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Marco, ou Papai Noel Mestre, faz o trabalho voluntário há mais de 30 anos, todo dia 24 de dezembro (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
Marco, ou Papai Noel Mestre, faz o trabalho voluntário há mais de 30 anos, todo dia 24 de dezembro (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)| Foto:

A corneta colocada em cima do caminhão não é por acaso. É com ela que o Papai Noel avisa as crianças carentes de Curitiba para que venham ver de perto um dos principais símbolos do Natal e ainda levar balas e brinquedos para casa. Há 31 anos, em todo dia 24 de dezembro, Marco Antônio dos Santos Ferreira separa a tarde para levar alegria e esperança às famílias de comunidades distantes e ocupações da capital paranaense. Para ele, ver o sorriso das crianças e o choro contido dos adultos quando avistam o bom velhinho torna este “o melhor dia do ano”.

Chamado de “Natal do Mestre”, o movimento conta com a ajuda de mais de 40 amigos. Alguns são do grupo inicial, formado por praticantes de karatê, outros vieram dos escoteiros, onde Marco é chefe escoteiro.

“Em um dia de Natal, nós, que éramos estudantes de karatê, queríamos visitar nossos professores em casa. Como eu era o mais velho do grupo, coloquei a fantasia de Papai Noel e saímos andando pelo centro da cidade. No caminho, as pessoas nos paravam, diziam Feliz Natal, e para o ano seguinte decidimos inovar e distribuir balas. A ideia foi crescendo e se espalhou para outras pessoas, e o roteiro saiu do centro e foi para os bairros também, além de incluir os brinquedos”, relata o Papai Noel Mestre, de 51 anos, que também é professor universitário, psicólogo e gerente de tecnologia da informação.

De cima do caminhão, o Viver Bem acompanhou o grupo do Natal do Mestre pelos bairros de Curitiba (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
De cima do caminhão, o Viver Bem acompanhou o grupo do Natal do Mestre pelos bairros de Curitiba (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)

Nem todos os participantes cabem no caminhão decorado com o tema natalino, e muitos se tornam os duendes verdes. Eles são os responsáveis pelo trabalho de campo, ou a entrega do brinquedo e das balas às mãos das crianças, sem se esquecerem do mais importante: distribuir um “Feliz Natal” para todas as pessoas que estão pelas ruas. Como a ideia é seguir por diferentes bairros, o tempo impede que o caminhão pare a cada esquina. De cima do transporte, outros duendes avistam quais crianças estão chegando e gritam uns aos outros: “São dois meninos!!! São três meninas!!!”.

O caminhão do Papai Noel é todo decorado com temas natalinos e recebe até uma corneta, para chamar a atenção das crianças e adultos (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
O caminhão do Papai Noel é todo decorado com temas natalinos e recebe até uma corneta, para chamar a atenção das crianças e adultos (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)

“É incrível o olhar das crianças quando elas enxergam o Papai Noel. Isso mostra que os que elas mais querem não é o brinquedo, mas é o contato, o carinho, a fantasia do Natal”, diz Juraci Michelotti, 50 anos e trabalhadora do comércio, que participou neste ano pela primeira vez do Natal do Mestre. “Eu sabia do projeto, mas nunca ia. Hoje eu acordei e avisei a minha amiga que iria”, completa Juraci que, pela quantidade de sorrisos e “Feliz Natal” distribuídos, parece ter ficado feliz com a decisão.

Dos três mil brinquedos arrecadados e embrulhados neste ano, boa parte era de bolas, bonecas, animais de pelúcia, pipas e kits de carrinhos. O trabalho de arrecadação é descentralizado e acontece o ano todo. Quem quer participar, arrecada brinquedos, balas ou mesmo dinheiro e entrega ao grupo. De cima do caminhão, o Papai Noel organiza quem recebe qual presente e por quais caminhos o comboio deve seguir. Além do caminhão, um carro à frente puxa a carreata, dois motociclistas (com capacete e gorro natalino) acompanham pelas vias ao lado, e mais carros seguem a fila – para presentear as crianças que ficaram para trás. Mas, o “Papai Noel não se esquece de ninguém”.

