Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Gestação pode aumentar o desejo sexual da mulher?

Amanda Milléo
10/11/2016 17:00
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(Foto: VisualHunt)

Passado os três primeiros meses de gestação, quando a mulher ainda se adapta às mudanças hormonais e sente mais cansaço, sonolência e até constipação intestinal, o quarto mês surpreende com o crescimento do desejo sexual.
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O aumento do hormônio do crescimento (GH) estimula a renovação das células, o que faz com que a pele fique mais bonita saudável. Além de deixar a mulher mais bem disposta, o hormônio também atua na vascularização da região da vagina, favorecendo a sensação de prazer no ato sexual.
“Pela ação hormonal, a vagina da gestante tende a ficar mais úmida, o que ajuda a penetração, sem causar dor ou desconforto“, explica Luiz Felipe Dziedricki,  médico ginecologista, vice-diretor clínico do Hospital e Maternidade Santa Brígida e Coordenador do Pronto Atendimento.
Associado a esse fator fisiológico, há também motivos psicológicos que favorecem a libido da mulher. A mudança no corpo com o aumento das mamas e da região abdominal podem gerar sensações negativas, mas também muito positivas, de empoderamento do próprio corpo e a gestação de uma nova vida.
“Há dois extremos. Há aquelas pacientes que sentem que estão ganhando muito peso, estão perdendo o corpo que tinham e se sentem ‘deformadas‘ e há as pacientes que entendem a mudança do corpo para gerar uma vida, um laço de união com o parceiro. A sensação do prazer na gestação está diretamente ligada ao modo como as mulheres percebem essas mudanças“, afirma Dziedricki.

“Não vai machucar o bebê?”

Uma das principais dúvidas das mulheres sobre ter ou não relações sexuais durante a gestação é o medo de que o ato, de alguma forma, afete o bebê. Isso não acontece, de acordo com os especialistas, seja no início, meio ou fim da gravidez. O bebê está sempre protegido por músculos, membranas e pelo líquido amniótico.
“Existem trabalhos que, quanto mais relações sexuais a paciente tiver durante a gestação, ela libera mais endorfina, o que faz com que se sinta mais relaxada e isso é positivo tanto para ela quanto para o bebê que ainda não nasceu”, explica Antônio Paulo Mallmann, médico ginecologista, professor de ginecologia e obstetrícia da PUCPR e diretor do hospital Santa Brígida.
Quando não é indicada a relação sexual?
São raros os casos em que o sexo é contraindicado durante a gestação, mas às mulheres com alguns fatores de risco, o ato pode ser adiado. É o caso das pacientes com risco de prematuridade ou ameaça de abortamento, com sangramento vaginal ou que tiveram um grau de descolamento da placenta.
Não que essa restrição dure toda a gravidez, mas a paciente com risco de abortamento é importante que evite, porque pode aumentar o risco de perder o bebê. Da mesma forma, pacientes que tiveram uma abertura de colo uterino prematuramente, pacientes pré dispostos a dilatar o colo do útero, mulheres com a placenta baixa no colo do útero são outros fatores de risco”, explica André de Paula Branco, médico ginecologista e obstetra da Paraná Clínicas.

Pós parto, libido em baixa

Com o nascimento do bebê, é natural que o corpo da mulher reduza o desejo sexual. O momento é voltado a amamentação e a recuperação do ciclo menstrual, para que o organismo volte a realidade pré-gestação. Esse período dura, em média, 40 dias – a conhecida quarentena ou resguardo.
“Os hormônios reagem a essa volta do estado gravídico para um estado não gravídico diminuindo a libido. O próprio ciclo menstrual não se refez ainda, e existem dois fatores importantes que influenciam: a amamentação, em que algumas mulheres não tem a volta da menstruação ainda, e a questão psicológica, em que a mulher está totalmente voltada ao papel materno“, explica Branco.