Saúde e Bem-Estar

Amanda Milléo

Lugar de bebê é no chão. Saiba por que!

Amanda Milléo
14/07/2016 14:00
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Deixe que o bebê conheça o mundo pelos pés, ao chão, em diferentes texturas (Foto: Bigstock)

O bebê está demorando a andar? Observe a rotina!
Se ele estiver passando muito tempo no carrinho, no berço, no cadeirão ou no cercadinho, o espaço disponível para o desenvolvimento motor e cognitivo é limitado, e ele pode levar mais tempo para andar ou mesmo falar. Isso porque os bebês só conseguem pensar e se expressar quando se mexem: o corpo é a única forma de expressão antes de aprenderem a falar.
O chão é o melhor amigo da criança. Solte-a para ajudá-la a explorar o ambiente em que vive – desde que protegida das tomadas e objetos cortantes – e interaja com ela, para dar sentido àquilo que está conhecendo. Transforme em palavras as sensações que a criança experimentar, como frio, calor, liso e áspero. Não tenha medo das escadas e nem limite o número de vezes que o bebê quiser repetir algum movimento. Para ele, cada subida no sofá é uma nova experiência, e ele aumenta o domínio sobre o próprio corpo a cada pulo.
Pisar descalço sobre diferentes texturas, como grama, areia e cimento, aumenta a noção de equilíbrio, estabilidade e consciência corporal. A aventura no quintal de casa, porém, não pode ser restrita a poucas vezes. Sempre que puder, deixe o bebê conhecer sozinho a natureza e aumentar o repertório daquilo que conhece.
Dentro de casa também não há desculpas para restringir seus movimentos. Deixe que o bebê fique mais tempo brincando na água depois do banho; monte um espaço na casa mais colorido, com pisos diferentes, que misture tecidos e cobertores, e brinquedos e livros interativos; crie um cantinho de areia ou terra no apartamento ou, se morar em uma casa com quintal, plante árvores pequenas para que ele possa subir e pular quando ficar maior.
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Caixa de papelão
Brinquedos que permitam transformações são mais indicados nesta fase de descobertas. Um brinquedo comprado em loja, por vezes, oferece poucas possibilidades para o bebê depois do primeiro contato, a não ser que a criança aprenda a destruí-lo e conheça as peças internas.
Caixas de papelão, garrafas vazias, tecidos e papéis de diferentes cores, texturas e cheiros podem ser mais positivos para o desenvolvimento. Da mesma forma, uma caixa de areia ou floreira, onde o bebê possa mexer na terra e se surpreender com as flores e minhocas, pode ser mais estimulante.
Brinque com o irmão
Criança ensina criança, e essa teoria é cada vez mais comprovada no dia a dia das escolas. Juntar crianças mais novas com as mais velhas é um dos métodos mais estimulados pelos especialistas em desenvolvimento infantil para incentivar o mais novo. O bebê que engatinha e que vê o colega andando vai tentar imitá-lo. Nas famílias, uma sugestão é fazer com que os irmãos brinquem juntos. Muitos pais chegam a comentar como o mais novo andou mais rápido ou falou mais precocemente que o primogênito, mas isso é resultado da relação entre eles.
Perigos no chão
Antes de soltar a criança, confira os seguintes itens:
– As tomadas estão todas protegidas?
– O fogão está longe do alcance das crianças?
– Os produtos de limpeza estão trancados e protegidos?
– Os medicamentos estão fora do alcance?
– O chão está livre de objetos cortantes ou pequenos demais, prontos para serem engolidos?
– Não há chaves, botões, moedas, agulhas e qualquer coisa que possa ser engolida, muito próximo das crianças?
– O chão está limpo, sem excesso de produtos de limpeza?
Fontes: Christian Müller, neuropediatra do departamento de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria; Maria Helena Cordeiro, professora do mestrado em educação da Universidade Federal da Fronteira Sul e pesquisadora associada ao Centro Internacional de Estudos em Representações Sociais e Subjetividade da Fundação Carlos Chagas; Marynelma Camargo Garanhani, coordenadora de estudos do projeto Educamovimento do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Infância e Educação Infantil (NEPIE-UFPR).