Saúde e Bem-Estar

Redação

Devo me vacinar contra febre amarela? Esclareça essa e outras dúvidas

Redação
19/01/2018 12:00
Thumbnail

Vacina da gripe está sendo aplicada via subcutânea no Paraná em 2018. Foto: André Borges/Agência Brasília.

Ameaça à saúde pública desde o início de 2017, a febre amarela ainda gera muitas dúvidas na população. Desde a obrigatoriedade da vacinação para alguns grupos até a possibilidade de cura da doença, os questionamentos têm surgido principalmente depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) categorizou todo o estado de São Paulo (inclusive a capital) como área de risco, e elevou o alerta para quem vem de outros estados e de fora do Brasil.
O Viver Bem fez um levantamento com as principais perguntas sobre a febre amarela. Confira!
O que é febre amarela?
A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus e transmitida por diferentes gêneros de mosquitos, segundo informações da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). Na versão silvestre da doença, a transmissão do vírus é feita através dos mosquitos  Haemagogus e o Sabethes, captados de macacos infectados. Não existe transmissão entre macacos e humanos. Esses mosquitos estão presentes em ambientes de mata, e não se adaptaram ao meio urbano.
Desde 1942, o Brasil não tem nenhum caso da febre amarela na versão urbana, segundo informações da Fiocruz. Ela é considerada mais perigosa porque a transmissão é mais “fácil” no Brasil, a partir do mosquito de gênero Aedes aegypti – velho conhecido no país e transmissor da dengue, Zika e chikungunya. O Aedes pica um macaco infectado e, depois, repassa ao ser humano.
Quais são os sintomas da febre amarela? 
Os sintomas mais comuns são: febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômitos e dores no corpo, além da icterícia (quando a pele e olhos ficam amarelados) e hemorragias via gengivas, nariz, estômago, intestino ou pela urina.
Na forma mais grave da doença, embora rara, os sintomas aparecem depois de um período sem sintoma algum, quando podem começar a ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia – olhos e pele amarelados -, manifestação hemorrágica e cansaço.
A febre amarela mata?
A taxa de mortalidade da febre amarela pode chegar a 60%, sendo considerada uma doença de risco. Os tratamentos são voltados apenas aos cuidados dos sintomas.
Quantas pessoas já morreram no Brasil por febre amarela?
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde na última quarta-feira (17) confirmam 35 casos de febre amarela no país entre julho de 2017 até o momento. Vinte pessoas vieram a óbito, de acordo com dados até janeiro desse ano. No total, foram notificados 470 casos suspeitos – 145 permanecem em investigação e 290 foram descartados.
Moro em Curitiba. Preciso me vacinar diante do aumento nos casos da febre amarela em São Paulo?
Não. Hoje, a vacina contra a febre amarela, para os moradores de Curitiba, é indicada somente quando houver viagem marcada para regiões de risco, como São Paulo, ou países que exigem a imunização contra a doença. Do contrário, não é necessária a imunização – que é, inclusive, contraindicada a alguns grupos.
“Primeiro porque não temos vacinas para todo mundo. E ela não é 100% inócua. É feita a partir do vírus atenuado e é contraindicado a gestantes, imunodeprimidos e crianças menores de nove meses. Além de mal estar discreto ou desconforto local, existem dois efeitos colaterais mais graves, embora raros: quadros neurológicos, como meningite, ou fazer uma doença viscerotrópica, quando a doença é causada pelo vírus da vacina. Mas isso é bem raro”, diz Jaime Rocha, médico infectologista da Unimed Curitiba.
O caso registrado em Curitiba foi importado, ou seja, contraído fora do estado. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Curitiba e o Paraná não estão em área de risco, já que o vírus não está circulando por aqui. O Ministério da Saúde investiga quatro casos suspeitos de febre amarela e já descartou outros 14 no estado. Em Curitiba, além deste registro confirmado ni dia 31, não há nenhum outro caso de suspeita registrado.
Já tomei vacina contra a febre amarela, mas faz mais de 10 anos, preciso tomar novamente?
Não. Estudos com a vacina nos últimos anos mostraram que a proteção tem um tempo longo e não é preciso reforçar a dose a cada 10 anos, como era a recomendação antiga. Se você já tomou a vacina, portanto, está protegido.
Estou grávida, posso me vacinar?
Não. Feita a partir do vírus atenuado da febre amarela, a vacina é contraindicada a gestantes, pessoas imunodeprimidas, crianças menores de 9 meses de idade e pessoas a partir dos 60 anos.
Tenho câncer, posso me vacinar?
A recomendação dos especialistas é que a vacina não seja aplicada durante o período de tratamento. Ao receber a quimioterapia, o paciente oncológico está com a imunidade debilitada, com menor capacidade de produzir os próprios anticorpos. Aumenta o risco, portanto, de ter efeitos colaterais a partir da vacina, feita com o vírus atenuado.
A vacina é a única forma de prevenção da doença?
Não. Além da vacina, é possível se prevenir evitando a picada do mosquito, com o uso de repelentes, telas de proteção, mosquiteira, telas nas portas, uso de roupas compridas, etc. Embora não sejam medidas muito faladas, elas têm impacto importante na prevenção da doença.
Vou viajar para países que exigem a vacina, ou para áreas de risco. Preciso tomar a vacina?
Sim. A vacina é indicada para quem for viajar a países que exigem a vacinação ou para quem for visitar as cidades em áreas onde a imunização é recomendada.
Quanto tempo antes de viajar devo tomar a vacina?
A vacina contra a febre amarela deve ser aplicada 10 dias antes da viagem.
Onde posso me vacinar em Curitiba?
O imunizante está disponível em todas as 110 Unidades Básicas de Saúde da capital. Nas clínicas particulares, a Associação Brasileira das Clínicas de Vacina alertou que novas doses do imunizante chegarão no fim de fevereiro.
O que é a dose fracionada da vacina?
Para conseguir vacinar o maior número de pessoas em menos tempo, o Ministério da Saúde sugeriu fracionar a dose do imunizante em 0,1 ml por aplicação. A dosagem normal é de 0,5 ml. A dose fracionada será feita nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. No primeiro, a vacinação da população já começou.
A dose fracionada não é indicada para quem for viajar de Curitiba para as regiões de risco ou para outros países que exigem a vacinação contra a doença. Nesse caso, é importante receber a vacina na dosagem completa, de 0,5 ml, para garantir o certificado de profilaxia – que será pedido antes de viajar.
Enquanto a duração da vacina na dosagem completa garante proteção ao longo de toda a vida, a dose fracionada mantém a proteção por oito anos.
***
LEIA TAMBÉM