Moda e beleza

Bruna Covacci

SPFW teve despedida de Gisele, reflexões sobre a beleza, mar e androginia

Bruna Covacci
16/04/2015 02:50
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A noite desta quarta-feira (15) na São Paulo Fashion Week terminou com o momento mais esperado da edição: a despedida de Gisele Bündchen das passarelas. Lágrimas, sorrisos, tchauzinhos discretos para o público e muita gritaria marcaram o momento. O desfile começou por volta de 21h15, com atraso de pouco mais de uma hora, o comum para a programação de semanas de moda. Na primeira fila estavam o marido Tom Brady, os pais de Gisele, duas irmãs e uma sobrinha, que vibravam assim como o público. Entre os convidados, Bela Gil, Lala Rudge, Thássia Naves, Paula Fernandes, Gloria Maria e Rodrigo Simas.
Sean O’Pry, um dos modelos masculinos mais conhecidos do mundo, veio ao Brasil para desfilar com a top. Bruna Tenório, Fernanda Tavares, Caroline Bittencourt, Ana Claudia Michels e Carol Ribeiro também integraram o casting. Larissa Marchiori, modelo curitibana que participou do desfile da Colcci, revelou que Gisele chorou nos backstage e que é muito amável. “Não tenho palavras para descrever o que representa poder dividir este momento com ela”, comentou. Ao fim do desfile, que mostrou uma coleção inspirada na música “Flower Punk”, de Frank Zappa, as tops que fizeram parte da apresentação homenagearam Gisele usando calça jeans e camisetas estampadas com o rosto da modelo em diferentes momentos da sua carreira.
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Outro momento emocionante do dia teve som de mar. O barulho de uma onda batendo nas pedras fez a cortina preta cair. Revelaram-se, no desfile de Ronaldo Fraga, mulheres de biotipos diferentes e todas as idades: as verdadeiras sereias. Entre elas estava até a poeta paranaense Alice Ruiz. Performático e provocativo, o estilista disse que o objetivo era o de questionar os padrões estéticos. “Numa sociedade em que ser gordinha, mais escura ou diferente é pecado, eu quero mostrar a beleza encantadora das sereias. Elas são reais”, resumiu o estilista no fim do desfile.
Emocionado, Ronaldo revela que a maior recompensa do seu verão foi conhecer a história dessas sereias no casting. “Muitas delas nunca tinham mostrado o busto para outra pessoa se não o seu marido”, comenta. Os espelhos virados para a plateia eram um convite a pensar que qualquer uma poderia estar ali. “Todas as mulheres têm seus encantos. Todas são sereias”, revelou. Outra novidade foi o uso do fio biodegradável desenvolvido pela marca brasileira Rhodia e transformado em malha pela Santa Constância. Feito de poliamida, é o primeiro do mundo que, se levado ao lixão, entra em decomposição em três anos. Uma malha normal leva 50 anos para completar o processo. Na sua moda, os destaques são os couros recortados, nylons crochetados, transparências, saias longas e fluidas, calças 3/4 e flores como oferendas. Aparecem recortes, couro, peças fluidas e muito handmade. O metalizado é uma grande aposta.
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Isabela Capeto retornou ao calendário fashion nacional após quatro anos longe das passarelas e bebeu na mesma fonte que Ronaldo: o mar de Iemanjá. O desfile foi uma espécie de apresentação intimista, feita apenas para 70 pessoas, em sua maioria da imprensa, num prédio bem no centro da cidade, o Tag Gallery. O clima de aconchego foi o maior diferencial. Chamada de “Ano Novo”, a coleção traz em seus detalhes a inspiração marinha e é uma homenagem a Iemanjá. Nos acessórios, conchas e perólas apareceram em maxicolares, braceletes, brincos e anéis.
Do DNA da estilista, as peças incluem a delicadeza feminina e detalhes artesanais. As cores são areia, esmeralda, branco, carvão e rosa. Nos tecidos, algodão, seda, gorgurão, linho, organza, crepe, tule e muita renda. As silhuetas são amplas e fluidas. Vestidos longos, comprimento mídi e alfaiataria definem o estilo. O ponto alto do desfile foi a entrada de Roberta Sá, que cantou duas músicas a capella.
