Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Por que sua avó precisa adotar um cachorro? Pets melhoram saúde dos idosos

Amanda Milléo
29/08/2017 08:00
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Benefícios de ter um animal de estimação melhoram desde saúde mental até física (Foto: Bigstock)

Cachorros exigem passeios de, pelo menos, 30 minutos todos os dias. Se o tutor for um idoso, o andar mais lento e a dificuldade de se movimentar aumentam o tempo de caminhada para quase uma hora. Pode parecer cansativo, mas essa é a principal contribuição dos animais de estimação à saúde dos idosos: eles mantêm os avós fisicamente ativos.
Pesquisadores britânicos descobriram, em estudo divulgado pela revista científica British Medical Journal no último mês, que idosos com animais de estimação, especialmente os cachorros, eram fisicamente mais ativos mesmo em dias chuvosos ou de tempo fechado. Além da contribuição óbvia à saúde cardiovascular da pessoa, essas saídas diárias também ajudaram os idosos a se socializarem mais, diminuíram riscos de depressão e tiraram os avós dos sofás.
“Com o animal, o paciente tira o foco da doença ou das dores e dá um objetivo de vida. É um ser que depende dele e ele sabe que precisa caminhar. Os pacientes mesmo dizem: ‘ele precisa de mim, precisa que eu saia com ele’. A atividade física aumenta os níveis de serotonina, que contribui na liberação de endorfina, que são hormônios que melhoram o humor da pessoa”, explica Fabiana Weffort Caprilhone, médica especialista em geriatria do Hospital Pilar.
Movimentar-se, comprovadamente, ajuda a reduzir as dores, além de melhorar o apetite e o sono dos idosos, de acordo com a médica. “No consultório consigo até mesmo diminuir a medicação antidepressiva de pacientes com animais de estimação”, reforça.
Cuidados com as quedas
Embora os benefícios para a saúde física e mental sejam vários, Rodolfo Pedrão, médico geriatra do hospital VITA, lembra que são necessários cuidados essenciais para evitar quedas e outros problemas de saúde decorrentes do animal.
“É preciso considerar que há cachorros mais ativos e outros menos ativos, dependendo da raça. Pessoas com alergias, rinites, bronquites precisam de uma avaliação antes de decidir por adotar, porque são quadros que podem piorar com os pelos do cachorro”, afirma o médico.
Da mesma forma, a casa pode precisar de adaptações para evitar quedas dos idosos, que podem se enroscar ou tropeçar no animal. “Os familiares devem lembrar que o cachorro vai trazer estímulos, que são bem vindos, e isso vai aumentar a atividade física do idoso. Então, ele deve estar preparado. É importante também que tome as vacinas e faça a reposição de vitamina D que, em Curitiba, é fundamental para reduzir o risco de fraturas e quedas”, reforça Pedrão.
Raças mais indicadas aos idosos
Embora raças pequenas de cães, como Shih Tzu, Lhasa Apso, Maltês e Spitz Alemão, sejam as mais comumente escolhidas pelos idosos, a raça não deve ser o único critério na hora de selecionar um companheiro animal. É melhor pensar, primeiro, na idade do cachorro.
“Em geral, não é recomendável filhotes para pessoas idosas, ainda mais em fase de mordidas, pois qualquer mordidinha pode machucar. A necessidade de passeios e atividades físicas mais intensas gera um desgaste físico maior também no tutor”, explica Rafael Wisneski, adestrador comportamentalista do Meu Cão Companheiro.
Para ele, o melhor são cachorros adultos ou mesmo idosos. Vale também qualquer raça, mesmo os vira-latas. “Algumas pessoas idosas encontram nos vira-latas boas opções de companhia, principalmente nos mais adultos”, completa Wiskeski.
“Independentemente da raça do pet, desde que esteja acostumado com o tutor. Mesmo que seja um cachorro grande, como um labrador, se for velhinho também, não vai ter o risco de derrubar a pessoa”, reforça Renata Novak, médica veterinária e fisiatra da clínica Physius Reabilitação Veterinária.
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