Comportamento

Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo

O homem que virou Papai Noel depois de uma promessa

Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo
10/12/2017 12:00
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José começou no ofício por acaso e já soma 14 anos de profissão. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo. | gazeta do povo

A tradicional roupa vermelha, um pouco de batom nas maçãs do rosto, uma ou outra maquiagem a mais e pronto: em 20 minutos José Guetem Filho, 75 anos, se transforma em uma das figuras mais esperadas por crianças e adultos. Desde 2004 ele trabalha como Papai Noel em Curitiba — tanto no Park Shopping Barigui como em eventos privados.  E tudo começou por acaso, quando ele caminhava, naquele ano, pela Rua José Loureiro, centro da cidade, perto de onde mora.
José nunca imaginou que a barba, que ele deixou crescer após fazer uma promessa, chamasse a atenção de um “olheiro” (que também é Papai Noel e sócio de uma agência de eventos). “Eu estava na rua e ele perguntou se eu queria ser Papai Noel”.

O começo como bom velhinho

Desde sua primeira experiência, ele cativou as crianças e chamou a atenção de quem o contratou. Mas confessa que, no começo, não foi tão fácil assim. “Como todo serviço, quando você não tem prática, é meio estranho. Eu me sentia até um pouco mal de ser o centro das atenções, com iluminação e pessoas em volta. Mas depois, no segundo ano, eu já tirei de letra”, comenta.
Em seus 14 anos como Papai Noel, sua barba é um bem precioso: agora, deixa ela grande o ano todo. Somente após o Natal apara as pontas, e mantém a cor com shampoo para cabelos claros.
Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo.
Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo.

Motivação não falta

A rotina é cansativa, mas a alegria das crianças e as histórias que ouve todos os dias o anima para seguir no ofício.  “Tendo barba e saúde eu quero continuar”, brinca.
E não são só os pequenos que se entusiasmam com a presença dele: em alguns casos, garante José,os pais se animam mais do que os filhos. “Os pais trazem fotos [dos filhos com o Papai Noel] de até dez anos atrás, quando a criança ainda era pequena, e me mostram”, fala.
Até mesmo os parentes de José já levaram os filhos  para vê-lo com o traje natalino, mas sem revelar o segredo de quem estava por trás da roupa vermelha. “Dependendo da idade da criança, ela não sabe que eu sou parente. Tanto que as minhas sobrinhas quando vêm ao shopping com os filhos não me chamam tio e pedem em casa para fingir [que não sou Papai Noel]. Para não quebrar esse encanto”, conta.
Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo.
Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo.

Histórias para contar

Ele garante que todos os dias passa por uma situação marcante — e algumas engraçadas, como no Natal passado: “Dois gurizinhos sentaram um em cada joelho meu. Eu perguntei o nome de um e o que ele queria ganhar de Natal. E ele disse: eu não quero nada. O outro gurizinho não ouviu a resposta e soltou: ‘eu quero o mesmo que ele”, relembra. E tem os pedidos inusitados:

“Tem crianças que pedem jacaré, hipopótamo, cobra, todo tipo de animal. Até ano passado vinha uma família, acho que do interior, que as crianças pediam cavalo, carroça”.

E as perguntas das crianças costumam ser recorrentes: onde estão as renas, o trenó, o que os duendes estão fazendo que não estão junto dele e onde está a Mamãe Noel — as quais José responde a todas, paciente.
Mesmo que os pedidos sejam os mais estranhos possíveis, ele cumpre sua função de bom velhinho, e sempre diz para as crianças: “tem que obedecer a mãe e o pai. Se tiver irmão, não brigar com ele e estudar. Que aí assim, no Natal, ela vai ganhar o presente”.
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