Saúde e Bem-Estar

Pequeno viajante

Adriana Czelusniak - adrianacz@gazetadopovo.com.br
25/12/2010 02:18
À medida que crescem, as crianças podem ir dispensando gradualmente a vigilância dos pais, mas nunca deixam de precisar da orientação e da educação responsável deles. Mesmo que os pais consigam tirar férias com os filhos, o período livre da criança é sempre maior e aí planejar uma viagem para os pequenos pode ser a solução. De acordo com a psicopedagoga Maria Irene Maluf, especialista em Educação Especial, para que a criança tenha um bom comportamento e deixe uma boa impressão onde quer que esteja, as orientações prévias não devem ser feitas apenas na despedida. “Você não joga um filho na piscina para ele sair nadando. Ele deve aprender no dia a dia, e não da noite para o dia só por que surgiu uma viagem para a casa da avó ou para a Disney”, afirma a psicopedagoga. Ela conversou com o Viver Bem sobre como as crianças podem ser ajudadas a passar pela experiência de se virar fora de casa.
Quais são os problemas mais observados quando os filhos saem de casa para viajar sem os pais?
Crianças que em sua casa não têm hábitos de organização e limpeza não vão conseguir mudar na véspera de uma viagem e muito menos durante esse período fora de casa. No dia a dia, a criança precisa ser educada para a independência. Tem de saber providenciar o remédio que precisa tomar, arrumar a cama e as roupas e se comportar na casa dos outros. Se ela apenas é orientada antes da viagem, pode adiantar no início, mas no terceiro dia já estará mais à vontade e vai largar o copo em cima da mesa e mostrar todos os outros hábitos que ela tem.
Quais são os preparativos?
É preciso que os filhos levem na mala a conduta, os valores e a educação que lhes transmitimos ao longo da vida. Não adianta dar um ensinamento de última hora, fazer um intensivão. O ser humano aprende por repetição, então a criança tem de aprender antes, em casa, a usar os talheres, usar e manter limpo o banheiro e deixar o quarto como se ele fosse o melhor faxineiro do mundo. Os pais devem lembrar que, mesmo que a criança tenha três empregadas em casa, fora dela pode não encontrar mordomia. Se ele não conseguir dar conta, vai ter a sua atenção chamada e ficar chateado.
E nas diferentes idades, o que pode ser definido como função dos filhos?
Aos 3 anos a criança já pode ser ensinada a guardar o sapato e os brinquedos. Aos 5 a organizar os brinquedos e roupas e também pode arrumar a cama, começar a tomar banho sozinha e lavar a roupa íntima. Com 7, pode arrumar sua mochila da escola sozinha, tomar banho e secar o próprio cabelo e aos 9 já pode dobrar suas roupas, pendurar a toalha de banho e guardar compras de supermercado.
O que deve ser passado às pessoas que vão conviver com a criança durante a viagem?
Os pais devem liberar para dar bronca, para agir como se fosse pai e mãe. E aí dizer o que você espera, que a criança não deve ficar no bem-bom, deve fazer a própria cama, lavar a cuequinha… E aí dizer: “Meu celular estará ligado 24 horas, pode me ligar”.
É comum a criança voltar mal-acostumada por ter sido mimada demais fora de casa?
A criança pode voltar mais folgada. Principalmente se a viagem for à casa dos avós e eles não seguem as coisas mínimas que os pais pedem muito. A justificativa é que, como veem pouco as crianças, querem pararicar. E aí volta para casa aquele demônio da Tasmânia.
E como essa situação pode ser evitada?
Conversando muito, seja parente ou não. É importante colocar aquilo que gostaria que fosse feito, por exemplo, pedir para que os filhos não saiam sozinhos ou que não fiquem jogando no computador até de madrugada. Quem vai recebê-los também pode orientá-los nas tarefas mais corriqueiras, dando-lhes responsabilidades, exigindo que se comportem adequadamente em todas as situações. Não é uma questão de “etiqueta”, mas de respeito ao próximo, às normas sociais e de civilidade.
Serviço:
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Agradecimento
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