Comportamento

Eloá Cruz

Trocar smartphone por celular reduz “vício” em tecnologia

Eloá Cruz
22/07/2016 21:00
Thumbnail

A estudante Taïs Aguilar, de 21 anos, se libertou do smartphone a quase um ano: troca foi “libertadora” e tem ajudado a levar uma vida mais discreta. Foto: Antônio More/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Anna Wintour, editora-chefe da Vogue americana, e a celeb Rihanna foram flagradas recentemente usando celulares antigos – aqueles de estilo “flip”, cuja função principal é apenas ligar. Além delas, algumas pessoas estão deixando de lado os smartphones cheios de recursos e tecnologia em troca de aparelhos com funções básicas. Seria essa escolha um estilo fashion ou um truque para fugir da dependência da tecnologia?
A estudante Taïs Aguilar, de 21 anos, se libertou do smartphone há quase um ano e adotou um celular mais simples. Mas a troca não foi assim, tão “espontânea”. O smartphone dela quebrou, fazendo com que a estudante pensasse duas vezes antes de adquirir outro aparelho com tecnologia semelhante. “Eu me irritava com as pessoas viciadas no celular. Eu não queria ser assim. Quando comecei a usar um celular mais simples, percebi o quanto era libertador, mudei meu pensamento”, conta Taïs. Facebook agora, só quando usa no computador, e WhatsApp, nunca mais.
A estudante mora no Brasil há um ano e deixou Lyon, na França, onde estudava Sociologia, para aprender um pouco mais do curso em Curitiba. E mesmo que os dois países tenham jovens superconectados nas redes sociais, Taïs percebeu que os brasileiros usam muito mais aplicativos e abrem muito mais sua vida pessoal na web do que seus conterrâneos. “Se você não colocar o que fez no Instagram, ou no Facebook, é como se aquilo não tivesse existido”, brinca. Para a jovem, ir na contramão e aposentar o smartphone faz parte de um estilo de vida, mais leve e discreto.
A troca pela não-dependência
O coordenador do Programa de Dependências Tecnológicas do Pro-Amiti, o psicólogo Cristiano Nabuco, afirma que a troca de aparelho smartphone por um com menos recursos é uma excelente estratégia para pessoas com tendência a ter dependência tecnológica. “A mudança diminui a ansiedade, pois você não precisa ficar olhando o telefone a toda hora”, esclarece.
Mas como descobrir se você é dependente? De acordo com o especialista, o alerta está quando a pessoa começa a perder produtividade, é objeto de queixa de outras pessoas e não consegue se distanciar do celular. “Quando acaba a bateria, a pessoa começa a ficar nervosa”, salienta. O controle dos impulsos, nesse caso, é precário.
Para o psicólogo, o vício em smartphone é como o vício em álcool, ou em chocolate. É preciso se conhecer para controlar a impulsividade. “Se você adora chocolate, não vai deixar uma barra em cima da mesa, pois vai ser muito mais difícil se controlar para não comer tudo”, conta. A proposta é, se o uso do smartphone atrapalha na rotina, a troca de aparelho pode trazer muitos benefícios.