Comportamento

Redação, colaborou Monique Portela

Quase metade dos candidatos reprova no primeiro teste psicotécnico; saiba os motivos

Redação, colaborou Monique Portela
11/08/2017 12:00
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Foto: Pixebay

Para obter a carteira de motorista, não basta deixar o cone intacto durante a baliza, comprovar aptidões físicas e gabaritar as regras de trânsito no exame teórico. É preciso também passar por uma avaliação psicológica que, de acordo com dados do Detran Paraná, reprovou 42,3% dos candidatos ao menos uma vez durante o primeiro semestre de 2017.
A maior parte das reprovações, porém, não são permanentes — apenas 2 pessoas foram consideradas inaptas no primeiro semestre deste ano. Quem não passa de primeira tem direito a refazer o teste quantas vezes for necessário, mediante o pagamento de uma taxa de R$ 91,83. Mas para o chefe da Divisão Médica e Psicológica do Detran Paraná, Gustavo Fatori, o conceito de reprovação não se aplica ao exame. “Não é como uma prova, que você passa ou não passa”, comenta.
O que acontece no chamado reteste é um aprofundamento da avaliação, no qual o candidato é avaliado somente nos pontos em que não mostrou suficiência. De acordo com a psicóloga especialista em trânsito Adriane Picchetto Machado, a necessidade do reteste às vezes se dá por motivos bem práticos: “Normalmente uma situação de avaliação, seja qual for, gera ansiedade na pessoa que vai ser avaliada, contribuindo para um desempenho abaixo do esperado”, explica. Outras interferências que são observáveis na avaliação, de acordo com a psicóloga, são questões como cansaço, sono, fome e nervosismo.
Como funciona?
A avaliação é feita em duas partes: uma entrevista psicológica e a aplicação de seis testes. São três de atenção, um de memoria, um de raciocínio lógico e outro de personalidade. O teste de personalidade é o mais famoso — o “teste dos palitinhos”, no qual os examinados são instruídos a fazer traços verticais do mesmo tamanho com um espaço regular entre eles, na verdade chama-se teste palográfico e busca identificar padrões de comportamento com base em sinais gráficos.
“Ele é um dos mais utilizados porque é um teste expressivo, que é muito mais difícil de manipular e pode ser usado coletivamente”, explica Mari Ângela Calderari Oliveira, professora de Avaliação Psicológica do curso de Psicologia da PUC-PR.
Apesar da existência de manuais para a interpretação dos testes, muitos com venda restrita a psicólogos mediante a apresentação de documento de identificação, a professora afirma que o resultado vai depender mesmo é do avaliador. “Quem interpreta isso é a capacidade técnica e teórica do psicólogo. Não é o teste que vai falar, é a interpretação do psicólogo”, explica Mari Ângela.
Feedback
Todos que passam pela avaliação psicológica têm direito a uma devolutiva gratuita com o psicólogo que realizou o teste. Para agendar a devolutiva, basta entrar no site do Detran Paraná na aba Motorista e clicar em Agendamento/Cancelamento de Entrevista Devolutiva. “Como não tem custo, nós temos um índice alto de ausência. Então é importante que, se a pessoa não puder ir, ela cancele o agendamento”, frisa Gustavo Fatori.
A devolutiva geralmente se mostra muito útil para o candidato poder ter um desempenho melhor no reteste. É o caso de Mariana Zanlorenzi Weber, de 18 anos, que havia reprovado no teste de atenção. Depois de ter uma devolutiva na qual a psicóloga explicou o porquê do resultado — a falta de agilidade no teste — Mariana fez o reteste e já está apta a passar para a próxima etapa. “Eu fui fazendo tranquila, no meu tempo, eu não sabia que tinha que fazer rápido”, explica a estudante.
Não é mais psicotécnico
Ainda que muita gente chame de psicotécnico, a avaliação mudou de nome em 2009, quando passou a incluir a fase da entrevista. “É importante a gente esclarecer que não se trata mais de psicotécnico. Esse termo era utilizado antigamente, hoje o que acontece é uma avaliação psicológica que contempla todo um contexto que inclui a aplicação de alguns testes”, explica Gustavo.
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