Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo*

“Doutor Watson” é nova esperança para pacientes com câncer no Brasil

Amanda Milléo*
14/11/2017 06:00
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(Foto: Bigstock)

Da mesma forma que o dr. Watson está sempre ao lado de Sherlock Holmes para desvendar os mistérios dos crimes de Londres no final do século 19, um novo dr. Watson surge em pleno século 21 para ser o braço direito da medicina oncológica no mundo e, desde agosto deste ano, no Brasil. Watson é o nome de uma plataforma de tecnologia cognitiva em nuvem que carrega mais de 15 milhões de conteúdos científicos, entre artigos recém-publicados e diretrizes consolidadas, e auxilia médicos do hospital do Câncer Mãe de Deus, em Porto Alegre, a chegar ao melhor tratamento possível ao paciente com câncer.
A ideia é que Watson for Oncology (nome completo do sistema desenvolvido pela empresa de tecnologia IBM) oriente os médicos sobre as últimas novidades em medicamentos, condução do tratamento e até mesmo opções de pesquisas clínicas disponíveis àquele paciente específico. Para tanto, todas as informações possíveis a respeito da pessoa diagnosticada com câncer são incluídas na plataforma, desde a idade, sintomas e tipo de câncer até qual foi a data da última terapia e como o tratamento foi conduzido até aquele momento.
Ao apertar o botão de ‘Ask Watson’, ou ‘Pergunte ao Watson’, a “máquina” percorre todo o banco de dados, com as pesquisas mais recentes sobre aquela doença e as características do paciente, e em questão de segundos responde ao médico os tratamentos recomendados, os que poderiam ser considerados e os não recomendados. Um relatório de mais de 50 páginas carrega todas essas informações, que é então compartilhado ao paciente.
“Uma dúvida frequente dos médicos é se o Watson recomendaria um tratamento baseado em uma pesquisa fraca, o que não é o caso. Ele apenas recomenda algo que tenha evidências muito fortes. Depois que o médico faz a escolha do tratamento, ele sinaliza ao Watson a opção e explica o motivo. Com isso, a plataforma ganha mais informações com as quais pode trabalhar nos próximos casos”, explica Matheus Ferla, médico oncologista do hospital gaúcho, sobre a inteligência do Watson, durante o 6º Encontro de Jornalismo do hospital do Câncer Mãe de Deus*.
Veja como o Watson funciona no vídeo divulgado pela IBM, em inglês:
A novidade não vem para substituir o médico e nem oferece diagnóstico da doença, mas colabora com informações que, no mundo não virtual, dobram de volume a cada 5 anos – e até 2020, a expectativa é que aumente na mesma velocidade a cada 73 dias. Além disso, Watson é capaz de trabalhar com dados estruturados, mas também os não estruturados, que vem em forma de imagem, vídeos e áudios.
Por enquanto, a plataforma passou por um período piloto, no qual recebeu informações sobre nove diferentes tipos de câncer: pulmão, cólon, reto, gástrico, cervical, ovário, próstata e bexiga. Mais para frente, receberá atualizações com novas informações de outros tipos de cânceres, podendo, inclusive, incluir dados sobre gestantes e crianças – que não são atendidas pela plataforma na versão atual. O Watson também não consegue avaliar pacientes com dois tipos de câncer diferentes.
Custos para perguntar ao Watson
Em todo o mundo, apenas 15 países têm a plataforma Watson disponível e, nas Américas, os Estados Unidos, México e Brasil representam o continente. Para ser usado, Watson não recebe, por enquanto, o apoio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), passando longe dos planos de saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS). O custo da compra da plataforma não foi divulgado pelo hospital, bem como o valor do exame particular.
*A jornalista viajou a convite do hospital do Câncer Mãe de Deus.
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