Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Escovar os dentes depois de vomitar prejudica a saúde da boca

Amanda Milléo
08/11/2016 09:00
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(Foto: VisualHunt)

A sensação que o vômito causa na boca não é das melhores. Nada mais natural que a pessoa queira se livrar daquele gosto amargo logo em seguida, escovando os dentes. Essa atitude, porém, pode trazer prejuízos para a saúde bucal e deve ser evitada. Confira esse e outros erros que cometemos, sem nem perceber, prejudicando a saúde da boca, conforme explica Osiris Pontoni Klamas, cirurgião dentista membro da Academia Paranaense de Odontologia e ex-presidente da Associação Brasileira de Odontologia, seção Paraná.
Vomitar e escovar os dentes: má combinação
Quando passamos mal e vomitamos, o ácido do estômago sobe e vai até a boca. Embora o estômago seja um órgão adaptado para conviver com esse meio ácido, os dentes na boca não são e ficam sensíveis com a passagem desse líquido. O esmalte, aquela última camada que protege os dentes, pode ser desgastada mais facilmente nesse momento e, quando você decide escovar os dentes logo em seguida do vômito, é o esmalte que sofre.
A recomendação é que se espere de 10 a 15 minutos até que a boca diminua esse meio ácido para que, então, faça a escovação adequada. Se não puder esperar, faça um bochecho com água antes da escovação.
“Escovar os dentes logo em seguida do vômito não é tão prejudicial quando acontece de vez em quando. Se for com frequência, é preciso cuidado”, explica o dentista.
Refrigerantes tipo cola também prejudicam os dentes
Assim como o vômito, os refrigerantes tipo cola também precisam de atenção. Se você tomou um copo desse tipo de bebida açucarada e pretende escovar os dentes logo em seguida, dê 10 a 15 minutos ou faça um bochecho com água antes da escovação – pelos mesmos motivos do vômito. O refrigerante também permite um maior desgaste do esmalte dos dentes.
Fio dental não é para tirar o pedaço de carne preso entre os dentes
Embora tenha surgido a polêmica da falta de necessidade do fio dental (leia mais sobre isso aqui), esse fio ou fita têm mais benefícios do que retirar o pedaço de carne ou de manga preso dos dentes. Para começar, o movimento deve ser leve – não intenso!
“A ideia do fio dental é que atinja a placa bacteriana escondida entre um dente e outro, onde a escova não atinge. A retirada de pedaços maiores de alimentos é só consequência”, explica Osiris.
Passou fio dental? ENXAGUE!
Parece mentira, mas muitas pessoas têm o costume de passar o fio dental e ir embora, sem escovar os dentes ou mesmo fazer um bochecho com água para jogar fora as partículas que foram retiradas. Não há uma regra: fio dental pode ser passado antes de escovar os dentes ou depois. Em qualquer um dos casos, vale fazer um bochecho com água intenso.
“O horário mais importante é à noite, antes de dormir. Porque nesse período diminui a salivação, não tem a ação da língua, da bochecha e isso permite que a placa tenha uma produtividade maior. A indicação do fio dental, porém, é sempre depois das refeições”, afirma o dentista.
Escova de dentes nova a cada 60 dias
A escova é o motor da escovação e ela precisa aguentar até 45 dias inteira. Isso significa que, depois de um mês e meio de comprada, a escova ainda precisa parecer nova. Caso esteja muito alterada, isso significa que a pessoa está aplicando força demais na escovação, gerando prejuízos tanto na hora da higiene bucal quanto na própria saúde dos dentes.
A indicação é que a escova seja trocada entre 45 a 60 dias, no máximo. Passar mais do que isso com a mesma escova não pode.
Enxaguante bucal não substitui a escovação
Enxaguantes bucais são complementares na higienização da boca e não substitutos da escova. Se tiver a oportunidade de fazer os dois, ótimo. Caso contrário, prioridade para a escova de dentes!
Prefira produtos enxaguantes bucais sem álcool. O álcool traz uma falsa sensação de que limpa mais que os demais enxaguantes sem essa substância, o que não é verdade. Da mesma forma, não se iluda com os gostos ou hálitos das pastas. A pasta não substitui a parte mecânica do processo – a escovação.
Não é luta de boxe, é só escovar os dentes
Um dos principais erros que os dentistas percebem nos consultórios é quando o paciente acha que ‘força’ traduz limpeza. Escovar os dentes é uma ação que se equipara a retirar o pó em cima de uma mesa com um pano. Não precisa de palha de aço, só de uma flanela.
“O paciente acha que consegue retirar as calcificações do tártaro, a placa, mas elas não saem com a escova, só no dentista. Se usar força, você acaba ou desgastando o dente ou machucando a gengiva“, diz Klamas. Ao machucar a gengiva, ela ‘sobe’ e essa recessão causa uma sensação de aumento do dente, além de expor a região a um desgaste maior.
Crianças pequenas não pode escovar os dentes sozinhas
Até os seis ou sete anos, a criança não tem a coordenação motora necessária para escovar os dentes sozinhas. Os pais precisam complementar a escovação também, principalmente porque essa é a fase em que, além da troca dos dentes, nasce o “molar dos seis anos“, que é dente permanente e precisa dos cuidados contra as cáries.
Outro cuidado na escovação dos dentes da criança é, também, com relação à força. Não se pode usar a mesma força que você escova os seus dentes de adulto na criança, é preciso delicadeza. “Se a criança engole a pasta de dente, os pais precisam ficar de olho. Como ela pode conter flúor, os dentes permanentes podem nascer com fluorose, aquelas manchas claras ou escuras. O flúor deve ser usado apenas topicamente ou buscar por pastas infantis sem flúor”, afirma Klamas.