o pai? “O coração acelerou, achei que ia sair pela boca. Mas depois eu respirei, me acalmei, e falei: ‘Que legal, filha’”, conta o pai de Nycole, Nilson Machado.
É normal que os pais sintam ciúmes nessas situações, como explica a psicóloga: “O primeiro beijo é um ritual de passagem. É a hora do ‘acabou meu bebezinho’”, diz Elza Artigas. “É um bom treino para os pais, porque daqui a pouco eles podem estar diante de outras coisas relacionadas à sexualidade dos filhos”, acrescenta a especialista.
Brigar para quê?
Uma dica da psicóloga é tentar ver a situação pelo ângulo do adolescente. Beijou? Brigar não é o caminho. “Se o adolescente contou, ele espera que os pais sejam receptivos e amigos. Se a mãe e o pai se fecham, a criança não vai contar outras aventuras, outras conquistas”, pondera Elza.
Por outro lado, se o filho ainda é “BV”, talvez os pais tenham que lidar com outra situação: a ansiedade antes do primeiro beijo. Os adolescentes costumam expressar que estão interessados em alguém. Conversar e prestar atenção às atitudes dos filhos pode ajudar a identificar essa ansiedade. Mais uma vez o diálogo é fundamental para dar confiança aos jovens.
A fisioterapeuta Amanda Castro sabe disso. O filho, Gustavo, acabou de completar 11 anos e ainda não teve o primeiro beijo, mas tem total abertura para contar aos pais. “Eu falo para ele. Se for algo bom ou ruim, você pode sempre contar com a gente. Então ele tem liberdade para falar e tenho certeza que vai me contar quando acontecer”, diz ela.
Segundo especialistas, a sintonia com os filhos se constrói no dia a dia. Forçar uma relação de cumplicidade apenas nesses momentos pode dar errado. Os pais devem tomar cuidado também para não invadir a privacidade do filho.