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Com dieta rica em fibras. 89% dos pacientes do estudo conseguiram o controle glicêmico. Foto: Isidor Emanuel/Unsplash.
Com dieta rica em fibras. 89% dos pacientes do estudo conseguiram o controle glicêmico. Foto: Isidor Emanuel/Unsplash. | Foto:

Uma dieta rica em fibras integrais e um determinado grupo de bactérias que acompanha esse tipo de alimentação podem ajudar pessoas com diabetes tipo 2 a controlar a doença.

Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que há cerca de 422 milhões de pessoas no mundo com a doença, o que representa cerca de 6% da população. O número de casos tem crescido ao longo dos anos: estudo recente publicado na revista Science fala que há uma forte relação entre o diabetes tipo 2 com envelhecimento, obesidade, entre outros fatores.

Como a doença é causada pela crescente resistência do corpo à insulina  — hormônio que sinaliza para o corpo capturar o açúcar que circula pelo sangue —ou à produção reduzida dela, a alimentação, é um dos fronts estudados por pesquisadores para combater o diabetes tipo 2.

Experimento

No novo estudo da Science, cientistas chineses forneceram uma dieta rica em fibras para pacientes diabéticos do tipo 2. Outro grupo de pacientes seguiu uma dieta padronizada para pessoas com a condição.

Foto: divulgação
Foto: divulgação

Com a ideia de ativar a flora intestinal, ambos os grupos tomavam um medicamento para retardar a digestão dos carboidratos, fazendo com que ela ocorresse mais intensamente no intestino grosso, onde a presença de bactérias é maior.

Os pesquisadores verificaram que em ambos os grupos houve ganhos no controle do diabetes, como melhora em exames de sangue que medem a taxa de açúcar no organismo. Os benefícios foram maiores no grupo que seguia a dieta rica em fibras.

Depois de 28 dias, 89% dos pacientes com a dieta rica em fibras conseguiu o controle glicêmico (contra 50% do outro grupo).

Por causa do consumo de fibras, os pesquisadores descobriram que ocorre maior proligeração de bactérias benéficas para o corpo.

Influência do intestino

“Há uma hipótese de que o tipo de flora intestinal que temos pode influenciar no aparecimento do diabetes”, afirma João Salles, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, que não participou da pesquisa. “No estudo foi feita uma modulação da flora para se ter uma maior porcentagem de bactérias que produzissem ácidos graxos de cadeia curta.”

Esses ácidos graxos, de forma geral, estão ligados ao aumento da produção de algumas proteínas, como a GLP-1, que estimula a produção de insulina.

> Quais são os alimentos que prendem ou soltam o intestino. 

Para demonstrar que os ganhos — inclusive aqueles relacionados à glicemia em jejum e ao emagrecimento — estavam relacionadas ao aumento das bactérias produtoras de ácidos graxos de cadeia curta, os cientistas transplantaram os micróbios dos pacientes humanos para camundongos “germ-free” (sem germes, em tradução livre).

O transplante de fezes, como é popularmente conhecido, vem sendo associado a tratamentos de diversos problemas de saúde, como infecção persistente pela bactéria Clostridium difficile, doença de Crohn e até obesidade. Os efeitos positivos encontrados em humanos se repetiram nos roedores, com menores taxas de açúcar no sangue naqueles que receberam a microbiota das pessoas que seguiram a dieta rica em fibras.

Bactérias boas

Por fim, os pesquisadores conseguiram também identificar 15 tipos de bactérias que foram favorecidas pela maior disponibilidade de alimento no trato gastrointestinal e que seriam importantes para o controle do diabetes.

Outro bom efeito foi a diminuição de colônias de micro-organismos potencialmente prejudiciais, que agravam o quadro do diabetes.

“Isso abre espaço para estudos futuros, não só com o transplante de flora para melhora do diabetes e da obesidade, mas também para modulação da flora com esses probióticos [as bactérias encontradas pelos pesquisadores]”, diz Salles.

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