Saúde e Bem-Estar

A felicidade “ressurge” aos 50 anos, diz estudo

Amanda Milléo
30/07/2015 00:01
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(Foto: Bigstock)

Ótima notícia para quem chegou aos 50 anos: nesta idade, a crise da meia-idade fica para trás e a felicidade dá a volta na curva. Não se trata de especulação. As pesquisadoras Carol Graham e Milena Nikolova, da Brookings Institution nos Estados Unidos, comprovaram que a vida passa por uma curva de felicidade em formato de U e que, da quinta década em diante, podemos ser mais felizes.
“Parece que nossa veneração e, para alguns, a nostalgia pela juventude como a época mais feliz de nossas vidas é exagerada. As coisas melhoram com o avanço da idade, contanto que estejamos razoavelmente saudáveis, ajustados à idade e em relacionamentos estáveis”, explica o estudo, publicado na IZA Journal of European Labor Studies no ano passado.
Riso solto
Alegra os mais velhos lembrar-se da independência financeira dos filhos, a chegada da aposentadoria e o aumento no tempo para fazer atividades de que gosta. “O período traz um novo sentido de realismo, uma aceitação da vida como ela é e isso aumenta os níveis de felicidade”, explica o sociólogo pesquisador em saúde, bem-estar e convivência entre idosos do Instituto Politécnico de Portalegre, em Portugal, António Calha.
Não considerar tanto a opinião alheia e ter mais segurança nas decisões são outras razões importantes para manter o sorriso, de acordo com a psicóloga mestre em gerontologia biomédica, Simone Bracht Burmeister. “Percebemos a sensação de liberdade tanto no discurso, quanto nas atitudes das pessoas mais velhas. Depois dos 50 anos, a gente se dá conta de que não deve nada para ninguém”, diz Simone.
Idade certa
Ninguém sabe quando ela vai chegar, conforme afirma Calha, mas a felicidade aumenta aos poucos, deixando para trás a popularmente conhecida “crise da meia-idade”. “A noção de crise da meia-idade é criticada por vários autores e não há evidência científica suficiente que a comprove. Ainda assim, vários estudos mostram que, em termos médios, a satisfação com a vida atinge níveis mais baixos aos 45 anos e, depois disso, inverte-se a tendência”, afirma.
Prepare-se
Um dia, eventualmente, a maioria chega lá e, segundo a psicóloga gerontóloga, é preciso se preparar para envelhecer. “O mais importante é entender que vão haver perdas, mas que todas podem ser compensadas. A perda muscular é normal e dá para revertê-la com atividade física. A perda da capacidade respiratória também, e os exercícios ajudam. Há tantas novas tecnologias à nossa disposição para as eventuais perdas auditiva, visual e motora. Tudo é questão de adaptação”, exemplifica Simone.
Mesmo atividades com amigos podem receber uma dose de mudança. Os churrascos com os amigos que eram feitos à noite, e agora pesam no estômago, por que não podem ser passados à tarde? Para passear com as amigas, precisa mesmo daquele salto? “As limitações têm implicações no bem-estar dos idosos, alterando o estado de espírito, a tranquilidade e a vitalidade. A felicidade, até certo ponto, é influenciada por essas adaptações”, explica o sociólogo António Calha.
Férias da aposentadoria
Aposentadoria pode soar como férias sem data para acabar, e isso não é algo bom. “Todo mundo precisa de um descanso, mas não pode exagerar, senão os sentimentos negativos afloram, como a sensação de inutilidade”, diz o professor da Ufscar Jorge Oishi.  Uma das técnicas que colaboram com a quebra da rotina e eliminam as pressões é a metodologia oriental “5s”. Segundo a psicóloga e gestora executiva do Instituto Vita de Ensino e Pesquisa Helina Ogasawara, pequenas mudanças ajudam a reorganizar os pensamentos, separando o que é útil, mudando padrões e hábitos.
Utilização (Seiri)
Verifique espaços da casa onde fica o que não serve, coisas quebradas, roupas velhas, revistas e jornais. Identifique o que é necessário e descarte o que não é. Não viva de lembranças; preserve consigo apenas sentimentos úteis como amor, amizade, compreensão; descarte os negativos.
Ordenação (Seiton)
Evite manter a “própria bagunça” e tenha um lugar para cada coisa: remédios, documentos. Isso facilita a própria vida e a dos que estão por perto e reduz a “culpa” pela perda de memória; distribua adequadamente o seu tempo, dedique-se a atividades de casa, ao lazer, à família e a você; quebre padrões que geram mau humor, deixe de lado hábitos como não poder mudar a hora de comer ou deitar.
Limpeza (Seiso)
Elimine a sujeira ou objetos estranhos de paredes, armários, gaveta, estante, piso; use roupas, lençóis e lingeries limpos e passados; mantenha lixeiras, quintal e banheiro sempre limpos; limpe os pensamentos negativos: evite falar em doenças, morte ou nostalgia; seja honesto ao se expressar, transparente, cordial, prestativo e sem segundas intenções.
Saúde e asseio (Seiketsu)
Zele pela higiene pessoal, cuide da saúde, mantenha a vacinação em dia; tenha comportamento ético, promova um ambiente saudável nas relações interpessoais, cultive um clima de respeito mútuo; pratique exercícios físicos; frequente grupos de idosos e busque novas atividades, novas companhias.
Autodisciplina (Shitsuke)
Desenvolva o autocontrole (conte até dez sempre que puder), tenha paciência; respeite o espaço e as vontades alheias; não se torne uma pessoa ranzinza e não reclame sem razão.