Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Não vai morrer! Saiba o certo a fazer quando seu filho chora até desmaiar

Amanda Milléo
13/11/2019 13:00
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Bebês que desmaiam após uma sessão de choro acabam assustando os pais. Foto: Bigstock.

Quando os pais recebem um recado da escola dizendo que o filho desmaia quando chora, muitos deles ficam bem preocupados.
Porém, a condição que pode ser confundida com manha, tem nome: trata-se de uma crise de perda de fôlego ou uma síncope que pode ser do tipo pálida ou cianótica.

No primeiro caso, quando a criança é exposta a alguma situação que a assuste, ou que cause dor, como uma queda, ela fica pálida e gera o desmaio. Na síncope do tipo cianótica, embora não haja a presença de dor ou susto, o choro da criança leva a um espasmo na garganta, do qual perde o fôlego e ela não consegue voltar a tempo, ficando com aspecto arroxeado, seguido da síncope.

“O mecanismo comum aos dois casos é a falta de oxigenação no cérebro, que leva ao desmaio. Tanto um quanto outro é um reflexo da imaturidade da criança. É difícil ver essa condição em crianças maiores e o pico desse tipo de situação acontece entre um e três anos de idade”, explica o neurologista pediátrico Antônio Carlos de Farias.
Embora o susto na hora da crise seja grande — além do desmaio, as crianças podem ter os olhos revirados e, em casos mais específicos, até mesmo convulsionar — a principal orientação dos especialistas aos pais é manterem a calma e segurarem a criança para que ela não se machuque. Depois, tente agir naturalmente.

“Se a criança entender que quando ela chora e perde o fôlego a família faz tudo o que ela quer, como dar um brinquedo que queria e que os pais anteriormente haviam falado que não, isso pode tornar a crise voluntária, principalmente do tipo cianótico. Isso acontece por ser comum que os pais tentem não contrariar a criança, com medo que ela desmaie de novo”, reforça o médico.

Não ache, porém, que a criança vai entender se os pais falarem, durante a crise, que ela não vai ganhar o brinquedo que está pedindo.
“Não adianta tentar mostrar que ela quer algo, mas não vai ter, durante esse momento do choro. Tem que ser quando ela estiver mais calma, depois. Com o passar do tempo ela terá recursos para lidar com as frustrações e isso, naturalmente, vai passar”, explica  a psicóloga Daphne Norman Nelamed, especialista em psicologia hospitalar e de saúde.
Exames e tratamentos
Não adianta correr atrás de exames de imagem para tentar obter uma resposta neurológica para as crises.
De acordo com o médico neuropediatra Alfredo Löhr Junior, exames como tomografias, geralmente, não indicam qualquer problema nesse tipo de situação — o que pode gerar desespero nos pais.
“Os pais buscam uma investigação. E, em crianças com anemia, as crises podem ser mais intensas. Em alguns casos é interessante investigar algum problema no ritmo cardíaco. Os médicos recomendam uma avaliação, mas em geral esses episódios passam com o tempo”, reforça o neuropediatra.

Da mesma forma, medicamentos são indicados apenas em casos graves, quando ocorrem convulsões. Mas eles ajudam somente na manutenção dos sintomas. Para crianças anêmicas, a suplementação de ferro ajuda a reduzir as crises.

Os pais podem fazer:

Alguns movimentos durante as crises de choro podem ajudar a evitar a perda de fôlego
“A recomendação é pegar a criança pelo tórax e fazer uma compressão leve. Isso a ajuda a voltar a respirar. Ou, antes que ela possa perder o fôlego, tentar desviar a atenção, mostrar algo que chame a sua atenção. É possível também dar uma batidinha nas costas, com a mão côncava — nunca a mão espalmada — para ajudar no retorno da respiração. Tudo com muita tranquilidade”, sugere Löhr Junior.
Chacoalhar a criança, jogar para cima ou para baixo não vai ajudar e pode, inclusive, prejudicar o quadro.

“A criança está se sentindo insegura e esses movimentos bruscos podem deixá-la ainda mais insegura”, reforça o neuropediatra.

“Nunca há perda de fôlego na ausência de público. A criança geralmente faz isso quando tem alguém olhando. A primeira orientação aos pais é que fiquem calmos e tranquilos. Ninguém nem morre de perda de fôlego, nem fica com sequelas por este motivo”, diz o neurologista pediátrico Antônio Carlos de Farias,
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