Comportamento

Adriano Justino

Pai ou amigo? Dá para ser os dois

Adriano Justino
08/08/2010 03:11
Houve uma grande mudança do pai que, lá do alto, dava ordens e, com sua mão pesada, não aceitava ser respondido, até o pai de hoje, que para conversar se abaixa na altura do filho e não se importa de ser visto rolando pela grama com os pequenos. Mas é comum que um pai se questione se o perfil pai e amigão é mesmo o ideal. Na verdade, pode-se, sim, ser as duas coisas, desde que a autoridade esteja presente. “O pai não pode perder a sua função orientadora. É como se ele fosse as margens de um rio e o filho aquela força e vontade de conhecer o mundo. O pai, essa margem de orientação, precisa direcionar as ações do filho, que vai aprendendo que não se deve colocar o dedo na tomada ou que, se ele vai dirigir, não deve beber”, explica o psicólogo Antônio Vitorino Cardoso Neto.
Não existem fórmulas prontas para ser aquele pai próximo, afetuoso e presente na vida dos filhos, explica a psicóloga Carla Cramer. Mas fazer parte da vida do filho desde antes de seu nascimento ajuda a realmente conhecer o rebento e a estabelecer um bom vínculo com ele. “Participar da gestação e acompanhar os exames pré-natais ajuda os pais a começarem a se ver como pai. Estar junto no nascimento e dividir as tarefas de cuidar de um recém-nascido auxiliam na construção dessa relação. Ser presente, curioso, participar e cuidar possibilita que o pai vá aos poucos se sentindo competente no cuidado do filho”, explica. E ao longo da vida o pai pode experimentar atividades e programas que, se forem frequentes, reforçam o relacionamento pai e filho.
Planejar é o segredo
A jornada extensa de trabalho, que com a tecnologia se estende até as horas em que passamos em casa, o tempo gasto em deslocamentos e o estresse contínuo roubam os momentos que poderiam ser dispendidos em família. Por isso é preciso aprender a organizar o tempo. “Vejo que muitas vezes se faz projeto para tudo: falar outro idioma, emagrecer, crescer profissionalmente, mudar de área de atuação. Mas espera-se que, na vida afetiva, as coisas simplesmente aconteçam e isso é um engano. É necessário investimento de tempo, energia, afeto”, explica a psicóloga.
E não é preciso bolar superprogramas para que um filho se sinta amado e próximo. “Para se envolver mais com os filhos devem ser criadas oportunidades para interagir e participar da vida deles. Conhecer quem são, o que fazem. Ir à reunião da escola, conhecer a professora, ver o que eles estão aprendendo, preparar um lanche, levá-los para conhecer o trabalho, enfim, trazê-los para a sua vida”, sugere a psicóloga Ana Paola Lubi.
Se você, caro leitor, é pai, e quer saber mais sobre como se aproximar de seu filho, dê uma boa lida nas cinco histórias de nossos entrevistados. Todos dão uma verdadeira aula de como ser um grande pai.