A imagem hiperssexualizada das mulheres brasileiras ao redor do mundo é um tema que a fotógrafa Fernanda Peruzzo procura combater em seus trabalhos. A paranaense que mora na Europa desde 2011, a maior parte do tempo em Paris, e agora na cidade de Trapani, na Itália, criou no ano passado o projeto “Moi, Brésilienne” (“Eu, Brasileira”), um trabalho inconográfico e textual para retratar os estereótipos aos quais a imagem da mulher brasileira ainda é apontada no exterior. Agora, clicou em Curitiba o “Feminino Brasileiro”, ensaio onde 17 modelos com diferentes gêneros, etnias, idade e peso foram fotografados sem retoques; para Fernanda, uma prova de que a imagem da mulher brasileira como símbolo sexual é desgastada e está tão distante da realidade quanto a imagem do “machão nacional”.
Ela lembra que, no dia a dia, convivemos com pessoas diferentes. Algumas sensuais, outras tímidas, viciadas em ginásticas ou divertidas. Brancas, negras, jovens ou que já passaram dos 40. “Ninguém precisa ser catalogado. Porque não há catálogo capaz de abarcar a diversidade humana”, diz.
No ensaio, o conceito beleza brasileira uniforme e hipersexualizado é contestado por mulheres e homens que fazem parte do nosso cotidiano.
A produção foi feita em parceria com a loja de moda Álbum Hits, com styling da Gabriela Duarte, no fim de janeiro. Assim como as mulheres, homens também foram convidados a usarem ou mesclarem peças femininas com outras masculinas, quebrando paradigmas. O colorido brasileiro é representado no fundo das fotos.
O artista visual Aruan Viola, 27 anos, foi um dos convidados da fotógrafa para o trabalho. Para ele, é extremamente importante usar imagens, palavras e atitudes para quebrar padrões. “Cada um se identifica com um jeito. Cada ser é único e sente coisas diferentes. A feminilidade está em tudo e todos, sempre de forma singular”, explica.
Quem também posou para as fotos foi a produtora Fernanda Kowalski, 20 anos. “Eu gosto do trabalho da Fernanda porque ela lida com a realidade, é diferente das fotos superproduzidas que estamos acostumados a ver. Até eu me enxergo diferente através das lentes dela”, finaliza.