Moda e beleza

Thatiana Bueno

O mais criativo hair stylist do mundo em Curitiba

Thatiana Bueno
05/10/2015 12:39
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Parte da apresentação que aconteceu ontem a noite na Ópera de Arame. (Fotos: Diego Pisante)
Uma simpatia que só fala russo. Detalhista, o renomado criador de penteados artísticos não deixa nada passar. Esse é Georgy Kot, o maior nome do mundo quando se fala em hair stylist e tendências do segmento. Apesar de não ser muito ligado ao show business, ele tem como clientes gente importante como os presidentes e as primeiras damas da Rússia, da Espanha e da Inglaterra, além da Princesa de Mônaco, e praticamente todas as estrelas russas. Foi ele ainda que arrumou a atriz Nicole Kidman na ultima edição do Oscar.
Pela primeira vez no Brasil, mais precisamente em Curitiba para as comemorações dos 20 anos da Keune no país, Georgy trouxe seu show performático e, além de fazer os penteados de todo o casting (15 modelos tops de Curitiba que viajam o mundo), desenvolveu e confeccionou um container de figurino vindo da Rússia e ainda orientou como as maquiagens deveriam ser feitas. Na lista de confirmados para assisti-lo, nomes como Viktor I, Tiago Parente, Wanderley Nunes, Max Weber. Segundo um dos produtores do espetáculo, o sonho de Celso Kamura é conhecê-lo, e só não veio por causa da agenda.
O Viver Bem entrevistou com exclusividade o artista multitarefa que se apresentou ontem a noite (04), na Ópera de Arame, e hoje (05) ministra ateliês técnicos para mais de mil pessoas da área. Ele contou que está terminando um livro chamado “Duas vidas, Dois Destinos”, sobre a questão de uma pessoa viver como celebridade e ter que permanecer simplesmente humana. Confira como foi a conversa com o hair stylist que garante ser possível fazer um penteado em qualquer tipo de cabelo.
Georgy Kot lança tendências pelo mundo com trabalho conceitual. (Fotos: Diego Pisante)
Como e quando você começou a trabalhar com penteados artísticos?
Desde criança eu sempre gostei de artes plásticas e da natureza. Aos 14 anos, ingressei em uma escola de cabeleireiros e achava que isso seria apenas um hobby, mas as coisas se desenvolveram de tal maneira que se tornou a minha profissão principal. Aos 14 ganhei o primeiro concurso da minha vida, na minha cidade. Aos 15 ganhei um concurso regional, na província, e aos 16 fui campeão do concurso nacional da Rússia. Meus pais ficaram muito felizes com o meu sucesso e comecei a ganhar muito dinheiro, o que foi ótimo porque venho de uma família não muito rica. Mas ainda estou sonhando em me tornar médico.
Quais os títulos que você já recebeu pelo seu trabalho?  
Eu tenho muitas condecorações estatais, são mais ou menos 30 oficiais. Também tenho títulos de mestre da província, mestre nacional da Rússia e mestre de nível internacional. Há pouco tempo atrás recebi o título de juiz internacional da Associação Mundial dos Cabeleireiros. Também já fui presidente dessa associação. São mais ou menos 300 diplomas de vários lugares.
O seu trabalho com os penteados, ao vermos o resultado final, parece mágica. O que te inspira nas criações?
Pode parecer banal, mas eu sempre me inspiro nas minhas depressões. Quando estou sozinho é que vem a inspiração. Consigo lidar com esses estados de depressão muito melhor agora porque eu entendo que é só passando pelos momentos de sofrimento e dificuldade que conseguimos criar uma coisa nova. Quando vejo uma coisa bonita e a admiro, isso só traz realmente admiração e não a necessidade de criar algo novo. Acho que as pessoas ligadas às artes deveriam ser assim também.
O que você mais gosta de ensinar aos profissionais em oportunidades como essa aqui em Curitiba?
O que eu quero passar para eles é a importância e a cultura do trabalho técnico. Falo isso porque, hoje em dia, estamos vivendo a época da internet e muitas pessoas se acham autossuficientes, negligenciam completamente o trabalho minucioso, os detalhes, e exercem um trabalho que chamamos de “sujo”. Manter a técnica é preservar a beleza. Se lembrarmos da época do Barroco, da Grécia e da Roma antigas, não havia os instrumentos e produtos de hoje, mas os penteados eram lindos, a mulher era linda, existia um padrão de beleza elevado. Atualmente se bagunça um cabelo, diz que é moderno, negligenciando todos os meios e a técnica que temos. É preciso saber que existe um padrão de beleza e temos que preservá-lo. Existem acessórios justamente para sermos atraentes e demonstrar o status que temos, como a coloração, o corte e o penteado.
Antes do espetáculo, Georgy orienta Grisiela Ribeiro sobre a maquiagem para o palco, e fica de olho em Beto Brumassio, hair stylist de Umuarama especializado em penteados e escolhido para apoiar o russo no espetáculo. (Fotos: Thatiana Bueno)
O que está achando do Brasil e das pessoas em sua primeira vez aqui?
Vou falar, quando cheguei – foi em outra cidade – tive a impressão de que ‘nossa, aqui está tudo perdido’. Mas quando cheguei em Curitiba vi as mulheres que realmente gosto, que fazem gestos, mímica, e também os penteados. Parecem as parisienses.
Tem alguma técnica ou algum penteado que você goste muito de fazer e seja o seu preferido?
Pode parecer que eu esteja querendo fazer pose, mas a verdade é que não gosto de nenhum dos meus penteados. Às vezes, tenho até vergonha disso, porque as pessoas têm tantas expectativas, ficam olhando para mim, e eu penso que não tenho nada para mostrar. Para mim isso é muito simples.
Truque do mago: nos bastidores ele ensina a fazer a flor nos cabelos a partir de uma trança. (Fotos: Thatiana Bueno)
O que é Viver Bem para você?
Em primeiro lugar, é ter harmonia entre a sua vida externa e sua vida interna. Viver bem é ser uma pessoas muito bem educada e informada. E o mais importante, eu acho, é amar a vida, querer viver, não querer morrer, usá-la a cada minuto. Não preciso de carros e casas que ninguém vai conhecer, eu quero ser rico e famoso para poder trazer para as pessoas a beleza que eu sinto em organizar os festivais, os shows, trazer para as pessoas um pouco do meu mundo. Não me permito viver de uma maneira simples. Eu acho que eu e as pessoas que me rodeiam devem viver em uma riqueza de detalhes, mas não se trata só do dinheiro e sim da riqueza espiritual. Você pode não ter muitos recursos, e viver de forma requintada e limpa. Ou pode ter muito dinheiro, e viver de forma suja e sem gosto.
Agradecimento: Elvira Kim pela tradução durante a entrevista.