Saúde e Bem-Estar

Um jeito novo de ficar velho

Carla Rocha
12/03/2015 15:52
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Foi o tempo em que envelhecer era sinônimo de tricotar no sofá ou jogar dominó na pracinha. As atividades na terceira idade vão muito além disso. Viagens, cursos, sessões de autoconhecimento e a prática de esportes cada vez mais passam a fazer parte da rotina dessa faixa etária. Muitos idosos estão provando que não é a data de nascimento que determina o que se pode ou não fazer, e dão amostras de como é possível viver mais e melhor.
É o caso da curitibana Rita Figueiredo, que, além de ser recordista em natação, é autora de livros que incentivam a uma nova descoberta do envelhecer. Prestes a completar 69 anos, ela se orgulha das cerca de 400 medalhas que acumulou em competições. É atleta master na categoria 65 mais, e nada desde os 40 anos.
A nadadora e escritora Rita Figueiredo, de 68 anos, diante de seu quadro de medalhas. Foto: Arquivo pessoal
A nadadora e escritora Rita Figueiredo, de 68 anos, diante de seu quadro de medalhas. Foto: Arquivo pessoal
A geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia — sessão Paraná, Débora Lopes, lembra que o envelhecimento é um processo natural para o ser humano. A diferença, segundo ela, é que hoje as pessoas perceberam que é possível encará-lo com muito mais saúde e qualidade de vida. “Numa população com longevidade cada vez maior, como é o caso do Brasil, para viver mais e melhor é importante participar de forma ativa do processo de avanço de idade”, afirma Débora.
Segundo dados do IBGE, a proporção de idosos vem aumentando a cada ano no Brasil. Em 1998 eles representavam 8,6% do total da população; em 2013 eram 13%, e a projeção é de que em 2020 cheguem a 15% dos brasileiros. Isso porque eles descobriram uma nova forma de envelhecer e assim ampliar a expectativa de vida, que atualmente já passa dos 75 anos.
Sem parar
Rita Figueiredo diz que chegar à terceira idade não é o momento de parar. “Os benefícios da atividade física são inúmeros e eu sou um exemplo vivo disso”, conta. “Em palestras que faço em academias de natação, falo sobre a importância de mexer com o corpo numa época em que as coisas estão querendo parar.” Para ela, esta reflexão serve para tudo, não só para o corpo. E reforça: “A forma como você vive o agora é que vai direcionar seus passos”.
Rita investe no que gosta de fazer, em ordem de importância: busca pelo autoconhecimento, nadar e escrever. Ser nadadora e bater o recorde brasileiro e sul-americano é apenas uma das facetas dela, que também escreve e já publicou três livros. Formada em Letras, após aposentar-se como professora passou a trabalhar com traduções e dedicar-se a escrita.
A obra mais recente fala exatamente do momento que está vivendo. As Novas Sessentonas (2013) é uma coletânea de textos de várias autoras sobre o jeito novo de ficar velha que cada uma inventou para sua vida. Trata-se de um conjunto de textos que, com leveza e nos mais variados tons e estilos, chega para contribuir na desconstrução dos padrões e preconceitos que envolvem a maturidade, principalmente a feminina.