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Meditação nem sempre acalma: pesquisa mostra aspectos negativos da prática

Redação
30/06/2017 13:01
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O grande problema é que, hoje em dia, a gente desaprendeu a se concentrar, a ficar sensível a uma atividade só. O mindfullness é um conceito que propõe foco. Foto: Bigstock.

Pessoas com histórico de doenças psiquiátricas ou de trauma, dependendo da intensidade da meditação, e sem uma supervisão adequada podem não ter a melhor experiência com a prática. Um estudo divulgado no fim de maio pelo periódico PLOS ONE mostrou que a meditação levaria a experiências inesperadas, nem sempre positivas, mas angustiantes e difíceis, causando até mesmo prejuízo funcional por dias a anos.
Para fazer a relação entre a meditação e os efeitos negativos, foram entrevistados 100 praticantes e professores da prática das três principais escolas budistas: Theravāda, Zen e Tibetana. Os entrevistados foram questionados sobre as experiências vividas e, com as respostas, foram organizadas 59 experiências, divididas em sete domínios: de emoções e humores, somáticos ou relativos ao corpo, motivação ou vontade, senso de identidade e social.
Algumas das principais experiências emocionais negativas citadas pelos entrevistados foram medo, ansiedade, pânico e até a perda de todas as emoções. Outra experiência, desta vez no campo somático, foi a hipersensibilidade à luz ou ao som; insônia e movimentos involuntários. Esses efeitos tiveram duração variável, de alguns dias a meses e até anos.
Efeitos negativos não afetam todo mundo
Os pesquisadores ressaltam, a partir do estudo, que as experiências desagradáveis relatadas pelos participantes não afetam todos que pensam em começar a meditar.
Algumas hipóteses levantadas traziam o alerta a quem tivesse uma doença predisponente, com história psiquiátrica ou de traumas; pessoas que participaram de retiros longos ou intensivos; participantes mal supervisionados ou que praticam de forma errada ou que passaram por uma preparação inadequada.
Para evitar esse tipo de situação, vale buscar um professor de meditação e um modelo de prática que melhor se encaixe ao objetivo da pessoa.
Benefícios da meditação são comprovados e até crianças podem praticar
Meditar significa ter consciência do próprio corpo e os benefícios da prática receberam comprovação de diferentes estudos. Um programa de meditação proposto por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, teve a duração de oito semanas e provou que a prática reduz a sensação de solidão em adultos mais velhos. Outra pesquisa mostra que a solidão estaria associada a um aumento na atividade de genes relacionados à inflamação. Ou seja, meditar previne o desenvolvimento de doenças inflamatórias.
A meditação passa a funcionar quando provoca um relaxamento tão intenso que faz com que a pessoa aprenda a, sempre que for preciso, atingir esse estado. Especialistas reconhecem esse estado como um “zerar” o cérebro, a ponto de que a pessoa não pense em nada. Esse mecanismo pode ser usado no controle da ansiedade de pessoas com distúrbios sérios, como em um momento de crise.
Com relação às crianças, a orientação é que os pequenos comecem a praticar depois dos 4 anos de idade, seja na escola ou em casa. A meditação serve como uma ferramenta para as crianças trabalharem medos, tristezas, inseguranças e até mesmo a raiva. O melhor horário para iniciar a criança na prática da meditação é antes de dormir.
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