Saúde e Bem-Estar

New York Times

“As pessoas não acreditam que estão acima do peso”, diz médico sobre obesidade

New York Times
14/03/2018 17:00
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A gordura e os açúcares são prejudiciais em excesso mesmo para pessoas que não passaram por cirurgias gástricas. Em pacientes operados, essas substâncias não serão digeridas corretamente. Foto: Bigstock.

Olhe à sua volta e provavelmente verá que mais que um em cada três adultos está com sobrepeso ou obeso. Talvez você esteja entre eles e pense: “Tudo bem. Não sou diferente de ninguém, então por que travar outra batalha perdida contra a balança?”.
Você não está sozinho. Uma forma sutil de pressão social convenceu muita gente, conscientemente ou não, de que é aceitável ser bem mais pesado do que o que é considerado “normal” pelo índice de massa corporal ou por um gráfico médico de peso e altura.

Médicos temem a aceitação

Especialistas em saúde pública receiam que essa tendência de “aceitação da gordura” seja ruim tanto para o bem-estar quanto para os gastos gerados por doenças crônicas relacionadas ao peso, como problemas cardíacos, hipertensão, diabetes tipo 2 e mais de uma dúzia de tipos de câncer.

“As pessoas que não acreditam que estão acima do peso, ou que veem a obesidade como algo não muito sério, têm menos probabilidade de buscar tratamento para o problema”,  escreveu Burke em uma edição recente do JAMA.

Até mesmo os médicos podem acabar desistindo de tentar convencer seus pacientes a emagrecer.  Porém, uma redução de apenas 5 ou 10% no peso, muitas vezes pode resultar em uma diminuição significativa de problemas como hipertensão arterial, açúcar no sangue ou níveis de colesterol. Em outras palavras, não é preciso ficar magro como uma modelo para melhorar sua saúde e expectativa de vida.

Mensagem positiva

Em um editorial nessa mesma edição do periódico, o Dr. Edward H. Livingston, cirurgião bariátrico da Faculdade de Medicina da Universidade do Texas, sugeriu que talvez uma mensagem diferente, que incentive a boa forma física, fosse mais eficaz para melhorar a saúde da população em geral “do que continuar a aconselhar a perda de peso, quando essa mensagem é cada vez mais ignorada”.
Dieta Cetogênica promete emagrecimento rápido,<br> mas com custo alto à saúde (Foto: Bigstock)
Dieta Cetogênica promete emagrecimento rápido,<br> mas com custo alto à saúde (Foto: Bigstock)
De fato, como observou uma equipe de especialistas que escreveram sobre o tema no JAMA, “a baixa aptidão cardiorrespiratória pode representar um risco maior para a saúde do que a obesidade”. A equipe, liderada por Ann Blair Kennedy, da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Sul, citou uma análise de 2014 mostrando que, em comparação com pessoas fisicamente aptas com peso normal, os indivíduos inativos tiveram um risco aumentado de morte, independentemente do peso, e aqueles que estavam em forma e com excesso de peso ou obesos não apresentaram um risco significativamente maior de mortalidade quando comparados com indivíduos de peso normal.

Incentivo

Mas, antes que você desista de tentar emagrecer, uma maior compreensão das prováveis fontes dos quilos extras e das abordagens mais eficazes para perdê-los pode ajudá-lo a alcançar um duplo objetivo: mais aptidão e menos gordura.
O peso médio dos americanos, adultos e crianças, era bastante estável até 1980. Então, um aumento assustador se iniciou, e só recentemente deu alguns sinais de estabilidade. Há muitas razões para isso, entre elas o crescente número de mulheres que trabalha fora, contribuindo para a diminuição da comida caseira, a maior dependência de alimentos embalados e processados, o crescimento de fast foods e de refeições em restaurante e uma redução proporcional da atividade física. Resultado: mais calorias entram, e menos saem – a fórmula perfeita para o ganho de peso.

Dietas da moda

Várias décadas das dietas comerciais como, por exemplo, a do Dr. Atkins, cada uma alegando ser a melhor maneira de se livrar da gordura indesejada com sacrifício mínimo ou nulo do prazer e da saciedade, tentaram aqueles que lutam contra os quilos extras. A maioria desses métodos, no entanto, envolvia uma mudança radical nos hábitos alimentares, que raramente era sustentada. Depois de um tempo, seus adeptos voltavam aos velhos hábitos e recuperavam o peso perdido, muitas vezes até mais que isso.