Moda e beleza

Bruna Covacci

Verão requintado e confortável na largada do São Paulo Fashion Week

Bruna Covacci
14/04/2015 10:48
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O primeiro dia da São Paulo Fashion Week, que comemora 20 anos de existência, no Parque Cândido Portinari, em São Paulo, foi um exibicionismo só. Entre os fashionistas montados e fazendo carão, também passaram o astro do punk rock Iggy Pop, Ronaldo Fenômeno, Marieta Severo e vinte índios Yawanawás da Aldeia Mutum, no Acre.
E a moda, assim como a SPFW, nunca foi tão democrática. A primeira grife a que passou na passarela foi a Animale, com Vitorino Campos no estilo. Inspirada no Café Society e num grupo seleto de intelectuais e esportistas que representavam o estilo de vida em Paris, Londres e Nova York entre os anos 1920 e 1960, a coleção apresentada provou que é possível se vestir com um mood esportivo e manter a sensualidade. A silhueta é alongada, próxima ao corpo e as formas geométricas foram trabalhadas com primazia. Nos tecidos, o conforto do algodão piquet e da malha se combina à fluidez das organzas, crepes e sedas. A cartela de cores varia entre o lima, coral e os clássicos preto e branco. A coleção elaborada por Vitorino ainda deixa uma mensagem: É hora de mostrar a pele. Os decotes aparecem inteligentes e se revezam com as fendas profundas, comprimentos curtos e peças de um ombro só.
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A segunda a desfilar foi a Uma, que aliou o conceito minimalista de Raquel Davidowicz aos tecidos naturais como a seda, algodão, acetato e viscose para criar uma androginia sensual. Enquanto Nina Simone cantava “It’s a New Day/And I’m Feeling Good” para as modelos entrarem na passarela, o clima fresco e veranil tomava o ambiente com a alfaiataria esvoaçante. Coletes longos usados como capas, calças retas acompanhadas de tops tomara-que-caia, vestidos chemise longos com fendas: no verão 2016 da marca os dois extremos do guarda-roupa masculino e feminino se encontram harmonicamente. A ideia é andrógina, mas não unissex. Por isso, a marca relança sua linha exclusiva masculina nesta edição. Entre as novidades estão a estamparia jateada (efeitos respingados), um processo artesanal. O tema é “a força feminina numa nova era”. Preto e branco se juntaram aos tons pastéis para dar forma à coleção.
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O filme Blue Havaii (1961), estrelado por Elvis Presley, foi o ponto de partida da coleção da TNG. Daí, claro, vem a estampa floral havaiana que se repetiu em diferentes combinações de cores. Nos shapes, referências dos anos 1950 e 1960. Nas meninas, bustiês de praia com estilo retrô/pin-up e nos meninos inspiração militar. Na paleta de cores a predominância é do azul, do branco e do areia pontuado com tons contrastantes em alguns momentos, como o pink e o amarelo. Como não podia deixar de ser, o mix do jeans (carro chefe da marca) aparece com caras diferentes: desbotado, desgastado, com print floral e até feito de tecidos leves e naturais como o algodão e o linho. Nos sapatos, a palha dourada se mistura com a branca para fazer o efeito tressê. Shirley Mallmann, Giane Albertoni, Mariana Weickert e Paulo Zulu foram modelos do desfile.
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A estilista mineira Patricia Bonaldi, que estreou na passarela da SPFW na última edição do evento, não negou o seu DNA. O ponto alto da coleção foram os bordados e aplicações de flores feitas de tecido artesanalmente. Conhecida por apreciar a silhueta romântica e as cinturas marcadas, a estilista trouxe para a PatBo uma referência sessentista. Na modelagem, o shape trapézio dos minivestidos dividia espaço com as saias godê. Entre as cores, branco, nude, azul bic, laranja e verde.
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O desfile da Cavalera foi um espetáculo à parte. Realizado ao ar livre, contou com uma trilha sonora única: entoada por vinte índios da tribo Yawanawá, do Acre. Tudo aconteceu à noite, em volta de uma fogueira com jornalistas, celebridades como Marieta Severo, Rodrigo Lombardi, Deborah Secco e Ronaldo Fenômeno, e compradores em geral da marca sentados em uma esteira gigante. Especula-se que o desfile ainda tenha servido para a gravação de uma novela da Globo. As roupas traduziam a experiência do estilista da marca Albero Hiar, que passou uma breve temporada junto com a tribo. Nas roupas, elementos inspirados na cultura indígena, como os bordados inspirados no trabalho das miçangas e referências ao “kene” – desenhos que possuem significado espiritual e dão nome à coleção. Nas estampas, onças, borboletas e cobras, que lembram os bichos que estão ligados ao cotidiano da tribo. A mulher aparece forte e sensual, com decotes e pernas de fora. Os homens juntam a vida na selva à praticidade, daí detalhes que fazem toda a diferença: alfaiataria com zíper foi o ponto alto da coleção. Desfilaram Reinaldo Gianecchini e Yasmin Brunet.
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A moda é rock, bebê!
Iggy Pop veio ao Brasil para marcar o início das vendas da coleção Swarovski para Chilli Beans, chamada Punk/Glam. No lançamento, o astro vestiu luvas todas cravejadas em cristal, tirou o paletó e levou os fãs à loucura enquanto quebrava um par de óculos gigante. Totalmente à vontade e cheio de disposição aos 67 anos, o cantor chegou a responder a uma pergunta feita ali, despretensiosamente, pelos jornalistas: “Iggy, de onde você tira tanta energia?”. Com o olhar fuzilante ele disparou: “De vocês, eu tiro energia das pessoas!”.