Três tampas de caneta cheias de sal. Isso equivale à quantidade de sal a ser consumida para se reduzir a pressão arterial em até 10mmHg (com uma média de 4 mmHg), mesmo efeito de um bom medicamento para controle da hipertensão. A conclusão é de um estudo de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da PUCPR, que conclui que uma nova recomendação mundial deveria ser de três gramas. No Brasil, a média de consumo de sal diária é de oito gramas, o dobro do atualmente aconselhado.
A pesquisa, que durou 120 dias, analisou os hábitos alimentares de 60 pacientes do ambulatório de nefrologia do Hospital Santa Casa, que descreveram a dieta em um diário alimentar. Os participantes possuíam doença renal crônica cujos rins apresentavam de 15% a 45% do funcionamento normal (nível em que ainda não é preciso realizar a diálise).
A intenção da pesquisadora Andrea E. C. Hallvass, com orientação do médico e professor Roberto Pecoits, era detectar se a redução do sódio diminuiria a velocidade da progressão da doença, agravada pela pressão alta. “Durante o acompanhamento, alguns pacientes relataram que passaram a se sentir melhor, porque a pressão estava mais controlada, e perceberam que a dose de medicamentos estava alta. Isso é importante em termos de prevenção de morte por doenças do coração e em relação a gastos com o sistema de saúde”, afirma a nutricionista.
Apesar dos malefícios do sal, ele não pode ser retirado da dieta porque o sódio tem um papel importante no equilíbrio do organismo. Também vale o alerta sobre o consumo do sal light. Recomendado para quem sofre de hipertensão, deve ser evitado por pacientes com doença renal crônica pela alta quantidade de potássio.
Como controlar o consumo de sal
No Brasil, a média de consumo de sal diária chega a doze gramas, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha cinco gramas para indivíduos saudáveis e quatro gramas para indivíduos hipertensos, com doença renal ou com mais de 50 anos. A nutricionista Andrea E. C. Hallvass dá dicas para controlar o consumo:
- ? Não leve o saleiro à mesa durante a refeição.
- ? Evite caldos em tabletes, temperos prontos, molho de soja e molhos para salada industrializados.
- ? Coloque o sal após o cozimento para visualizar melhor a quantidade utilizada. O ideal seria montar o prato e só depois colocar o sal. Durante o cozimento, aposte em temperos naturais, como alho, cebola e pimenta.
- ? Prefira temperar com ervas frescas ou secas, como salsinha, manjerona, manjericão, tomilho, alecrim e louro. Condimentos e especiarias naturais em pó também tornam os pratos mais saborosos: açafrão, cominho, pimenta síria, noz moscada, entre outros, são bons exemplos.
- ? Ao comer fora, evite colocar sal na salada, pois as demais preparações já estão salgadas. Prefira azeite de oliva e vinagre balsâmico ou limão, por exemplo.
- ? No mercado, aprenda a olhar os rótulos: alguns alimentos doces também são ricos em sódio. Procure pelo símbolo “Na”.
- ? Divida o peso do pacote do sal (que tem 1 kg) pelo número de pessoas que moram na sua casa e pelo número de dias que ele durou: assim você vai descobrir a quantidade total ingerida em alimentos não industrializados.
2 pães franceses com margarina com sal
equivalem a 50% da quantidade de sódio
recomendada para um dia.
