Saúde e Bem-Estar

Vovôs também têm TDAH

Amanda Milléo
17/03/2016 22:00
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Os primeiros sinais do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) costumam surgir na infância e, com sorte, são logo identificados e tratados. Porém, como o transtorno não era conhecido até recentemente, é grande a possibilidade de muitos adultos e idosos estarem convivendo com um TDAH sem diagnóstico ou tratamento.
Entretanto, os sintomas do transtorno nos adultos podem variar, resultando em histórias de vida com repetidas separações, divórcios, perdas de emprego, dificuldades em manter a atenção e até uma tendência ao uso excessivo de álcool, cigarro e drogas.
Muitas vezes quando o avô se identifica com os sintomas do transtorno do neto, ou o pai com o diagnóstico do filho, eles acabam procurando o tratamento do TDAH para si, com resultados significativos na qualidade de vida, dizem os especialistas. O tratamento é parecido ao das crianças e adolescentes, embora alguns medicamentos mudem as dosagens, e não há estudos que indiquem exatamente a segurança e eficácia dos remédios na terceira idade. Uma reabilitação neuropsicológica, com tarefas que estimulem o cognitivo e melhorem a organização das tarefas diárias, também faz parte dessa reabilitação.
O adulto ou idoso não costuma ser tão hiperativo quanto o mais jovem, mas compensa essa diferença na desatenção. Da mesma forma, idosos tendem a ser mais inquietos e esquecidos que o normal, além de ter histórias de términos de relacionamento e demissões frequentes.
Muitos são também vulneráveis ao uso de álcool e dependência de drogas, na busca constante pela dopamina em falta no cérebro – um dos componentes em baixa no organismo da pessoa com o transtorno, de acordo com a literatura médica – que desperta sensações boas.
Mundo da lua
Mulheres não recebem o diagnóstico do TDAH com a mesma frequência que os homens, principalmente porque os sinais são diferentes – e muitas vezes passam despercebidos. Enquanto o menino apresenta hiperatividade motora, a menina tem mais uma espécie de desatenção, e é caracterizada como aquela que vive no “mundo da lua”. Os sintomas podem piorar na velhice, com falha de memória constante e desatenção maior.
Repórter: Amanda Milléo. Fontes: Regina Maria Fernanda Lopes, pós doutora em psicologia, supervisora, coordenadora e professora dos cursos de extensão do Núcleo Médico Psicológico, em Porto Alegre (RS); Paulo Mattos, coordenador do Grupo de Estudos do Déficit de Atenção do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, e pesquisador do Instituto Dor de Pesquisa e Ensino; Artigo “Avaliação do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em idosos: estudo caso-controle”, publicado nos Arquivos Catarinenses de Medicina, em 2010.