Saúde e Bem-Estar

Da redação

Não escovar os “dentes” após a última mamada do bebê é um erro

Da redação
09/03/2017 20:00
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Choro, cara feia e muita birra. Costumava ser assim a reação dos pequenos tão logo o motorzinho (até mesmo para os pais) entrava em ação. Levar os filhos ao dentista – e quanto mais cedo melhor – é inevitável e, para alegria das crianças, deixou de ser traumático. É que o consultório odontológico se tornou um ambiente que diverte e entretém os pequenos para que o profissional possa tratar os dentinhos de leite.
Especialista na área do “convencimento”, a odontopediatra Vânia Côrtes conta que a higienização da boca do bebê precisa ser feita diariamente antes mesmo de apontarem os primeiros dentinhos. Já a primeira consulta deve acontecer assim que eles nascerem, por volta do sexto mês de vida, e não somente quando o pequeno já apresenta algum problema. A partir de então, as consultas preventivas devem ser realizadas de seis em seis meses.
“Muitos bebês vêm ao consultório já com início de cárie, com desmineralização nos dentes”, conta a dentista. A profissional afirma que uma das principais causas do problema é a falta de higienização da boquinha do bebê após a última mamada do dia, “pois o leite fica fermentando a noite toda”.
É aí que entra outra dúvida importante dos pais: como fazer a higienização de forma correta? Vânia explica que, com a mão bem lavada, o pai ou a mãe deve envolver o dedo indicador em um pedaço de gaze ou em uma fraldinha de boca e molhar em água mineral ou filtrada e passar na gengiva, bochechas e língua da criança. Se a limpeza for feita desde cedo, o bebê se acostuma tranquilamente. “Dá pra fazer até no banho”, diz a dentista.
O fio dental é outro hábito que deve ser praticado desde muito cedo, quando o bebê já tem dentes em contato. Isso porque ele evita as cáries mais traiçoeiras, aquelas que destroem o dente por dentro e só são visíveis por radiografia ou quando já estão muito grandes.
“Há crianças de três, quatro anos que precisam até fazer tratamento de canal, algo que poderia ter sido evitado com cuidados básicos”, alerta Vânia.
Também não se deve deixar para procurar um odontopediatra apenas em momentos de emergência – um acidente, por exemplo –, quando os pais e filhos estão nervosos. Se a criança nunca viu o consultório e o profissional, vai ficar muito assustada. Agora, se já é um dentista conhecido, com quem se tem um vínculo de confiança, tudo fica mais fácil.
Medo de dentista
Além de evitar problemas bucais, as visitas periódicas ao dentista desde cedo ajudam a contornar outro obstáculo: o medo que as crianças podem sentir desses profissionais.
Pai dos gêmeos Lucas e Gabriel, de 9 anos, o militar Jean Braatz conta que os filhos sempre foram tranquilos nas consultas ao dentista porque desde pequenos eles frequentam, especificamente, o odontopediatra, profissional que cuida da saúde bucal de bebês, crianças e adolescentes.
“As crianças acabam encarando a ida ao dentista como uma brincadeira, como algo divertido”, diz.
A psicóloga especializada em terapia infantil Danielle Zacachuca Alves afirma que o medo é causado pela ansiedade de enfrentar algo desconhecido. Muitas vezes, por não saber como as crianças podem reagir, são os pais que ficam nervosos primeiro e acabam passando essa ansiedade para os filhos, que percebem o que acontece à sua volta, gerando um ciclo de medo.
Por isso, é ideal que seja transmitida segurança para a criança. Isso não quer dizer que os pais devem mentir, no caso do dentista, que “não vai doer nada”, esclarece a psicóloga. A verdade deve ser dita, sim, mas de forma didática, e não por meio de relatos de experiências ruins.
Nesse sentido, palavras que possam trazer a impressão de algo negativo para a criança devem ser evitadas, como “sangue”, “agulha”, “injeção” e “dor”. Pode-se dizer, por exemplo, que a consulta “pode ser desconfortável em algum momento”, mas exaltar seus benefícios, de que a criança vai ficar com a boca limpa, cheirosa, com os dentes bonitos, etc.
Ajuda animada
Além da colaboração prévia dos pais, os odontopediatras podem investir em um ambiente lúdico para deixar as crianças ainda mais confortáveis. No consultório de Vânia, a recepção conta com uma brinquedoteca e um televisor que exibe animações, como “Peppa Pig” e “Turma da Mônica”.
Já na hora da consulta, a odontopediatra tem a companhia de “ajudantes” ilustres, como Luna, do desenho animado “O Show da Luna”, e Homem-Aranha. É comum que, com antecedência, a dentista peça dicas para os pais sobre os personagens que os filhos mais gostam. E dá-lhe improvisar.
“A luz azul que a gente [os dentistas] coloca pra secar a resina [que é aplicada no dente], por exemplo, eu falo que é a luz da Elsa, de “Frozen”, ou digo que é o farol do Relâmpago McQueen [da animação “Carros”]”, diverte-se Vânia, que às vezes até canta no consultório para acalmar bebês.
Dar o espelho para a criança segurar também pode ajudar. “Eles enxergam a gente fazendo o procedimento e ficam tranquilos”, conta a dentista.
Mas para os casos em que nem a conversa com os pais e as brincadeiras com o dentista funcionam, os profissionais podem apelar para sedação com óxido nitroso, uma mistura gasosa. Vânia esclarece que se trata de uma sedação consciente, em que a criança continua acordada e conversando, mas muito menos ansiosa.
O fundamental é que quanto antes a criança fizer a primeira visita ao dentista, melhor. Assim, vai crescer ambientada ao consultório odontológico, adquirir bons hábitos de higiene e prevenir possíveis problemas bucais.
Colaborou: Mariana Balan.

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