Comportamento

Amanda Milléo

Conheça as histórias de quem é duende do Papai Noel há mais de 30 anos em Curitiba

Amanda Milléo
24/12/2017 17:21
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Há 32 anos, Marco Antônio e duendes levam brinquedos, doces e alegrias às crianças de Curitiba (Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)

De longe, as crianças da favela do Parolin avistam a chegada de uma carreata barulhenta e brilhante.  Munidos com balas, presentes (todos embrulhados) e muito carinho, os duendes verdes do projeto Natal do Mestre correm (e como correm) ao lado de um caminhão decorado, enquanto os colegas em cima do veículo distribuem os brinquedos, separados pela cor do barbante: rosa são para as meninas, azul para os meninos e amarelos para os dois.
O olhar das crianças e a alegria e agradecimento dos adultos são as principais recompensas para os duendes, e para o Papai Noel, que transformaram a brincadeira em rotina nas 32 últimas vésperas de Natal. Marco Antônio dos Santos Ferreira foi um dos principais idealizadores do projeto, e reuniu seus colegas do karatê e dos escoteiros para continuar a brincadeira de levar doces, brinquedos, mas também alegria, às crianças de diversas comunidades carentes de Curitiba.
(Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)
(Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)
O Viver Bem acompanhou o Natal do Mestre no ano passado e toda a história do projeto pode ser lida aqui. Neste ano, fomos conversar com quem estava desde o início e descobrir o que motiva tantos duendes a estarem ali. Confira!
“Eu já caí do caminhão”
(Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)
(Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)
Das muitas histórias vividas por Samuel Cesar dos Santos Ferreira, professor de 51 anos, durante a entrega dos presentes na véspera do Natal, nada se compara ao momento em que, em um segundo de descuido, caiu do caminhão.
“Era uma curva, e quando eu vi o caminhão foi para um lado e eu para o outro. Por sorte não me machuquei, o anjo da guarda me salvou. Hoje eu dou risada, mas no dia também foi divertido”, lembra Samuel, que é irmão do Papai Noel (Marco Antônio).
(Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)
(Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)
O momento mais marcante, porém, se repete todos os anos, segundo Samuel. “É ver a alegria das pessoas no caminho. Elas podem estar de cara fechada, mas quando percebem que o Papai Noel está chegando, abrem um sorriso, acenam, falam ‘Feliz Natal’. Isso é o melhor”, diz.
Samuel lembra também das muitas pessoas que seguem o caminhão, seja porque querem o agrado de uma bala ou brinquedo ou mesmo para que os filhos vejam o Papai Noel. O símbolo do Natal persiste.
“Ele só queria um autorama, e a gente tinha”
(Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)
(Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)
O último ponto da carreata do Natal do Mestre, todos os anos, é sempre a Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia, no Alto da Glória. Lá, crianças e familiares recebem, no saguão, o Papai Noel e seus duendes, que carregam os últimos, mas os melhores brinquedos.
Esse momento é, segundo Bruno de Lara Carlos, designer gráfico de 33 anos, o mais emocionante de todo o percurso:
“Às vezes as crianças não podem descer para o saguão e teve uma vez que uma mãe pediu para o filho que estava lá em cima um autorama. Era tudo que ele queria. Por sorte nós tínhamos um autorama. Quando a gente viu a carinha dele ao abrir o brinquedo e ver que era justamente o que ele tinha pedido, e que veio das mãos do Papai Noel… não tinha um sem chorar”, lembra.
Para ele, separar o dia 24 de dezembro para o projeto é renovador. “Hoje é aniversário da minha mãe. No começo ela não entendia por que eu passava todo aniversário dela longe, mas agora ela entende e apoia. Ver as crianças rasgando o papel do presente, que ele ganhou do Papai Noel ou dos duendes é incrível.”
“Todos que estão aqui querem se divertir”
(Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)
(Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo)
Passar a tarde do dia 24 de dezembro longe de casa não é, para Robert Tonny Hellmann, advogado, nenhuma tortura. Afinal, como ele mesmo diz, todos que estão ali vieram para, além de ajudar o próximo, se divertir.
“É uma oportunidade de oferecer e receber alegrias das crianças, dos adultos e uma confraternização de amigos também. Ninguém vem se não quiser se divertir”, diz.
Robert está há quase 20 anos no projeto e, hoje, traz seus próprios alunos do escoteiro para participar. “Dos momentos mais divertidos, alguém sempre se perde atrás do caminhão e, eventualmente, a gente acha de novo no meio do caminho. Os mais emocionantes são, sem dúvida, quando vamos à associação de neoplasia”, diz.
“Ele não queria mais ficar no caminhão, mas olha onde está agora!”
É a primeira vez que Graziela Perioto, gerente administrativa de 35 anos, acompanha a carreata do Natal do Mestre. Ao lado do marido, Raphael Perioto, administrador de T.I, de 37 anos, e do filho Henrique, de sete, a família ajudou na arrecadação e, agora, na distribuição de balas e brinquedos.
O menino Henrique, porém, estava disposto a uma função a mais e, em cima do caminhão, ao lado do Papai Noel, estava responsável pela buzina – cuja importância é fundamental, como o Viver Bem havia relatado aqui.
“Meu filho disse que não queria ficar mais no caminhão, que era muito barulhento, mas olha onde ele está agora”, disse Graziela, apontando para o menino que subia na escada lateral durante uma parada da carreata. “Ontem ele já foi embalar os presentes e gostou muito. Hoje ele acordou animado e ficava perguntando quando viríamos para cá”, completa.
Quer participar?
Natal do Mestre conta com um grupo no Facebook, fechado, mas que aceita participantes. Entre em contato com eles para o Natal de 2018!
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