Moda e beleza

Marina Mori

Por que não vemos mais moda conceitual nas semanas de moda?

Marina Mori
09/10/2017 14:03
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Desfile da estilista Letícia Manzan, coleção inverno 2018, durante a 21ª edição do Minas Trend. Foto: Gabriel Colombara | Gabriel Colombara / FOTOSITE

Acabou-se o tempo em que era preciso traduzir para o público o que os estilistas traziam às passarelas. As semanas de moda do mundo e do Brasil (que acompanha os movimentos de lá), agora, apresentam aos espectadores uma moda bem distante daquela de alguns anos atrás.
Na 21˚ edição do Minas Trend, que ocorreu entre os dias 3 e 6 de outubro e completou uma década em 2017, a maior parte das 12 marcas que desfilaram suas coleções outono/inverno 2018 trouxe looks prontos para as ruas. É o fim da moda conceitual?
Para Cris Guerra, publicitária, escritora e responsável pelo primeiro blog de moda do país, o Hoje Vou Assim, existe uma razão simbólica por trás dessa mudança. “Isso tem a ver com o próprio movimento da moda nas redes sociais de um tempo pra cá. A moda se apoiava muito no sonho e deixava a realidade de lado e de um tempo para cá ela descobriu que precisa ser uma ponte entre o sonho e a realidade”, disse em entrevista exclusiva ao Viver Bem.
A crise econômica do Brasil e do mundo também tiveram um peso importante, segundo ela. “As pessoas precisam se ver naqueles looks e acreditar que aquele sonho é possível.”
Da esquerda para a direita: Lucas Magalhães, Natália Pessoa, Plural, Molett e Unity Seven. Fotos: Zé Takahashi / Agência Fotosite divulgação
Da esquerda para a direita: Lucas Magalhães, Natália Pessoa, Plural, Molett e Unity Seven. Fotos: Zé Takahashi / Agência Fotosite divulgação
Da esquerda para a direita, Bob Store, Led, Ronaldo Silvestre, Chocker, Anne Est Folle e Manzan. Fotos: Zé Takahashi / Agência Fotosite divulgação
Da esquerda para a direita, Bob Store, Led, Ronaldo Silvestre, Chocker, Anne Est Folle e Manzan. Fotos: Zé Takahashi / Agência Fotosite divulgação
See now, buy now – o conceito que já virou máxima 
Por conta dessa instantaneidade do “veja agora e compre agora”, é difícil dizer o que é ou será tendência. “Isso não existe mais, acabou. Não só pelo fato de ser tão fácil adquirir as peças mas também pela variedade das marcas. Cada uma tem seu estilo individualizado. É o consumidor que vai decidir o que usar ou não”, disse a jornalista e consultora de estilo Glória Kalil em entrevista ao Viver Bem durante a semana de moda mineira.
Minas Trend, uma semana de moda que gera renda para todo o país
Mais do que um evento voltado às novidades apresentadas na passarela, o Minas Trend funciona como o maior salão de negócios do Brasil e um dos maiores da América Latina.
É durante esta semana que lojistas e compradores de todos os estados e de países como Austrália, Israel, Colômbia e Grécia (são 22 compradores estrangeiros) adquirem produtos dos segmentos de vestuário, acessórios, bolsas e calçados para as próximas estações. Nesta edição, quase quatro mil empresários fecharam negócio ao longo dos 220 estandes dos 25 mil metros quadrados do Expominas, em Belo Horizonte.
De acordo com Luciano Araújo, presidente do Sindivest MG, os fornecedores brasileiros garantem 60% de suas vendas do ano apenas durante o Minas Trend. “O mercado têxtil de Minas Gerais conta com 10 mil fábricas, o que gera cerca de 130 mil empregos no estado. Esse é um número expressivo na geração de renda do país”, afirmou em coletiva de imprensa durante o primeiro dia da semana de moda.
Enquanto cada Minas Trend tem um custo médio de R$ 7,5 a R$ 10 milhões (sendo R$ 1 milhão por edição bancados pelo Governo do Estado de Minas Gerais) para a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), responsável pelo evento, estima-se que o lucro seja de R$ 30 milhões.
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