A corneta colocada em cima do caminhão tem uma função fundamental: chamar as crianças para ver o Papai Noel (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
A corneta colocada em cima do caminhão tem uma função fundamental: chamar as crianças para ver o Papai Noel (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)

“Nem sempre dá tempo de a criança chegar e a gente ainda estar ali. Ano passado eu vim com a moto e fiz esse trabalho de presenteá-los. Uma menininha me marcou muito, porque ela tinha ficado sem presente e tinha Síndrome de Down. Eu vi que ela estava começando a chorar, acreditando que não ganharia o presente, quando eu consegui entregar um para ela”, diz Bruno Neves Piovesan, de 28 anos e servidor público municipal, que participa do Natal do Mestre há 10 anos.

Antes mesmo de subir no caminhão, o Papai Noel distribui abraços e doces para as crianças e famílias na rua Marechal Deodoro, em frente ao shopping Itália (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
Antes mesmo de subir no caminhão, o Papai Noel distribui abraços e doces para as crianças e famílias na rua Marechal Deodoro, em frente ao shopping Itália (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)

Roteiro

A saga do Papai Noel Mestre em 2016 começou na noite do dia 23 de dezembro, no Shopping Itália, quando todos os duendes se reuniram para embrulhar os brinquedos, separá-los por idade e qualidade. Como o último ponto de parada no dia seguinte é a Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia, Marco separa os brinquedos de pelúcia e os de melhor qualidade para as crianças da entidade.

No dia seguinte, a partir das 13 horas, no mesmo local, começa a concentração de pessoas com camisas verdes e gorros de Papai Noel. A primeira parada é simbólica e tem um valor especial para Marco. “A esquina das ruas Comendador Macedo com a Conselheiro Laurindo era onde meu falecido pai esperava a mim e a meu irmão para passarmos o Natal. É um local que sempre passamos e deixamos balas para quem está por ali”, diz.

Os duendes se reúnem na noite do dia 23 de dezembro para embrulhar todos os presentes de Natal (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
Os duendes se reúnem na noite do dia 23 de dezembro para embrulhar todos os presentes de Natal (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)

Em seguida, o grupo segue para a rua Brigadeiro Franco, na casa dos antigos professores de karatê – para manter a tradição. De lá, seguem ao bairro do Parolin e à invasão próxima da ferrovia e, depois, nova parada na casa de um praticante de karatê. “Os duendes, e o Papai Noel, precisam de água e de banheiro também, caso contrário não aguentam!”, justifica o mestre.

No roteiro, consta também a Vila Pinto, o bairro do Cajuru e então a Associação. “Lá na Casa de Apoio à Criança com Neoplasia não tem só criança. Tem várias famílias e a gente tenta presentear todo mundo. Se ainda sobrar brinquedo, dependendo da arrecadação, seguimos para uma invasão que fica entre Curitiba e Pinhais”, relata Marco.

Os duendes que ficam em cima do caminhão repassam os presentes aos duendes do trabalho de campo (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
Os duendes que ficam em cima do caminhão repassam os presentes aos duendes do trabalho de campo (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
De gorro de Papai Noel, os duendes distribuem os brinquedos entre as crianças e famílias (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
De gorro de Papai Noel, os duendes distribuem os brinquedos entre as crianças e famílias (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
De gorro de Papai Noel, os duendes distribuem os brinquedos entre as crianças e famílias (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
De gorro de Papai Noel, os duendes distribuem os brinquedos entre as crianças e famílias (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)

Quer participar?

O Natal do Mestre conta com um grupo no Facebook, fechado, mas que aceita participantes. Entre em contato com eles para o Natal de 2017!

Marco, ou Papai Noel Mestre, faz o trabalho voluntário há mais de 30 anos, todo dia 24 de dezembro (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)
Marco, ou Papai Noel Mestre, faz o trabalho voluntário há mais de 30 anos, todo dia 24 de dezembro (Foto: Amanda Milléo / Gazeta do Povo)

 

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