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Alexandre Herchcovitch também mostrou sua interpretação do mar, misturando as conchas, pérolas e ondas com inspirações japonesas e o comportamento dos anos 1950. Não há novidades em termos tecnológicos. Entre os tecidos estão materiais naturais como algodões (piquet, jacquard e toalha), sedas (crepe de chine e crepe georgette), linho e lã com seda e linho e também a borracha. Peças de alfaiataria ficam femininas com a cintura marcada.
No prêt-à-porter os decotes são profundos, o comprimento preferido é mídi e vestidos e saias são arrematadas com crepes para ficarem esvoaçantes. Tons terrosos, vermelhos vivos, metalizados, texturas e zíperes dão bossa. A rapper curitibana Karol Conka estava na primeira fila.
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Reinaldo Lourenço apresentou sua coleção na FAAP. Na primeira fileira, Anitta, Flávia Alessandra e Sabrina Sato. Depois de UMA, no primeiro dia, Reinaldo foi o segundo estilista a trabalhar a subversão dos gêneros. Os trajes soirée masculinos, fraque e smoking são as peças-chave. Nas prints o grafismo de partituras. O desfile foi uma brincadeira com opostos: masculino e feminino, realidade e fantasia, crianças e adultos, dia e noite, anos 1920 e 1990 são a sacada do estilista.
Entre os destaques estão os macacões, shorts, coletes, calças e  saias com derivações do fraque e do smoking. Calças 3/4, camisas black-tie bicolores, tiras de tecido bordadas e assimetria fecham as composições. A gravata borboleta foi usada como detalhe em algumas peças e era rebordada, totalmente feminina.
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A estilista Lolita Hannud trouxe muita feminilidade para a sua coleção de verão, da marca Lolitta. Tantos nos shapes, modelagens e até mesmo nos jacquards criados por eles. O quadro Ofélia, de Millais, e o livro Lineia no Jardim de Monet são algumas das suas referência. Os anos 1950 lembram o filme O Jardim Secreto, de 1993. Entre os materiais estão o tressê de tricô, patchwork de renda, tricô de ouro, laise e bordados em cristais Swarovski. Tudo feito à mão!
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Outra marca carioca no line-up da SPFW é a Salinas. Assim como a Ellus, ela desembarcou no Marrocos para trazer influências para a sua praia. As estampas são inspiradas nas cerâmicas das paredes, nos pisos das medinas, desenhos dos tapetes e nas tamareiras do deserto. A paleta de cores é quente: terracota, amarelos e rosados que lembram os pigmentos dos mercados de especiarias com os tradicionais curry, páprica e açafrão.
Os biquínis levaram tiras de couro numa brincadeira com texturas. Laços gigantes foram aplicados nas laterais e nas costas das peças. Fivelas, botões, cintos, bolsos e lapelas evocam a preppy militar. O mix de tecidos traz lycra e seda numa mesma peça. Os maiôs estão cada vez mais cavados e as compensações funcionam bem. Top cropped com calcinhas mínimas e maiô de gola rolê com decotes profundos. Nos pés, uma parceria com a Melissa resultou na sandália com sola ondulada que mistura plástico e neoprene.
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Vitorino Campos buscou inspiração no encontro do feminino e masculino embalado pela estética da musicista, cantora e poetisa norte-americana Patti Smith. Patti se tornou proeminente na época do movimento punk com seu álbum de estreia, Horses, de 1975. Na coleção, ao mesmo tempo em que alguns vestidos aparecem colados ao corpo, o prêt-à-porter vem com uma pegada confortável e esportiva, um tanto mais ‘folgadinha’. Nas cores, preto, branco, rosa bebê, lilás e amarelo. As calças ¾ ganham ainda mais força. Rendas, pantalonas, estampas geométricas e saias míni e mídi resumem a coleção.
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O verão masculino de João Pimenta também aproxima a indumentária de homens e mulheres. Na coleção, o estilista usa rendas e jacquards exclusivos — materiais geralmente usados apenas em coleções femininas. Entre os comprimentos há um pouco de tudo, como o próprio estilista define: curto, médio e alongado. A calça ¾ aparece com destaque. Entre a modelagem o formato tubular divide espaço com o slim e o trapézio. Não há ousadia nas cores, pelo contrário, Vitorino optou por manter a cartela de cores serena com preto, off-white e cru. Entre os materiais, linha, couro, seda, e jacquard em sete padronagens exclusivas desenvolvidas em parceria com a Innovativ Tecidos.
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