Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Pesquisa mostra que curitibanas não vão ao ginecologista com frequência adequada

Amanda Milléo
29/11/2017 08:00
Thumbnail

(Foto: Bigstock)

De 250 curitibanas entrevistadas para uma pesquisa sobre saúde feminina, 24% afirmaram que não visitam o médico ginecologista com frequência. O número chamou atenção principalmente quando comparado com as respostas das mulheres de outras oito capitais no país: apenas Curitiba estava em destaque por não ter o costume de ir ao médico.
Entre as mulheres de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife e Brasília, o índice de quem respondia que não ia ao ginecologista nem uma vez ao ano chegou ao máximo de 17%, na capital federal. A pesquisa do Datafolha foi realizada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) em parceria com a Bayer, entre os dias 18 e 23 de outubro deste ano, com mulheres entre 18 e 35 anos, pessoalmente ou por telefone.
A pesquisa não detalha, por capitais, quais seriam os motivos de as curitibanas deixarem o consultório médico de lado nas prioridades, mas elenca os argumentos de todas as entrevistadas no Brasil. Do principal motivo, 32% alegam a falta de tempo e, em segundo lugar, a falta de necessidade de ir ao médico, porque se considerarem saudáveis (13%).
Em um grau menor, mas ainda em destaque, 6% das mulheres brasileiras dizem que se sentem desconfortáveis, ou sentem preguiça (6%) e têm vergonha ou timidez (6%). Outras 11% alegam não terem acesso ao especialista e 9% não consideram a consulta necessária ou importante.
“Outra questão a se considerar: muita gente perdeu o emprego e, com ele, o plano de saúde. [Curitiba foi a segunda capital que mais demitiu em 2017]. A gente percebeu essa redução no consultório e, agora, as pacientes têm voltado”, sugere Ryszard Zytynski, médico ginecologista e obstetra do hospital São Vicente.
Mulheres que preferem a automedicação ou que se preocupam apenas quando os sintomas surgem também podem ser uma explicação para o índice maior entre as curitibanas, segundo Wallace George Viana e Silva, médico ginecologista da Paraná Clínicas. “Às vezes faltam uma conscientização de que os sintomas não se manifestam antes do aparecimento das lesões no colo do útero, por exemplo. Então, não precisa esperar para fazer o preventivo no consultório. A prevenção está em antecipar”, reforça o especialista.
A recomendação, de acordo com informações da Febrasgo, é que as mulheres iniciem os exames ginecológicos a partir dos 25 anos de idade – para a coleta de material que vá rastrear doenças importantes, como o câncer do colo do útero. Mas, nada impede que as meninas, mesmo depois da primeira menstruação, desenvolva o hábito de ir ao médico ginecologista para tirar dúvidas e receber informações de prevenção.
Isso evitaria, por exemplo, casos de automedicação – outro argumento que poderia ser usado para evitar a ida ao consultório. “Muitas vezes a paciente tem o sintoma e não consegue a consulta médica com rapidez e acaba indo na farmácia. Lá se consulta com o farmacêutico e passa a se automedicar. Os sintomas podem até melhorar e ela acha desnecessário marcar uma consulta médica”, sugere Viana e Silva.
Médico demais?
No outro extremo, das curitibanas que responderam ir ao médico ginecologista mais de uma vez ao ano, 31% dizem adotar esse costume – embora também seja um número em destaque, quando comparado às demais capitais. Neste tópico, apenas as mineiras visitam os especialistas com a mesma frequência (30%). Entre as paulistas, por exemplo, 45% dizem ir mais de uma vez ao consultório no mesmo ano, seguida das gaúchas e das pernambucanas (37%).
LEIA TAMBÉM