Saúde e Bem-Estar

Redação, colaborou Maria Isabel Miqueletto

Agorafobia: como vivem quem sofre do medo de sentir medo?

Redação, colaborou Maria Isabel Miqueletto
27/08/2017 16:00
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Fobia está relacionada a síndrome do pânico e promove isolamento social (Foto: Bigstock)

Agorafobia é um transtorno de ansiedade caracterizado como o “medo de sentir medo”. A pessoa acometida por essa doença passa a evitar situações nas quais poderia sentir pânico, constrangimento ou medo, principalmente quando está em ambientes que considera difíceis de sair.
“A pessoa tem medo de estar em um ambiente em que não conseguiria sair caso houvesse um problema, e, por mais que seja imprevisível, ela tem certeza que esse problema vai acontecer”, esclarece Luciane Bozza Bertoncello, psicóloga química e especialista em psicoterapia sistêmica.
A agorafobia geralmente se desenvolve depois de sucessivos ataques de pânico, fazendo com que a pessoa passe a evitar lugares que possam causar esses ataques por antecipar a vergonha que sentiria caso acontecessem. “É como se fosse um efeito da síndrome do pânico, uma consequência dela. Mas nem todas as pessoas que tem a síndrome desenvolvem o transtorno, basta ter o tratamento certo, no momento certo”, afirma Bertoncello.
O medo antecipado faz com que a pessoa comece a evitar todo tipo de situação. “Elas pensam ‘já que vou sentir medo nesse ambiente, eu nem vou‘”, completa. Este isolamento compromete não só a vida pessoal, mas também a carreira do indivíduo. “A pessoa vai viajar e está sem Internet no celular, então começa a pensar em tudo que pode dar errado na estrada e desiste de ir. Elas sofrem antecipadamente por algo que não sabem se vai acontecer”, exemplifica a psicóloga.
A agorafobia também está ligada a traços da personalidade. “Pessoas com mais propensão a desenvolverem o transtorno são, geralmente, aquelas muito preocupadas, que sempre pensam em tudo. Em parte dos casos elas são mais inseguras e dependem de estar perto de alguém todo o tempo”, reforça Luciane.
O ato de sentir medo não indica, automaticamente, um sinal do transtorno. “Todos nós temos medo, mas alguns enfrentam, outros não. A agorafobia mora justamente no fato de não conseguir enfrentar os medos”, complementa a especialista.
Diagnóstico e tratamento
Se um amigo ou familiar passar a evitar situações em que se sinta “preso” e se isole com frequência, esse pode ser um sinal da fobia. Nesses casos, é importante buscar ajuda.
No tratamento da agorafobia, o psiquiatra e o psicólogo atuam juntos e, em grande parte dos casos, usam a terapia cognitivo-comportamental. “No tratamento, nós fazemos a pessoa voltar a frequentar os ambientes aos poucos, para que se acostume de novo com o local. Primeiro vai até a porta do show, por exemplo, depois até o hall de entrada, uma etapa de cada vez. Ela precisa ficar exposta à experiência que tem medo”, completa a psicóloga.
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