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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer criar uma nova categoria de produtos para regulamentar os suplementos alimentares, sendo o Whey Protein um dos mais conhecidos. No Brasil, atualmente não há uma legislação sanitária específica sobre os suplementos, que representam seis diferentes categorias, abrangendo desde os produtos para atletas até os complementos alimentares para gestantes.

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Com a regulamentação, todos os produtos se encaixariam em uma única categoria: a dos suplementos alimentares. Ao longo de 2017, a agência promoveu ciclos de palestras sobre a importância da regulamentação e, desde o início desse ano, abriu consulta pública, para que a população opine sobre a questão. A consulta estará disponível ao público até o dia 9 de abril.

Malefícios

A falta de regulamentação dos suplementos afeta desde o consumidor final, que não sabe bem os riscos e benefícios daquilo que consome, até quem faz a importação desses produtos, que hoje precisa se atentar a diferentes normas de alimentos e medicamentos para que possa vender no Brasil.

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“Em qualquer loja para atletas você encontra, hoje, uma infinidade de marcas dos suplementos de proteína, de creatina, tudo. Às vezes são usados por atletas, mas nem sempre, e os médicos ficam bem apreensivos porque não se sabe o que tem naquele produto ou se aquela quantidade de proteína anunciada é a que está na embalagem”, alerta Hevelyn Garcia, médica endocrinologista do Centro VITA de Tratamento da Obesidade e Diabetes do hospital VITA.

Detalhamento

Um dos pontos a ser regulamentado é, justamente, estabelecer “listas de nutrientes, substâncias bioativas, enzimas e probióticos, de limites de uso, de alegações e de rotulagem complementar dos suplementos alimentares”, conforme a consulta pública nº457.

“Muitas vezes a pessoa tem alguma contraindicação ao uso dos suplementos alimentares, mas não consulta um médico ou nutricionista para ver se é realmente necessário. Pacientes com insuficiência renal, ou se tem o funcionamento dos rins prejudicado de alguma forma, não podem fazer uso desses produtos, que geram uma sobrecarga de proteína no organismo. Os suplementos podem afetar, principalmente, a parte renal e hepática da pessoa, gerando alterações importantes”, reforça a médica endocrinologista.

Produtos que prometem acelerar o metabolismo também podem desencadear problemas cardíacos latentes. “Se a pessoa tiver predisposição, pode desenvolver alguma arritmia com o uso de produtos com doses importantes de cafeína. Além de deixar a pessoa mais ansiosa, irritada, pode gerar insônia e, em casos mais graves, até levar à morte. Mesmo eletrocardiogramas em repouso nem sempre mostram esse distúrbio, por isso sou contra o uso desses produtos com cafeína como pré-treino”, diz Garcia.

Suplementos não são nem sempre necessários

A maioria das pessoas que frequentem as academias não precisa de suplementos alimentares: basta uma alimentação adequada para suprir os nutrientes da atividade física em não-atletas.

Além disso, os exercícios físicos leves a moderados não criam nenhuma deficiência nutricional impactante que exija a suplementação. E, mesmo que uma deficiência se apresente, o primeiro passo é buscar nutrólogos e nutricionistas para que ela seja corrigida via alimentação.

“Se o paciente quiser fazer uma atividade física mais intensa, ou se quiser ter um ganho de massa magra, muitas vezes discutimos com a nutricionista se a suplementação é realmente necessária e só assim faz a prescrição”, reforça Hevelyn Garcia, endocrinologista.

Os suplementos vitamínicos, vendidos em farmácias como polivitamínicos, geralmente contêm doses pequenas de cada vitamina, sem ultrapassar o valor diário recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim, mesmo que a pessoa faça uso sem necessidade, não fará mal – mas também não fará bem. “Se a pessoa tiver uma deficiência em uma vitamina específica, esses polivitamínicos dificilmente vão ajudar. Às vezes precisa de uma reposição mais significativa”, explica Garcia.

Como posso ajudar com a consulta pública?

Os pontos de regulamentação dos suplementos alimentares foram divididos em quatro consultas públicas, sob os números: 454, 456, 457 e 458. Elas tratam desde a rotulagem aos requisitos sanitários dos suplementos. Todas as consultas públicas ficarão abertas até o dia 9 de abril.

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