Renovar os sonhos é dar um voto de confiança a si mesmo

Com o fim do ano se aproximando, colocar na balança tudo o que se conquistou e aquilo que ficou para trás pode ser frustrante: alguns planos não são tão fáceis de serem concretizados. Então, ao invés de dar chance para a depressão, por que não renovar os seus sonhos? Esta é a época certa para isso. Dê um voto de confiança para si mesmo, traga a felicidade para perto neste período de “balanço geral” e, de quebra, contagie os outros.

De acordo com o psicólogo e professor do Unibrasil Centro Universitário Reginaldo Silveira várias questões influenciam o clima “deprê” de fim de ano. Pode ter a ver com relações parentais e coisas que marcaram a trajetória, mas também com o clima de crise do país. “Você pensa que tudo está ruim e, sem perceber, um ciclo de pensamentos aciona uma posição negativa em que a pessoa não se sente capaz de realizar nada”, explica. Estar próximo a outras pessoas também pode tornar o indivíduo mais resiliente. Duvida? “Empatia, abraços, sorrisos e amizade são capazes de produzir ‘ocitocina’, popularmente chamada de hormônio do amor e responsável por liberar a sensação de felicidade”.

Autor do bestseller Nunca Desista dos Seus Sonhos , Augusto Cury afirma que se libertar das expectativas é uma forma de se preparar . “Comece tudo de novo quantas vezes forem necessárias”, indica. Para ele, realizar sonhos implicam riscos, escolhas, erros e perdas.

Proprietário do restaurante Lagundri, o chef Marcelo Amaral, 39 anos, largou seu trabalho numa agência de propaganda para realizar um sonho: surfar na Indonésia. A palavra “anti-herói” tatuada em seus dedos diz respeito à forma com que ele leva a vida: quer alcançar seus objetivos e ter um dia a dia simples. “Não importa se você quer construir uma hidrelétrica ou um restaurante. Tudo é sonho, o importante é que você o realize”, diz. As mudanças aconteceram naturalmente. “Tudo foi motivado ou é uma consequência do sonhar. Para isso é preciso ter coragem de arriscar. O caminho da realização nunca é o mais seguro”, completa.

Para se manter, Marcelo foi trabalhar num restaurante na Oceania. Estudou costumes e ingredientes. Quando voltou ao Brasil abriu seu restaurante. Para ele, quem sonha nunca fica parado. “Você pode ter um grande sonho ou um pequeno. Eu sempre quis ter uma família bacana”, relata. Casado há quase 10 anos, no último ano, Amaral levou os seus dois filhos, Maria Clara, 12 anos, e Thiago, 08, para passar um ano sabático na Bahia. Para ele, a letra da música “Prelúdio”, de Raul Seixas, que parafraseia John Lennon, faz completo sentido: “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade”. Às vezes, se você quer fazer alguma coisa bacana e seus amigos também, por que não fazer junto? Além disso, disciplina e determinação são imprescindíveis.

Ele sempre gostou de viajar. Sua justificativa para trabalhar tanto – a rotina se dividia entre a advocacia, lecionar e o empreendedorismo – era poder conhecer lugares diferentes. Aos 56 anos, um momento da vida trouxe a Wilson Ramos Filho, popularmente conhecido como Xixo, uma nova oportunidade. “Eu tinha saído de um casamento, meus filhos foram morar em outra cidade e eu ia parar de advogar. Eu precisava me ocupar e tinha a certeza de que logo meu corpo não aguentaria algumas aventuras”, diz.

Foi aí que ele decidiu dar uma volta ao mundo em uma Land Rover e começou o que ele chama de “Nossa Grande Viagem”. Nossa? “Para minha alegria, meus filhos Francisco (15) e Bárbara (14) resolveram ir comigo”. Eles precisaram negociar, a viagem só poderia durar seis meses (até julho) para que continuassem estudando sem perder o ano. “Juntos pensamos em nossos interesses e traçamos o itinerário”.

Pai e filhos estão realizando sonhos juntos, dividindo seu dia a dia e aprendendo com a convivência um com o outro. “A viagem é mais um percurso interior do que de quilometragem. Estou entendendo o mundo em que vivemos. Não é um turismo tradicional e muitas vezes não vou aos principais pontos turísticos”. Segundo ele, não há programação fechada e muito menos a obrigação de fazer algum passeio clássico. “Às vezes você ficar ouvindo blues em Chicago é mais importante do que ir a um museu”, explica.

Como gosta de símbolos, antes de começar a viagem fez um leilão com suas 112 gravatas. “Era para fechar um ciclo. Quer símbolo maior de um advogado do que as gravatas? É a coleira que te prende aos condicionantes sociais”, explica. Toda a verba foi doada para uma instituição. Para ele, a decisão de fazer a viagem é a prática do desapego. “Sempre que você escolhe algo, você deixa de ficar com outras tantas. A sensação de perda ao escolher é sempre maior”, comenta.

Para Ramos, a viagem o tornou mais emotivo, aumentou a sensação de humanidade, o respeito pelo diferente e o amor pelo Brasil. Dia 26 de dezembro eles viajam novamente e ficam até 13 de fevereiro. O roteiro agora é nos países Bálcãs, na Europa.
Por uma meta maior.

Desde pequena a médica Karina Oliani, 33 anos, tem um grande fascínio por aventuras. Tanto que, com apenas 12 anos, fez seu primeiro salto de paraquedas. Aos 17, era bicampeã brasileira de wakeboard. Praticou diversos esportes, sempre foi uma aluna empenhada e uma das coisas que a faz mais feliz é ajudar as pessoas.

Foi por esse motivo que, em 2000, ingressou na Faculdade de Medicina para trabalhar com emergências e resgates. Depois disso, viajou para os Estados Unidos para se especializar em uma área médica até então desconhecida no nosso país e se tornou a única médica brasileira a ter o título de especialista em medicina de emergência e resgate em áreas remotas. A profissionalização a levou para as montanhas: foi contratada para ser médica de uma equipe de escaladores.

“Fiquei em acampamentos no Tibete e no Nepal. Nessa época, eu fazia o que amava, só não subia ao cume das montanhas. Então decidi que queria escalar o Everest”, recorda. O preparo levou três anos. “A começar pela despesa. Só de licença foi preciso pagar US$ 10 mil”, conta. Para conseguir arrecadar dinheiro montou um projeto, pensou em produzir um documentário e pediu patrocínio para mais de 300 empresas. “O problema é que as pessoas olhavam uma menina loira, com 1,65 metro e 60 quilos e não acreditavam que eu conseguiria”, observa.

No caminho ela se decepcionou várias vezes, mas nunca pensou em desistir. “Cheguei a escutar que eu era louca e que faltava louça em casa para eu lavar”, relembra. Depois de chegar lá, teve a certeza de que fez a coisa mais importante da sua vida. “Se eu precisasse tentar por 10 anos teria continuado. Quando você sonha é algo que vem de dentro da sua alma, você não consegue sossegar.

Pedimos ajuda do especialista Luiz Gustavo Vilela, do site Crônico de Cinema, para elencar cinco filmes que vão lhe ajudar a alimentar as esperanças e a renovar os sonhos para o próximo ano:

Taí uma trilogia feita de muitos sonhos. O de Marty McFly é ser um grande guitarrista. O de Doc Brown, ser um cientista reconhecido. Isso para nem falar em George McFly, que só queria deixar de ser capacho de Biff Tannen e se casar com a bela Lorraine. Depois dessa aventura pelo tempo e pelo espaço, com muitos tropeços, eles conseguem chegar lá. Os 30 anos do primeiro filme foi muito comemorado pelos fãs este ano.