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Um bebê que está constantemente lacrimejando pode ter as vias lacrimais obstruídas. Foto: Visual Hunt
Um bebê que está constantemente lacrimejando pode ter as vias lacrimais obstruídas. Foto: Visual Hunt| Foto:

Com apenas um mês de idade, Bernardo Gomide Heidemann precisou tratar uma possível conjuntivite. O olho esquerdo do bebê produzia muito mais secreção que o normal e a mãe, Fernanda Gomide Heidemann, procurou o pediatra, que fez o diagnóstico. Mas, por mais que os pais se esforçassem nas massagens e no uso do colírio recomendado, o problema permaneceu sem solução até os quatro meses. Só então, depois de trocar de médico, o diagnóstico correto foi feito. Bernardo tinha uma obstrução na via lacrimal do olho esquerdo.

De acordo com Rodrigo Beraldi, oftalmologista especializado em pálpebras e vias lacrimais do Hospital de Olhos do Paraná, esse é um problema comum. “A incidência é ligeiramente maior em crianças prematuras, porque a via lacrimal se abre bem no finalzinho da gestação. Então essas crianças têm mais chance de obstrução porque não deu tempo de abrir.” No entanto, mesmo crianças que nascem no tempo normal podem apresentar esse tipo de problema.

Ao contrário do que o nome pode sugerir, ter o canal lacrimal entupido não significa que a criança não consiga chorar, pelo contrário. Segundo Beraldi, o que acontece é que “depois de lubrificar o olho, a maior parte da lágrima evapora. O restante deve ser expelido pela via lacrimal excretora, que vai do canto do olho para dentro do nariz”. Quando a criança está com alguma obstrução, os olhos permanecem constantemente “molhados”, lacrimejando de forma contínua.

O pequeno Bernardo, hoje com um ano e quatro meses, precisou passar por cirurgia para desobstruir a via lacrimal do olho esquerdo. Foto: Fernanda G. Heidmann/Arquivo Pessoal
O pequeno Bernardo, hoje com um ano e quatro meses, precisou passar por cirurgia para desobstruir a via lacrimal do olho esquerdo. Foto: Fernanda G. Heidmann/Arquivo Pessoal

No caso de Bernardo, o excesso de umidade nos olhos acabava ocasionando o acúmulo de secreção na parte de baixo do olho esquerdo. “Quanto mais eu limpava, mais secreção saía. Além disso, o olho dele também ficava inchado”, conta Fernanda. Ela diz que se preocupava que a situação se agravasse e pudesse comprometer a visão do filho. Outra preocupação era que a obstrução atrapalhasse quando ele começasse a frequentar a escola, porque o inchaço e a vermelhidão davam a aparência de uma conjuntivite.

Cirurgia

Beraldi explica que em cerca de 90% dos casos a cura é espontânea e acontece ao longo dos primeiros meses de vida. De qualquer forma é importante que haja acompanhamento de um oftalmologista. Isso porque os casos mais graves exigem a realização de uma cirurgia. “É um procedimento não muito complexo. Damos uma anestesia geral, mas o procedimento é bem conservador. Não é preciso cortar ou dar pontos, só se passam instrumentos para romper a membrana da via lacrimal.”

Quando tinha um ano e 15 dias Bernardo passou pela operação nos Estados Unidos, onde mora desde os nove meses de idade. A mãe diz que a operação foi muito tranquila. “Ele foi internado, entrei na sala com ele e deram a anestesia. Ele dormiu e o procedimento levou 30 minutos. 15 minutos depois ele acordou sem chorar e já com fome. Dei uma fruta e já fomos liberados para ir para casa.”

Segundo o especialista, a complexidade do procedimento aumenta conforme a criança cresce. “Em torno de um ano de idade a gente só desobstrui a via lacrimal. Por volta dos dois, três anos, também é preciso passar um tubo de silicone e deixar por duas semanas. Se for mais tarde, por exemplo com oito ou nove anos, já é preciso criar um outro canal lacrimal para a criança, a cirurgia é muito mais complexa”, detalha.

Paciente com obstrução apresenta o olho direito muito molhado e com pus. Foto: Rodrigo Beraldi/Arquivo pessoal
Paciente com obstrução apresenta o olho direito muito molhado e com pus. Foto: Rodrigo Beraldi/Arquivo pessoal

Casos tardios

Ter as vias lacrimais obstruídas não é, como pode parecer, exclusividade das crianças. Adultos também estão sujeitos a desenvolver o problema e as causas são variadas. “Uma das principais causas em adultos é a alteração hormonal”, afirma Beraldi. O uso indiscriminado de colírios, traumas no olho e na face e algumas doenças também podem ocasionar o entupimento. Pacientes de quimioterapia, por exemplo, são muitas vezes afetados.

Lacrimejar excessivamente e a formação de secreção são sintomas de que pode estar havendo um entupimento do canal lacrimal. “Dor só se tiver alguma infecção aguda. Se o saco lacrimal infeccionar forma-se um abcesso na pele, aí existe a dor. É o que chamamos de dacriocistite aguda. Além da dor pode haver febre”, diz o médico. Nesses casos pode ser necessário realizar uma operação de emergência.

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