Saúde e Bem-Estar

Guilherme Grandi

Curitiba promove marcha da endometriose; conheça os sintomas da doença

Guilherme Grandi
23/03/2018 12:08
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No Brasil, a pesquisa mostrou que 74,8% das mulheres precisaram visitar mais de três médicos para receber a confirmação do diagnóstico. Foto: Bigstock

Um ato pela conscientização da endometriose será realizado na manhã deste sábado (24) em Curitiba e mais 13 cidades do Brasil, em um movimento mundial que pede melhores políticas públicas de tratamento da doença. A concentração na capital paranaense será na Boca Maldita à partir das 9h, com início da caminhada às 10h.
A EndoMarcha é uma espécie de manifestação realizada em mais de 80 países do mundo, e que chegou ao Brasil em 2014 reivindicando principalmente que o Governo Federal crie políticas públicas de conscientização, além de a inserir no rol de doenças que podem ser tratadas através do Sistema Único de Saúde (SUS).
A capitã da marcha no Brasil, Caroline Salazar, explica que o movimento é uma “reivindicação pelos nossos direitos, pelo diagnóstico precoce e pelo reconhecimento da endometriose como doença social, com a criação de políticas públicas para que o tratamento possa ser realizado pelo SUS”.
A marcha no Paraná será realizada também nas cidades de Londrina e Maringá. No restante do país, estão confirmados movimentos em Belém, Belo Horizonte, Boa Vista, Brasília, Campo Grande, Feira de Santana, Florianópolis, Fortaleza, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
O que é a endometriose?
Estima-se que mais de 200 milhões de meninas e mulheres sejam atingidas pela endometriose em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é que esse número seja de seis milhões de portadoras da doença crônica.

A doença pode apresentar, entre outros sintomas, dor pélvica grave, dor durante a relação sexual, dor ao urinar, na bexiga e nos movimentos intestinais, inchaço, náuseas e vômitos, constipação e diarreia. Além disso, estima-se que 40% das mulheres com endometriose apresentem problemas de infertilidade.

Uma pesquisa realizada recentemente pelo Grupo de Apoio às Portadores de Endometriose e Infertilidade (Gapendi) mostrou que 45% das mulheres com a doença sofrem de dores diariamente, e que isso afeta o dia a dia do trabalho delas. Seis em cada 10 pacientes afirmaram que já faltaram ao servido por causa dos fortes sintomas.
Por aqui, 38% das mulheres demoram de cinco a oito anos para ter a confirmação da doença, sendo que 14% delas demoram mais de oito anos – a média mundial é de sete anos. Além da demora no diagnóstico, as entrevistadas afirmaram que tiveram de passar por vários médicos até chegar a um especialista capaz de dar a palavra final e tratar adequadamente a condição.
No Brasil, a pesquisa mostrou que 74,8% das mulheres precisaram visitar mais de três médicos para receber a confirmação do diagnóstico. Sete em cada dez mulheres com endometriose precisaram fazer ao menos uma cirurgia para tratar a doença. “Embora algumas mulheres sejam assintomáticas, essa pesquisa mostrou que no Brasil a maioria das pacientes sente dor. Ela é um dos sintomas que mais afetam a saúde física e emocional das mulheres”, comenta o médico Edvaldo Cavalcante, que liderou a pesquisa.
Marília Gabriela, uma das fundadoras do Gapendi, chegou a ficar cinco anos afastada do trabalho por causa das complicações da endometriose. Ela explica que muitas mulheres sofrem um forte estigma por conta da doença, sendo taxadas de ‘frescura’ ou de ‘exagero’ por algumas pessoas. “Boa parte delas sente cólicas menstruais e sempre ouvimos falar que isso é normal. Porém, as cólicas nas mulheres que têm endometriose são muito intensas e incapacitantes, não passam com analgésicos simples e compressas mornas. Muitas vezes, é preciso ir para a emergência de um hospital para ter alívio da dor”, conta.
A marcha no Brasil começou com apenas quatro cidades, e hoje já é quase três vezes maior. Em quatro anos, a quantidade de políticas públicas por parte de alguns estados e cidades aumentou significativamente. “A partir do movimento, leis com foco na conscientização e disseminação de informações sobre a doença já começam a surgir nos estados de Roraima e São Paulo, além da cidade de Campo Grande (MS), explica Caroline Salazar.
Como participar
Apesar da participação ser aberta a todas às pessoas, a organização da marcha pede que os interessados façam um cadastro antes pela internet (clique aqui).
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