Saúde e Bem-Estar

Pilates pode ser um “milagre” na vida de idosos

Marina Mori, especial para a Gazeta do Povo
15/07/2016 22:00
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José Roberto Visentin, 60 anos, começou a praticar o Pilates para recuperação cardíaca, há quatro anos, e não parou mais. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

Quem vê Dona Leonida caminhando faceira entre os aparelhos de Pilates nem diz que a senhorinha de cabelos cuidadosamente arrumados e andar ligeiro tem 87 anos. Ela não precisa perguntar duas vezes sobre os exercícios: repete a sequência de movimentos sem hesitar e, assim que termina, começa outra série. “Parece que o corpo da gente rejuvenesce”, brinca. Seu ótimo desempenho surpreende até mesmo a filha, Claudia Mara Gianderardino Rigoni, 58, que faz companhia à mãe em todas as aulas de Pilates, há quase cinco anos.
Leonida Gianderardino, 87 anos, pratica há 5 anos. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Leonida Gianderardino, 87 anos, pratica há 5 anos. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Para ela, os exercícios tiveram um papel essencial na melhora de diversos sintomas de Dona Leonida, entre eles a incontinência urinária. “Durante as férias, período em que ficou sem ir às aulas, percebemos que a incontinência havia voltado, mas tão logo ela retomou os exercícios, melhorou novamente. O Pilates foi um milagre na vida dela”, conta Claudia.
Parece milagre, mas não é. O método, desenvolvido pelo alemão Joseph Pilates (1883-1967), funciona a partir de exercícios voltados à reeducação do movimento usando o próprio corpo como ferramenta. Embora não exista uma indicação específica para um determinado grupo, já que pode ser praticado a partir dos 12 anos de idade, é uma atividade física altamente recomendada para os idosos. “O Pilates tem como diferencial o fortalecimento dos músculos mais profundos de nosso corpo, especialmente os do assoalho pélvico e do abdome. Ao fortalecê-los, é possível notar a melhora da postura e do controle da respiração. Os exercícios também contribuem muito para o equilíbrio, fundamental para os idosos”, explica Priscila Tallita Kleinibing, fisioterapeuta especializada no método.
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Melhora cognitiva
A rotina de atividades físicas também desperta bons resultados no desenvolvimento cognitivo de Dona Leonida. Mesmo tendo sido diagnosticada com Alzheimer há nove anos, os sintomas, que envolvem perda gradativa de memória e confusão mental, demoraram a surgir. Quando a senhora está um pouco indisposta, porém, a fisioterapeuta de Dona Leonida, Rita de Cássia Munhoz, reconquista a atenção da paciente com música. “É só colocar Sérgio Reis pra tocar que ela cantarola e se alegra”, diz.
Reabilitação e energia
Para José Roberto Visentin, caminhar e bater bola eram atividades obrigatórias em sua rotina. As coisas mudaram um pouco em 2003, quando teve um enfarte, mas isso não diminuiu nem um pouco a vontade de manter o corpo ativo. “Sou meio viciado em exercícios”, confessa. Hoje, aos 60 anos, o bancário aposentado encontra diversão nas duas aulas semanais de Pilates e nos jogos esporádicos de futebol com os amigos. Começou a praticar o Pilates para recuperação cardíaca, há quatro anos, e não parou mais.
Os exercícios também têm participação especial no desempenho de José Roberto durante o tão aguardado campeonato anual de bancários aposentados. Para dar conta dos três dias seguidos de competição – ele assume o cargo de goleiro durante os jogos –, capricha ainda mais na série. Enquanto se concentra para realizar um movimento no Cadillac, um dos aparelhos do Pilates, garante: “se não fosse por isso aqui, dificilmente eu conseguiria participar do campeonato”.
Musculação ou Pilates?
As principais diferenças entre o Pilates e a musculação são a repetição e a intensidade dos movimentos. Enquanto na academia os exercícios com pesos geralmente são realizados em três séries de dez repetições, os movimentos do Pilates são praticados de forma mais intensa. “O fortalecimento é gerado através de concentração e ritmo lento, com menos repetições. Isso permite maior controle do corpo e consciência corporal”, afirma a fisioterapeuta Priscila Kleinibing.