Saúde e Bem-Estar

Quando a cesárea é necessária

Amanda Milléo
24/04/2015 15:35
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Começou a valer nesta segunda-feira (6) a resolução do Ministério da Saúde que, entre outras medidas, estabelece que as gestantes que quiserem fazer o parto por cesariana via plano de saúde deverão ter uma justificativa médica por escrito. A medida busca inibir a realização de intervenções cirúrgicas desnecessárias no parto e reduzir a taxa de cesáreas nos convênios, que chega a 85%. A porcentagem recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que apenas 15% dos partos sejam por cesárea.
Viver Bem relembra duas reportagens publicadas sobre o assunto — a que você lê abaixo, que mostra as situações em que a cesariana é recomendada pela própria OMS, publicada em abril deste ano; e a entrevista feita em agosto de 2013 com a enfermeira obstetra Mayra Calvette, que comandou a série Parto pelo Mundo no GNT e incentiva a preferência pelo parto natural. Confira:
A cada 100 recém-nascidos, apenas 10 a 15 devem vir ao mundo através da cesariana, segundo recomendações da comunidade médica internacional, em 1985. Agora, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, novos estudos indicam que quando o número de cesáreas cresce até 10% em uma população, as taxas de mortalidade entre mães e recém-nascidos cai. Mas, quando o número fica acima desse valor, não há evidência de que a taxa de mortalidade melhore, piore ou se mantenha.
“Essas conclusões destacam o valor da cesariana em salvar as vidas das mães e dos recém-nascidos”, afirma a diretora do departamento de saúde reprodutiva e pesquisa da OMS, Marleen Temmerman, em comunicado divulgado na semana passada pela organização. Da mesma forma, focar apenas em atingir taxas específicas de cesáreas não deveria ser a prioridade, complementa Marleen, mas garantir o acesso ao procedimento, quando necessário.
A organização destaca que há momentos em que as cesáreas são importantes, quando o parto normal aumenta o risco de complicações para a mãe ou o bebê, como estresse fetal devido a um trabalho de parto prolongado, ou quando a criança está em uma posição ruim. Alguns efeitos posteriores ao procedimento, no entanto, são questionados pelo comunicado da OMS.
Dados de natimortos ou morbidades, como asfixia ao nascer, são ainda desconhecidos como resultado desses procedimentos, embora a invalidez e morte podem ser associadas às cesáreas, quando feitas em localidades inseguras para esse tipo de cirurgia. “Ainda são necessárias mais pesquisas sobre o impacto das cesáreas no psicológico e bem-estar social das mulheres”, afirma a organização.
Apenas quando necessário
Um dos fatores que dificulta a escolha por cesáreas ou partos normais atualmente, de acordo com a OMS, é a falta de uma classificação padronizada e internacionalmente aceita. Para tanto, o órgão sugere o sistema de classificação de Robson, que separa as mulheres grávidas em 10 grupos, baseados em características como número de gestações anteriores, qual a idade da mãe, se havia cicatrizes no útero antes da gestação, como o trabalho de parto teve início, entre outros. Esses dados dariam uma base para a comunidade médica orientar melhor as futuras mamães de diferentes países e regiões.