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Outros casos foram registrados no Brasil. Cuidados são necessários. Foto: Visual Hunt
Outros casos foram registrados no Brasil. Cuidados são necessários. Foto: Visual Hunt| Foto:

O celular ligado à tomada causou a morte de uma adolescente de 17 anos, na cidade de Riacho Frio, sul do Piauí. O caso, que aconteceu no último fim de semana, não foi o primeiro a relacionar descargas elétricas de aparelhos eletrônicos, especialmente o celular, com lesões e/ou ferimentos fatais.

No fim do ano passado, um bebê sofreu queimaduras graves na boca depois de colocar o fio do carregador de celular na boca, enquanto o dispositivo estava conectado à tomada. E, no ano anterior, uma mulher acordou com queimaduras no braço depois de dormir com o celular na mão.

Mesmo sem estar conectado a uma fonte de energia, o celular pode trazer danos à saúde, conforme explica Antônio Ivan Bastos Sobrinho, professor do departamento de Eletrotécnica, do curso de Engenharia Elétrica, da Universidade Tecnologia Federal do Paraná (UTFPR).

“Pode acontecer por algum defeito da bateria, que é pequena e pode explodir. Dependendo da situação, leva a pessoa à óbito, embora seja mais difícil de acontecer. Quando o aparelho está ligado à tomada, é mais susceptível que esse tipo de acidente ocorra porque está passando a corrente elétrica. Se a pessoa dorme com o celular embaixo do travesseiro, ele pode sofrer um sobreaquecimento e pode vir a explodir, por algum defeito interno da bateria”, reforça o professor.

Outro caso, mais comum, é quando há uma descarga atmosférica que gera uma sobretensão sobre o aparelho dentro de casa. “Se um raio cair no fio lá na rua, isso provoca uma sobretensão que segue pelo fio, passa pelo transformador e entra na nossa casa, chegando até a tomada, onde está ligado o celular”, explica Sobrinho.

Residências construídas depois de 2004 seguem uma norma da ABNT (NBR5410) que exige a instalação de um dispositivo de proteção contra raios (DPS), o que pode proteger os aparelhos eletroeletrônicos dessas descargas elétricas – vale lembrar que o Brasil é um dos países com maior incidência de raios por metro quadrado.

Se a casa ou apartamento for anterior a essa data, vale a regra mais antiga: “Quando começar a dar raio, corre e desliga o televisor da tomada, rádio, computador, todo aparelho, menos a geladeira. A geladeira tem um motor que suporta melhor essa sobretensão. Já o celular, coitado, é pequeno e não aguenta”, explica Sobrinho.

Embora a Copel, Companhia Paranaense de Energia Elétrica – responsável pela geração, transmissão e distribuição da energia elétrica no estado -, tenha proteção em toda rede contra descargas elétricas, é possível que ocorram falhas e levem descargas elétricas para casa. “A recomendação é, para dias de chuva, desliguem todos os aparelhos elétricos. Além disso, evite sobrecarregar a mesma tomada, não usar extensões improvidas, sempre verificar a voltagem da tomada antes de ligar o aparelho e manter fios e plugues em perfeitas condições de uso”, reforça Alessandro Maffei da Rosa, gerente do departamento de segurança do trabalho da Copel Distribuição.

 

Queimaduras graves à morte

A primeira recomendação, seja dos especialistas em eletrotécnica ou dos profissionais da saúde, é jamais usar o aparelho celular (ou qualquer outro eletrônico) enquanto estiver ligado a uma fonte de energia, especialmente na tomada.

“Quantas vezes já não vimos casos como esses, que podem causar ferimentos graves, levando às vezes a uma parada cardiorrespiratória, dependendo do choque. São comuns também queimaduras e lesões neurológicas, como desencadear uma crise convulsiva na pessoa”, explica Victor Horácio de Souza Costa Junior, médico pediatra do hospital Pequeno Príncipe.

O grande problema desses choques, conforme reforça João Luiz Carneiro, clínico geral do hospital VITA, são a arritmia cardíaca que podem causar e, eventualmente, uma parada cardíaca. “Das queimaduras, as mais comuns são queimaduras de extremidades, porque a corrente passa pelo corpo e procura uma via de saída, que se dá pelas mãos, pés e cabeças”, explica.

Quanto mais jovem for a criança ou adolescente, mais graves são também as complicações, alertam os especialistas. “Está muito relacionado à quantidade de água no organismo e crianças têm, proporcionalmente, uma quantidade maior de água no corpo do que os idosos, favorecendo a passagem da corrente elétrica”, diz Carneiro.

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