Saúde e Bem-Estar

Bala de melatonina só deve ser usada com orientação médica

Rafael Adamowski, especial para a Gazeta do Povo
10/06/2016 16:56
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A energia inesgotável das crianças causa desespero em muitos pais. Mas fazer com que os filhos possam ir para a cama mais cedo com o uso de medicamentos, apesar de ser uma atitude crescente, é contraindicado. A comercialização da melatonina é proibida no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas muitos pais adquirem o hormônio em lojas de conveniência e supermercados dos Estados Unidos, onde não é exigida a receita médica.
A compra também é feita em lojas virtuais, e o produto é entregue em casa. Um levantamento do Nutrition Business Journal revelou que as vendas de melatonina aumentaram 500% de 2003 a 2014 nos Estados Unidos. No Brasil, segundo pediatras, cada vez mais famílias buscam informações nos consultórios, com o objetivo de fazer o filho dormir.
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A pediatra Simone Chaves Fagondes, presidente do Departamento Científico de Medicina do Sono da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), afirma que a falta de evidências consistentes é um dos principais fatores que trazem dúvidas aos especialistas. “O uso deve ser feito com muita cautela e sempre sob orientação médica. Existem poucos estudos científicos sobre o efeito do consumo contínuo da melatonina em crianças”, diz.
Médico e pesquisador da melatonina há quase 40 anos no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), José Cipolla afirma que pais que ministram melatonina aos filhos sem o devido respaldo médico devem entender a gravidade do que estão fazendo. “Isso é uma barbaridade. A melatonina é um hormônio e ninguém toma hormônio sem consultar o médico”, conclui.