Saúde e Bem-Estar

Livro “ensina” pais a conversarem com os filhos

Daniela Piva
28/05/2015 16:51
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A ideia é no mínimo inusitada, apesar de bem típica dos Estados Unidos: uma caixinha com “tópicos de conversação” para pais saberem mais dos filhos e estimular o diálogo com eles. Essa é a proposta  do jornalista e escritor Paulo Tadeu, que acaba de lançar o livro “Puxa Conversa Família” (Matrix Editora, R$ 32). Em formato de caixinha, o livro tem 100 cartas com perguntas.
Algumas delas: qual a sua sobremesa preferida?; você se descreveria como uma criança feliz?; você coleciona ou colecionou alguma coisa?; se a sua família fosse uma música, qual seria?; você já pensou em fugir de casa?; e quem é o seu ídolo? Há perguntas que até podem ser dirigidas a adolescentes, mas o foco da publicação parece ser mesmo os pais de crianças menores.
Com tantas perguntas básicas, é inevitável o questionamento: será que os pais hoje conhecem tão pouco os próprios filhos? “O fato de estimular a proximidade para a conversa já é algo formidável para uma interação”, defende o autor. “Os familiares envolvidos vão ter diversos assuntos diferentes para comentar”.
O lançamento é uma versão “pais e filhos” da coleção “Puxa Conversa”, que tem o objetivo de estimular a comunicação. Não é a primeira vez que o escritor lida com o universo infantil. A primeira foi em 2007, com o “Proibido para Maiores”, um livro de piadas para crianças. Com o sucesso — mais de 170 mil cópias vendidas — Paulo Tadeu viu nesse público um bom nicho de leitor.
O Viver Bem conversou com o autor. Confira abaixo o que ele fala sobre o lançamento:
Como surgiu a ideia de fazer livros em formato de caixinha? É um modo mais fácil de atingir a nova geração?
Eu tinha visto livros com perguntas nos EUA e achei que isso de adaptar para o formato de caixinha atrairia outro tipo de leitor, deixaria o produto mais lúdico. Fiz um primeiro (“Novo Puxa Conversa”, Editora Matrix, R$ 19,90), mas voltado para o público adulto. O sucesso foi grande e  comecei a pensar em outros títulos e outros públicos, como os adolescentes e as crianças.
O senhor acredita que existe dificuldade para que os pais perguntem diretamente aos filhos (e vice-versa) o que desejam saber? Ou existe “falta de tempo” e de interesse em conversar?
O fato de estimular a proximidade para a conversa já é algo formidável para uma interação. Os familiares envolvidos vão ter diversos assuntos diferentes para comentar. Os relatos iniciais de pessoas que já utilizaram a caixinha mostram que tudo tem sido muito profundo e cheio de surpresas, com muita conversa, descoberta de situações e informações importantes e guardadas na memória. E o “Puxa Conversa Família” dá ideias de temas para conversa, para sairmos dos famosos “como foi seu dia?” e “o que você fez hoje na escola?”.
As crianças se sentem seguras para responder as questões? De que modo os pais podem lidar com o que os filhos contam sem criar um conflito maior (como, por exemplo, ao responder a pergunta “qual foi a sua pior travessura?”).
O livro não estimula que se diga nada além do que se queira falar. Além do mais, se existir algo que a criança não queira dizer, ela não vai falar, ou vai inventar.
Seu livro pode ser considerado um tipo de terapia? 
Creio que poderá ser usado também como terapia. Diversos outros livros em forma de caixinha tiveram essa destinação, que não era o objetivo inicial – era simplesmente divertir. Creio que basta explicar que é uma conversa, que as perguntas não exigem obrigação da resposta. E, particularmente, acho todas muito básicas, sem nada constrangedor. Ao contrário, a tendência é termos muita risada entre os familiares. E até alguma lágrima de emoção. Afinal, recordar é viver e se emocionar.