Saúde e Bem-Estar

The New York Times

Nossos ossos podem nos ajudar a manter o peso ideal, diz estudo

The New York Times
27/01/2018 18:00
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Foto: Pixabay.

Nosso esqueleto pode nos ajudar a manter o peso sob controle, de acordo com um novo estudo feito com animais.
O estudo sugere que os ossos podem estar muito mais intimamente ligados ao controle de peso e de apetite do que os cientistas imaginavam. Isso também levanta questões interessantes sobre se um estilo de vida sedentário pode nos fazer ganhar alguns quilos, em parte, por confundir nossos sensíveis ossos.
Não há dúvida de que nosso corpo gosta de manter o peso que teve em algum momento. Isso se deve, em grande parte, à nossa predileção biológica pela homeostase, ou estabilidade fisiológica, que nos leva a recuperar todo o peso que perdemos e, teoricamente, perder todo o peso que ganhamos. Para atingir essa estabilidade, entretanto, nosso corpo precisa conseguir sentir o quanto pesamos, perceber quando nosso peso muda e responder de acordo, como se tivéssemos uma balança interna.
Ainda não é claro como isso ocorre.
Há alguns anos, cientistas descobriram um dos possíveis mecanismos envolvendo a leptina, um hormônio liberado pelas células gordurosas. Em termos gerais, quando as pessoas ganham gordura, produzem mais leptina, substância que inicia um processo no cérebro que reduz o apetite e deveria fazer o corpo baixar esse novo peso.
Mas, obviamente, esse sistema não é perfeito ou ninguém manteria os quilos adquiridos.

Nova pesquisa

Então, no novo estudo, que foi publicado neste mês na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, um grupo internacional de pesquisadores se perguntou se poderia haver outro processo ocorrendo.
Para descobrir, primeiramente camundongos e ratos foram separados em grupos. Eles escolheram as duas espécies na esperança de que, se algum resultado fosse comum, poderia indicar que talvez ocorresse em outras espécies de mamíferos, potencialmente incluindo seres humanos.
Depois, os cientistas implantaram cápsulas no abdômen dos roedores. Umas continham 15 por cento do peso de cada animal, outras estavam vazias. Assim, alguns animais tinham acabado de ganhar bastante peso.
Os cientistas então deixaram os roedores enfrentar sozinhos o peso extra. E seu corpo rapidamente começou a trabalhar. Em dois dias, os animais que tinham as cápsulas pesadas estavam comendo menos e, após duas semanas, em geral tinham perdido quase o mesmo peso contido nas cápsulas.
Em seguida, quando os cientistas removeram as cápsulas de alguns dos animais, os ratos e camundongos começaram a comer mais e logo ganharam o peso de volta. Os sensores homeostáticos de peso estavam claramente trabalhando bem, em ambos os sentidos.
O passo seguinte dos pesquisadores foi repetir o processo, mas em camundongos que foram criados para produzir pouca leptina. De novo, os animais comeram menos para estabilizar seus pesos após a implantação das cápsulas. Ou seja, seus corpos não confiavam apenas na leptina para perceber e responder às mudanças de peso.
Finalmente, os cientistas consideraram os ossos. Como sabiam, a maioria dos esqueletos dos animais sente prontamente que há uma sobrecarga quando, por exemplo, fazem exercícios físicos pesados, e vão adicionar células extras para lidar com a pressão.
Os cientistas creem que os osteócitos, um tipo de célula óssea, são os que reconhecem quando forças externas estão afetando os ossos e emitem sinais bioquímicos provocando a criação de nova matéria óssea.
Para ver se também iriam detectar e responder às mudanças no peso corporal, os cientistas criaram um novo grupo de camundongos com níveis anormalmente baixos de osteócitos. Depois, implantaram as cápsulas com peso extra. Dessa vez, os animais não perderam o peso adicionado. O corpo pareceu não perceber que estava mais pesado, presumivelmente por causa dos baixos níveis de osteócitos, e os roedores permaneceram artificialmente mais gordos.

Conclusões

O resultado indica que ossos saudáveis parecem sentir mudanças na massa corporal e de alguma forma iniciam alterações de apetite e alimentação que podem fazer o corpo votar ao peso anterior, de acordo com John-Olov Jansson, neurocientista da Universidade de Gotemburgo que liderou o estudo.
Ele e seus colegas chamam os sensores dos ossos de “gravitostato”, que é acionado pelo peso corporal que sobrecarrega os ossos, um resultado da inexorável força da gravidade. E suspeitam que um “gravitostato” similar exista nos humanos.
A possibilidade pode ajudar a explicar porque o fato de ficar sentado por horas é associado à obesidade, disse ele. Quando passamos muito tempo sentados, muito do nosso peso corporal é suportado pela cadeira e não pelos ossos, deixando nosso esqueleto sem saber o quanto realmente pesamos e se esse peso mudou ou deveria mudar.
Obviamente, essa teoria é puramente especulativa no momento, já que o estudo envolveu roedores, não pessoas. E também consegue explicar como nossos ossos (se eles realmente têm algum controle sobre nosso peso) conseguem essa façanha, ou como passam a informação ao cérebro e seus controladores de apetite. Jansson e seus colegas agora planejam fazer estudos mais detalhados.
Mas, por enquanto, essas descobertas podem fornecer outra razão plausível para levantar da cadeira e talvez ajudar nossos ossos a controlar melhor nossa silhueta.
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