Saúde e Bem-Estar

Júlia Rohden, especial para Gazeta do Povo

Aparelho que simula limitações físicas ajuda a entender dificuldades dos idosos

Júlia Rohden, especial para Gazeta do Povo
06/06/2017 08:00
Os alunos do Senac do Centro de Curitiba estão experimentando alguns efeitos da velhice por meio de um simulador didático que demonstra limitações na visão, audição e locomoção. O equipamento importado foi adquirido pelo Senac em fevereiro, com foco no curso de Cuidador de Idosos, mas também está sendo usado em outros cursos da saúde, como Técnico de Enfermagem.
O simulador fica em Curitiba até dia 14 de junho e já passou por Irati, Paranavaí, Maringá, Paranaguá, Foz do Iguaçu e Castro. Depois, segue para Francisco Beltrão e Ponta Grossa, com previsão de circular por 12 municípios paranaenses até a metade do ano. No segundo semestre, continuará transitando por outras sedes do Senac no estado.
Os alunos “vestem” um material que limita os movimentos e experimentam a sensação de estar no corpo de um idoso de cerca de 70 anos. O analista de educação do Senac, Renato Augusto Pesibiczeski, ressalta que é uma estimativa de idade, pois alguém que mantém hábitos saudáveis tem boas chances de chegar aos 80 anos sem essas limitações.
Equipamento diminui visão, audição e movimentos. (Foto: Divulgação/SENAC)
Equipamento diminui visão, audição e movimentos. (Foto: Divulgação/SENAC)
Os óculos especiais diminuem a visão, simulando efeitos como a perda da visão periférica, enquanto um aparelho é inserido no ouvido do aluno para limitar sua capacidade auditiva. Pesos dificultam os movimentos de pernas e braços, e talas são posicionadas nos dedos para reduzir a agilidade das mãos. Além disso, um equipamento é colocado nas costas do aluno, fazendo a coluna inclinar cerca de 25 graus para frente. O simulador é usado dentro e fora da sala de aula. Os estudantes atravessam ruas, sobem rampas e andam pelas calçadas da cidade para enfrentar desafios presentes no cotidiano dos idosos.
De acordo com Pesibiczeski, o objetivo não é apenas auxiliar no aspecto técnico, mas na formação da cidadania. Segundo ele, os alunos costumam se surpreender com a simulação e passam a ter uma percepção diferente do idoso. Ele considera que os idosos são discriminados no Brasil. “É fácil julgar o idoso, dizer que é muito lento, que não deveria sair de casa, mas é necessário entender que são limitações físicas, é fisiológico, é normal. O que não é normal é ter um julgamento discriminatório”, afirma.
No Paraná, segundo a Secretaria da Saúde, são 871 mil idosos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o Brasil será o sexto país com maior população de idosos do mundo até 2025, com cerca de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos. “O Brasil está preparado?”, indaga Pesibiczeski. Para ele, mesmo em Curitiba, considerada um modelo de cidade, há diversos aspectos que precisam ser melhorados. O curto tempo para atravessar a rua e as irregularidades nas calçadas são dois exemplos dados pelo analista de educação.
O Senac de Curitiba possui uma turma do curso de Cuidador de Idosos, no qual o aluno aprende desde o básico, como cuidados com a higiene do idoso, até aspectos mais específicos como cuidados com as sondas. São cerca de três meses de aula e o curso está disponível nas principais cidades do Paraná.
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