Saúde e Bem-Estar

Carolina Werneck

Só cremes anti-sinais não são a melhor opção para manter a pele jovem

Carolina Werneck
18/09/2017 08:00
Dermocosméticos. Eles estão aos montes nas prateleiras das farmácias, nos catálogos das revendedoras, nas propagandas na internet e na televisão. A variedade é imensa e as promessas são tentadoras. Renovação celular, pele mais fotogênica, 20 anos a menos no rosto, efeito Cinderela, tensor e de Photoshop. As marcas não poupam adjetivos na hora de anunciar seus cremes anti-sinais para manter a pele jovem. Mas todos eles realmente funcionam? O Viver Bem foi descobrir.
Para a assessora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Betina Stenanello, esses cosméticos “funcionam, sim, mas têm uma quantidade de ativos inferior à dos medicamentos. Os laboratórios éticos fazem pesquisas, que são comprovadas com testes de eficácia. Então eles têm eficácia, mas se você comparar a um medicamento, o resultado não é o mesmo“. A quantidade de ativos presentes nos cosméticos é determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Embora os cremes anti-sinais tenham os ativos corretos para melhorar problemas como rugas, manchas e flacidez, para que sejam comercializados como cosméticos eles devem ter um limite máximo de medicamento em sua fórmula.
Com que creme eu vou?
Protetor solar, protetor solar, protetor solar. Os dermatologistas não param de repetir que esse é o primeiro passo para evitar o envelhecimento da pele. Para Desirée Esther Jacobsen Valkinir, dermatologista formada pela Universidade de São Paulo (USP) , “se é para ter uma certeza na vida, é a de passar protetor todos os dias, a cada duas horas, caso você esteja constantemente exposto ao sol. Se essa não for sua realidade, deve-se usá-lo de manhã e pouco antes de se expor ao sol, como na hora do almoço, por exemplo”. Betina avalia que a maior parte do envelhecimento da pele, algo entre 70% e 90%, são causados pelo sol.
Quem nunca teve esse cuidado precisa começar o quanto antes. Além do protetor, manter a pele hidratada também é fundamental. E é por meio da hidratação que muitos dos cosméticos anti-sinais mais contribuem para manter a pele com um aspecto melhor. “Uma pele hidratada enruga menos – e isso a deixa mais bonita. Então, sim, existe algum resultado [na utilização dos dermocosméticos]. Mas nenhum creme tem, por exemplo, tretinoína a 0.05% [de concentração], que é o ativo que, de acordo com os estudos, realmente produz colágeno”, afirma Desirée.
Quando se trata de avaliar resultados, as duas especialistas são cuidadosas. Principalmente porque, de acordo com elas, tudo depende de qual problema está sendo tratado. Betina ensina a identificar os melhores ativos para as três principais razões de envelhecimento. Para combater a flacidez os melhores produtos são os que contêm derivados do ácido retinóico. “O ácido retinóico em si é um medicamento. Ele não vai estar nos cosméticos porque é fotoativo, então tem um monte de restrições. Usá-lo nesses produtos seria um grande risco”, detalha. Ela ressalta, ainda, que ativos que estimulem a produção de elastina também têm efeito sobre a flacidez.
As manchas, por sua vez, podem ser combatidas por “uma infinidade de ativos. O que existe de mais eficaz é o que chamamos de fórmula tríplice, formada pela combinação do ácido retinóico, hidroquinona e algum anti-inflamatório. Mas essa fórmula também é fotossensível, é um medicamento”, conta Betina. Nos dermocosméticos as substâncias que ajudam a diminuir as manchas são, por exemplo, o ácido cógico, o ácido fítico, o alfarbutim e o ácido azelaico. A dermatologista aconselha a associar cremes com esses ativos à vitamina C de uso tópico.
“Ela é antioxidante e previne o envelhecimento, mas já tem estudos mostrando que ela também potencializa o efeito do protetor solar, o que também ajudaria com as manchas.” Já as rugas devem ser tratadas de acordo com sua gravidade. “A gente opta pela vitamina C para os primeiros sinais de rugas. Mais tarde, podemos entrar com derivados do ácido retinóico, se você quer um efeito lifting, para dar uma esticadinha”, afirma Betina. Ela também aponta outros ativos, como bmae e o agireline, que é um modulador da tensão muscular.
O cenário ideal
Como os cosméticos possuem resultados diversos, que também são influenciados por fatores como o tipo da pele e os ambientes a que ela está exposta, a melhor decisão é procurar um especialista. Para Desirée, “nenhum ativo é milagroso. Por isso é importante proteger a pele do sol e ir dando estímulo de colágeno para ela, porque o creme não vai reduzir 20 anos da sua pele, isso não vai acontecer “. Betina também destaca que só um dermatologista saberá identificar as necessidades de casa paciente, ainda que seja para a escolha dos melhores cosméticos para cada caso. Os cremes anti-sinais trazem resultados menos eficazes que os oferecidos pelos medicamentos, mas ainda podem ser bons aliados para reduzir o envelhecimento, desde que usados da maneira correta e, o mais importante, tendo expectativas reais.
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