Saúde e Bem-Estar

Da redação

Comemore o Dia Internacional Sem Dietas

Da redação
06/05/2015 17:31
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Paleolítica, detox, da Lua ou líquida, não existem limites para as dietas. Exceto nesta quarta-feira (6), reconhecido internacionalmente como o Dia Sem Dietas. Comemore a data seguindo as dicas da nutricionista franco-brasileira, Sophie Deram. Doutora em endocrinologia pela USP e pesquisadora em neurociência do comportamento alimentar, Sophie defende que as dietas não emagrecem — ao contrário, podem causar aumento do apetite, retorno ao peso antigo, quilos extras e até mesmo transtornos alimentares. Em dezembro do ano passado, ela conversou com o Viver Bem:
Todos precisam emagrecer?
Não é saudável generalizar. Trabalhei muito com transtorno alimentar e você percebe que eles começam após dietas em pessoas que, muitas vezes, não precisavam emagrecer. Ao tentar perder peso, ela “assusta” o equilíbrio do corpo. Nossa sociedade tem uma mentalidade da dieta, todo mundo tem uma nova e diferente que indica aos outros.
Dieta é sinônimo de sofrimento?
Em vez de viver uma vida tranquila, você sofre mesmo. Comer é automático, é como respirar. E é muito difícil manter a respiração sob controle. Fazer dieta é assim. E quando você decide quebrar as regras, você come uma panela inteira. Quando se come com prazer, sem restrição, a impressão de “despedida” daquela comida que você gosta não existe, por isso você come menos.
Quais os principais riscos de se fazer uma dieta restritiva?
Quando você passa fome, o seu apetite aumenta. Ele é regrado por hormônios, e, quando há restrição, aqueles que regulam a fome aumentam. Mesmo um ano depois de interromper a dieta o cérebro ainda se lembra da fome e você tem mais apetite que o normal. Por isso luto contra o uso de dietas por crianças.
Qual a melhor tática para as crianças com sobrepeso?
Francamente, não há hoje um tratamento para obesidade infantil. A ciência mostra que elas comem respeitando a fome, sem restrições, e têm um risco menor de desenvolver a obesidade. Porém, para uma criança em sobrepeso, os pais devem melhorar a qualidade alimentar da casa toda, não apenas dela. Se ela comer 80% das vezes uma alimentação saudável, uma vez por semana de fast food não faz diferença alguma.
Buscar produtos lights e diets é fazer uma boa escolha?
Em vez de procurar esses produtos, por que não ir direto aos alimentos mais naturais? Eles saciam melhor, “conversam” melhor com seus genes e a maioria, não todos, dos produtos diets e lights evitam a gordura, mas têm amido modificado e carboidratos. Pode ter menos calorias, mas isso não quer dizer qualidade. Não incentivo as pessoas a calcularem as calorias dos alimentos, porque isso engana, você fica obcecado nelas e não emagrece.
Como a pessoa pode escutar seu próprio corpo novamente?
Comer de maneira tranquila e consciente o tempo todo, voltar a ter bom senso. Volte a tomar um café da manhã, almoço, lanche e jantar, igual aos nossos avós. Eles não tinham balança em casa, não sabiam o que era proteína, gordura, simplesmente comiam. Quem quer fugir dessa neura das dietas basta voltar a se alimentar regularmente e naturalmente.
Há um terrorismo nutricional em voga?
Colocar alguns alimentos como bons e outros ruins e fazer essa guerra contra alguns deles, como o glúten e a lactose, faz com que a pessoa se assuste e tenha medo de comer. Não é fácil ficar o tempo todo verificando o que se está comendo. Não dá para achar que um alimento vai salvar ou destruir você do dia para a noite.