Estudante é única paranaense a ganhar concurso de moda

Ela começou a se interessar por moda aos 7 anos, depois que viu uma tia desenhando um vestido de noiva. Aos 13, já acumulava dezenas de cadernos de escola com os vestidos que criava e aos 16 conseguiu o primeiro trabalho na área, desenhando para clientes em um ateliê de costura. Tanta determinação, no entanto, não foi suficiente para afastar os desafios. A estudante Rosana Lima, de 26 anos, teve que gastar muito grafite até conquistar o que para ela era até então um sonho impossível: vencer um concurso de moda internacional.

Natural de Santa Terezinha de Itaipu, Rosana foi criada pelos avós. A situação financeira não contribui para que ela fizesse um curso de desenho e ela precisou arrumar um emprego na área, ainda adolescente, para saber mais sobre moda. Primeiro sem remuneração e depois em um ateliê desenhando vestidos de noivas e de festas a pedido das clientes, ao mesmo tempo em que trabalhava como vendedora da loja. Quando chegou a hora de ir para faculdade, porém, a falta de dinheiro fez com que ela tivesse que trancar o curso por várias vezes.

Agora, seis anos depois de começar, ela está prestes a terminar  Design de Moda na União Dinâmica de Faculdade Cataratas. “É difícil principalmente pela questão financeira, mas quando a gente quer uma coisa, tem que correr atrás”, defende Rosana. Persistente, ela já participou de outros concursos antes. Em alguns nem foi selecionada e em outros chegou a ficar entre os finalistas, mas este é o primeiro que ganha.

Para participar, ela teve que deixar de pagar algumas contas para fazer a inscrição e depois viajar até Brusque, em Santa Catarina, para realizar a prova presencial. Foram 16 horas viajando, sem dormir e sem comer para conseguir chegar poucos minutos antes do teste. A prova consistia em desenhar um croqui com o tema “arquitetura”. Ela usou  a construção e  a desconstrução em formas e curvas para criar um modelo único. “Se virar de cabeça para baixo o vestido parece um abajur. Além disso, o arame modela o corpo para se assemelhar ainda mais com a arquitetura”, explica.

Rosana revela que participar do concurso já foi uma vitória. Primeiro porque no concurso anterior que ela participou no ano passado, o Dragão Fashion, em Fortaleza, passou pelo trauma de ter sido assaltada logo no primeiro dia em que chegou a cidade. Chegou a cair, desmaiar e só foi acordar no hospital horas depois. “Foi um sacrifício ir até lá e quando chegamos aconteceu esse acidente. Por isso, muita gente me aconselhou a desistir de participar de um novo concurso”, conta.

Traumas superados, ela comemora a conquista de ser a única paranaense a ganhar o concurso “IMB Brasil te leva para Milão”. Como prêmio, ela foi contemplada com um curso de Desenho de Moda na matriz do Istituto di Moda Burgo, em Milão. O curso será realizado em julho do próximo ano. “Eu não fiz a prova pensando em ganhar, mas fiz o meu melhor e é muito bom ser recompensada por isso”, ressalta.

A estudante diz que sempre acompanhou o trabalho do Istituto di Moda Burgo Brasil por meio de redes sociais e foi assim que soube do concurso. A prova foi realizada em outubro, mas o resultado saiu há alguns dias. A avaliação dos trabalhos foi feita pela estilista e diretora do IMB Brasil, Daniela Colzani, e pelo fundador da instituição italiana, Fernando Burgo.

O Istituto di Moda Burgo, em Milão, é um centro de especialização técnica que existe no mercado há mais de meio século. Dele já saíram diversos nomes influentes da moda no mundo. A ênfase do Istituto de Moda Burgo é o treinamento prático, que ocupa 80% do conteúdo programático dos cursos. “Com esse curso, espero que meu trabalho seja mais valorizado quando eu voltar porque é muito difícil trabalhar com moda no Brasil”, enfatiza.