Saúde e Bem-Estar

Carolina Werneck

Saiba como agir se entrar em contato com uma lagarta; catarinense morreu envenenada

Carolina Werneck
09/01/2018 16:28
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Enquanto algumas lagartas causam apenas dor intensa, outras podem provocar reações graves e até levar à morte. Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo | GAZETA

Na última sexta-feira (5), Teresa Glieber, 60 anos, deu entrada no Hospital Regional de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, com distúrbio de coagulação e insuficiência renal. O quadro foi resultado do contato da idosa com uma lagarta do gênero lonomia, também conhecida como taturana, bicho cabeludo ou bicho cachorrinho.
De acordo com Katia Bugs, médica e diretora técnica do hospital, Teresa percebeu na quarta-feira (3) que tinha sofrido uma “queimadura” pelo animal, mas só informou a equipe médica do local em que foi atendida sobre o ocorrido na sexta, quando foi encaminhada ao Hospital Regional. Ali, “foi medicada e recebeu o soro anti-lonômico. A paciente faleceu por complicações secundárias ao efeito do veneno no organismo”.
Perigo no quintal
Quando o calor aumenta, aumenta com ele o número de casos de envenenamento por animais peçonhentos, inclusive lagartas. A informação é do Centro de Controle de Envenenamento, vinculado à Secretaria de Saúde do Paraná. Como explica Tânia Portella Costa, chefe da Divisão de Vigilância Ambiental – Zoonoses e Intoxicações da Secretaria de Estado de Saúde, é de novembro a março que esses animais estão mais ativos e, portanto, a chance de contato com humanos é maior.
“Na verdade o envenenamento é causado pela penetração das cerdas das lagartas na pele. Ocorre a inoculação dessa toxina, que pode determinar alterações locais ou sistêmicas, no caso do gênero lonomia”, diz Tânia. As reações sistêmicas incluem alguns tipos de hemorragia, alteração no tempo de coagulação, entre outros problemas.
Embora a maior parte dos casos apresente apenas sintomas no local de contato, é fundamental procurar ajuda médica sempre que houver algum incidente envolvendo lagartas. Há lagartas que causam somente a sensação de queimadura, dor e vermelhidão, mas só profissionais de saúde são capazes de avaliar caso a caso. Além disso, apenas os profissionais saberão distinguir os tipos de lagarta – não é possível saber se um bicho cabeludo em específico é mais venenoso ou não apenas olhando para ele. Essa variação também independe da cor do animal.
Dependendo da gravidade, o tratamento é feito por meio de soroterapia realizada em ambiente hospitalar. “A grande maioria dos casos é muito leve, com outros tipos de lagarta. Quando o incidente é com as lonomias nós classificamos em leves, moderados e graves, podendo ter ou não ser feita a soroterapia. Isso vai depender da avaliação”, afirma Tânia. Em casos leves o tratamento é à base de anti-histamínicos.
Sempre que encostar em uma taturana, lave com água e sabão o mais rápido possível e procure atendimento médico. Em Curitiba o Centro de Controle de Envenenamento (CCE) atende pelo telefone 0800-41-0148. O endereço é Rua General Carneiro, 181.
Tânia aconselha a, sempre que possível, tirar uma foto do animal que causou o ferimento ou mesmo colocá-lo com cuidado em um recipiente e levá-lo ao centro médico. “A identificação do animal facilita muito o tratamento. Sugere-se que se faça a soroterapia até 72 horas após o acidente, mas as primeiras horas são primordiais para a evolução positiva.” No caso de Teresa, a paciente só foi medicada com o soro 48 horas depois do episódio.
Como evitar?
A especialista enumera alguns cuidados necessários para evitar acidentes com as taturanas:
– Utilizar equipamentos de proteção individual, como botas, luvas de couro, calças e camisas de maga comprida.
– Não colocar a mão em buracos, no solo, em troncos de árvores e folhagens. Observar antes para ver se não há uma colônia de lagartas ou mesmo uma lagarta isolada ali [muitas delas têm cores parecidas com as dos troncos das árvores e, por isso, são difíceis de enxergar].
– Examinar calçados, roupas pessoais, de cama, de banho, roupas que estejam no varal.
– Manter a casa e o quintal sempre limpos, livres de entulhos e de lixo, e redobrar os cuidados nos períodos mais quentes do ano.
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