Comportamento

Katia Michelle

“Parei de fumar por vontade própria e sem ajuda de remédios”

Katia Michelle
19/01/2017 15:30
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O diretor de teatro Chico Nogueira comemora quase uma década sem o cigarro. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

“Eu ainda sonho que estou fumando e me repreendo no próprio sonho”, conta o diretor de teatro Chico Nogueira. Ele começou a fumar aos 11 anos, seguindo o exemplo dos colegas de escolas que queriam “aparecer”. Pegou o hábito para valer aos 15 e o manteve por 40 anos. Há nove, largou de vez o vício por vontade própria, sem a ajuda de remédios ou terapias. A motivação? Ao longo do tempo foi verificando as consequências de ser um fumante convicto e percebeu que as dores eram mais fortes que as delícias de saborear o cigarro.
“Fui vendo os meus amigos morrerem por conta do cigarro e também tenho problemas de saúde que podem ter sido causados pelo fumo”, lamenta. Um pulmão menor que o outro e dificuldades respiratórias persistem até hoje, mesmo depois de quase uma década sem fumar. Durante o tempo de fumante, tentou largar o vício algumas vezes, sempre sem sucesso.
Em uma dessas tentativas, chegou a ficar quatro anos sem fumar, mas ganhou uma bolsa para estudar na Espanha e assim que chegou no aeroporto comprou uma carteira. É a prova de que ansiedade demais e mudanças na rotina podem contribuir com a dificuldade de deixar o vício. Chico fumava uma carteira por dia, o que considera pouco. “Tenho amigos que fumam muito mais, até hoje”, revela, mas quando deixou o hábito para trás, decidiu “largar de vez”.
O dia escolhido para parar de fumar foi o Dia da Infantaria, curiosamente a data  em os soldados enfrentam todos os obstáculos. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo<p></p>
O dia escolhido para parar de fumar foi o Dia da Infantaria, curiosamente a data em os soldados enfrentam todos os obstáculos. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo<p></p>
“Não acredito que a gente consiga aos poucos. Tem que ter uma determinação, ter o desejo de parar e muita força de vontade”, diz. Habituado com o glamour em que o cigarro estava envolvido, nas décadas de 1970 e 1980, com os filmes franceses, as propagandas e o cinema em geral, ele, cinéfilo convicto, foi levando o cigarro como companheiro até que percebeu a realidade ao redor.
Os pais, fumantes, tiveram complicações por conta do vício, o cunhado, fumante inveterado, teve câncer na garganta. Quando a irmã mais velha morreu, embora não por causas relacionadas ao cigarro, ele decidiu que pararia. Foi no Dia da Infantaria. Simbólica, a data comemorada no dia 24 de maio, remete aos soldados que combatiam em todos os tipos de terreno, independente das intempéries.
Chico também decidiu combater o inimigo na data, 24 de maio. O feito é comemorado com louvor a cada ano, nas redes sociais. “Eu faço questão de comemorar porque realmente foi uma conquista”, salienta. O resultado foi sentir melhor o aroma e o sabor e também ter mais disposição para as atividades do dia a dia. “Eu gosto muito da memória olfativa e o cigarro atrapalhava isso. Hoje me incomodo com o cheiro do cigarro, mas não reclamo. Acho que cada um sabe de si”, diz.
Por isso, é comedido ao dar conselhos para quem quer parar de fumar, assim como ele fez. Prefere ser o próprio exemplo. Em muitos casos, a determinação pode vencer adesivos, tratamentos convencionais e alternativos. É o seu caso?
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