Comportamento

Bruna Covacci

Obesidade não é sinônimo de sedentarismo

Bruna Covacci
01/11/2016 12:15
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A bailarina Whitney Way Thore. Foto: Divulgação.

É possível ser gordo e saudável? Pesquisadores da Universidade de York, no Canadá, acreditam que sim. Num estudo publicado na revista “Applied Physiology, Nutrition and Metabolism”, eles concluem que as pessoas acima do peso podem ser saudáveis, viver tanto quanto as magras e ser menos propensas a desenvolverem problemas cardiovasculares.

Foto usada no post da MC Carol, no Facebook. Foto: Reprodução/Facebook.
Foto usada no post da MC Carol, no Facebook. Foto: Reprodução/Facebook.
E para alertar sobre esse tema, muitas pessoas com sobrepeso se manifestam. No último mês, a funkeira MC Carol fez um post no Facebook depois de ser questionada por uma fã sobre a sua bandeira em defesa de ser plus size, a mesma alegava incoerência da cantora e dizia que obesidade era doença. “Realmente acho que se o seu peso afeta à saúde é necessário fazer alguma mudança para que isso não te prejudique. E eu sei que não é fácil. Mas existem milhares de pessoas muito magras ou com um físico “normal” que, às vezes, tem mais problemas de saúde do que uma pessoa gorda. Então eu pergunto: será que a saúde está diretamente ligada ao formato do seu corpo?”, escreveu.
Na mesma postagem, ela disse que a sua verdadeira bandeira é a autoaceitação. Para ela, as pessoas podem ter doenças, trabalhar, casar, ser feliz ou morrer sendo gordo ou magro. “O importante é ser feliz sem os padrões que a sociedade impõe. Quero provar que ser gorda não é sinal de depressão, limitação ou qualquer outra coisa negativa. Quero ajudar quem nunca se aceitou porque eu mesma me sentia pior que os outros por não ter o padrão X ou Y. Essa é a minha verdadeira bandeira, só conseguimos amar aos outros quando nos amamos antes de tudo”, escreveu.
*acima, Whitney dança músicas brasileiras
Whitney Thore, uma americana de 30 anos, começou a fazer sucesso depois de postar uma série de vídeos no YouTube, em 2014, em que aparecia dançando. A bailarina que pesa mais de 170 quilos, ganhou um programa de televisão no canal TLC. Segundo o site do canal, seu programa de televisão – chamado My Big Fat Fabulous Life (“Minha Vida Gorda e Fabulosa”, em tradução livre) – deve mostrar “a vida de Whitney, sua família única e seus amigos”. O programa não se concentra apenas na dança e nos insultos que Whitney recebe de desconhecidos na rua, mas na forma como a família aceita a dançarina – e também nos momentos em que não a aceita. É outra forma de mostrar como é possível ser saudável, elástica e que a gordura não é impedimento.
Preconceito na sociedade
Pela primeira vez, a ‘Playboy‘, abriu espaço para uma modelo plus size em suas páginas. A blogueira Ju Romano foi escolhida para estampar a seção ‘Mulheres que amamos’, na edição de novembro. Aos 27 anos, a jornalista, que tem um blog sobre moda e beleza para mulheres gordinhas, contou que se surpreendeu com o convite e aceitou para que outras mulheres se vissem representadas na mídia.
Ju Romano na Playboy. Foto: Reprodução.
Ju Romano na Playboy. Foto: Reprodução.
“Quando chegou um e-mail da Playboy eu dei risada. Não pelo convite em si, mas porque eu não me vejo – e nunca me vi – como uma mulher sensual e sair assim era impensável para mim”, escreveu. A conversa com uma amiga a fez repensar. Como ela luta há mais de nove anos para que a mulher não precise de aprovação de ninguém e para que a sociedade passe a enxergar a mulher gorda como uma mulher normal, acredita que, ao colocar plus sizes em revistas, séries e filmes; e não com o papel da “coitadinha e alívio cômico”, é possível se mostrar como mulher bem sucedida, amada e confiante e ainda que seu corpo não é impedimento para nada. Foi assim que ela aceitou o convite e pediu para que a revista não usasse photoshop nas fotos.
Modelos plus size participam de desfile na SPFW. Bia Gremion, à esquerda, estará em Curitiba. Foto: FOTOSITE.
Modelos plus size participam de desfile na SPFW. Bia Gremion, à esquerda, estará em Curitiba. Foto: FOTOSITE.
O último mês também marcou a primeira vez que modelos plus size pisaram na passarela da São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do Brasil que está na sua 42ª edição. A marca estreante LAB, do artista Emicida e do seu irmão Evandro Fióti, trouxe um casting diverso, conectado com a diversidade dos consumidores, com várias gordinhas!
E a saúde?
De acordo com o endocrinologista André Gustavo Daher Vianna, do Centro de Diabetes e Obesidade, indivíduos fora de forma ou acima do peso têm mais risco de ter problemas de saúde. “Em média, pessoas obesas têm mais propensão para desenvolver doenças metabólicas como hipertensão e problemas de colesterol. Mas existem pessoas extremamente ativas, com alimentação saudável e que não acumulam gordura na região abdominal, que é mais perigosa”, explica. Vianna ainda ressalta que obesidade não é questão de doença e que, quanto mais atividade física a pessoa faz, mais qualidade e anos de vida ela ganha. O ideal é que a pessoa em sobrepeso sempre faça acompanhamento médico para saber se precisa tomar cuidado com alguma doença ou não, assim como pessoas que não são obesas.