• Carregando...
(Foto: Bigstock)
(Foto: Bigstock)| Foto:

A tecnologia que permite o diagnóstico rápido em caso de suspeita de câncer de pele chegou ao celular. Skinvision, um aplicativo que vem sendo desenvolvido desde 2012 por uma equipe de programadores e dermatologistas, permitiu identificar precocemente ao menos 15 mil casos da doença ao redor do mundo.

Segundo Roeland Pater, um dos responsáveis pelo aplicativo, SkinVision foi criado devido ao aumento constante do melanoma, o câncer de pele mais agressivo e a única doença cutânea que pode levar à morte. Além de conscientizar as pessoas sobre a doença, o app também é uma ferramenta para o primeiro autoexame

O usuário tira uma foto de uma pinta ou mancha usando o aplicativo. O SkinVision faz três novas imagens, que são colocadas, em camadas, uma sobre a outra. Aí um algoritmo “lê” a informação, seguindo as regras do teste ABCDE, que usa conceitos de assimetria, bordas, cores, diâmetro e evolução para analisar a lesão.

Essa regra alfabética é utilizada para orientar o reconhecimento de lesões cutâneas suspeitas de  melanoma. A letra A representa a assimetria da pinta, de maneira irregular, que não tem um formato uniforme; a B são as bordas irregulares; a cor da pinta é representada pela letra C, podendo ter cores desiguais; D identifica o diâmetro maior que 6mm; e a letra E indica a evolução da pinta em todas essas características.

Com base em uma pesquisa feita pelos fundadores do aplicativo, SkinVision tem uma sensibilidade comprovada em diagnosticar câncer de pele de melanoma de 88%. Além disso, há dermatologistas colaboradores que verificam todas as imagens de alto risco.

(Imagem: reprodução site)
(Imagem: reprodução site)

Máquinas e humanos

O trabalho para reconhecer um câncer de pele não é exclusivamente feito por máquinas – apenas a triagem fica a cargo do algoritmo. Percebido o risco, entram em cena médicos experientes para analisar o caso.

“Quando o aplicativo dá o diagnóstico preocupante para um usuário, acompanhamos pessoalmente para garantir que ele procure um médico o mais cedo possível. Depois que os sinais de risco são detectados, nós também oferecemos uma ‘revisão de especialistas’ no aplicativo, que envia a foto para um dos nossos dermatologistas. Temos nossos próprios dermatologistas e trabalhamos com hospitais como a Mayo Clinic, St George e LMU Munich para pesquisa e ensaios clínicos. Depois que o profissional avalia a foto, ele retorna ao usuário com orientações”, diz Roeland.

(Imagem: reprodução site)
(Imagem: reprodução site)

App gratuito

Há uma versão gratuita do aplicativo para a análise de até cinco fotos, mas o usuário tem a opção de comprar pacotes, com créditos extras ou até um plano ilimitado de um ano, por 24,99 euros, algo como R$ 100. Ele está disponível apenas para o sistema iOS.

O aplicativo também conta com uma plataforma em seu site (https://skinvision.com), ligando médicos ao aplicativo. Qualquer profissional pode se inscrever para se tornar colaborador, adicionar seus próprios pacientes para monitorá-los remotamente, ou para ter novos pacientes.

No momento, ainda não existem médicos colaboradores do Brasil, mas segundo Roeland, os médicos brasileiros estão convidados a tornarem-se colaboradores. “Atualmente, temos cerca de 1 milhão de usuários no mundo, os locais mais ativos são Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Europa (Holanda, França, Espanha, Polônia, Romênia e outros). Também há um grupo em crescimento nas Américas, como no México, por exemplo”, diz Roeland.

“Estamos disponíveis no Brasil, mas não temos parceiros ativos ou funcionários lá. Queremos mudar isso. Qualquer médico ou dermatologista interessado pode chegar até nós para discutir isso ainda mais”, enfatiza Roeland.

O site do aplicativo conta com várias explicações didáticas sobre como SkinVision funciona, além de manter diariamente um blog sobre câncer de pele e cuidados com a pele. Em uma das abas disponíveis no site, você consegue ter acesso a depoimentos de algumas pessoas que conseguiriam identificar melanoma e procuraram ajuda médica por meio do aplicativo.

“O médico examinou a lesão e achou que era um hemangioma. Mas, com a ajuda do aplicativo, descobrimos que era um câncer de pele de células basais e agora eu tenho que cortá-lo”, relata Sydney Heather, usuário do aplicativo.

(Imagem: reprodução site)
(Imagem: reprodução site)

Opiniões de profissionais

A dermatologista Ana Paula Machado e o cirurgião oncológico Leonardo José Ribeiro acreditam que o aplicativo pode favorecer o diagnóstico precoce e o Brasil pode usar essa nova tecnologia como uma aliada. Mas não deve substituir a consulta com o médico dermatologista. “O aplicativo pode ajudar, mas não substitui o olhar do ser humano. Na maioria das vezes a realidade do paciente é bem diferente do que o resultado da sua pesquisa na internet”, enfatiza a médica.

Além disso, a confirmação de um melanoma só é concretizada com o diagnóstico da biópsia patológica, que deve ser feita por um médico especialista em câncer de pele (dermatologista ou cancerologista) e, geralmente através de uma pequena cirurgia, de acordo com Ribeiro. “Depois da análise deste fragmento de pele podemos avaliar se, realmente, é um câncer e, perceber também fatores de agressividade deste câncer. Sabemos que os cânceres não são todos iguais, alguns são mais agressivos que outros e precisam de tratamentos diferentes também”, explica.

O cirurgião oncológico também afirma que o autoexame é imprescindível no diagnóstico precoce. “Sabemos que o melanoma no estágio inicial tem taxa de cura em até 98%. O principio do autoexame é se conhecer, muitas vezes não conhecemos nosso corpo e nem sabemos de alguns detalhes como pintas de nascença. Recomenda-se que a pessoa examine todas as áreas do corpo em frente ao espelho. Para observar couro cabeludo, pescoço, orelhas é indicado um espelho de mão”.

LEIA TAMBÉM

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]