Saúde e Bem-Estar

Bruna Covacci

RJ aprova lei ‘Angelina Jolie’ para dar exame a mulher com câncer na família

Bruna Covacci
01/09/2015 14:48
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Quando pensamos na saúde da mulher e nas doenças que podem acometer sua vida nos lembramos do câncer do colo do útero e no câncer de mama. O primeiro deles, segundo o Dr. José Bento, ginecologista e obstetra dos hospitais Albert Einstein e São Luis, tem 100% de chances de ser prevenido desde que a mulher faça o exame papanicolau periodicamente. Já o segundo, por meio de um teste genético que observa se a paciente tem uma mutação nos genes BRCA1 e BRCA2, que são considerados “protetores” deste tipo da doença, pode ser evitado. A diferença é que o primeiro exame pode ser feito através do Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto o outro custa cerca de R$ 6,7 mil.
O assunto está em discussão. Uma lei publicada na quarta-feira (26), batizada com o nome da atriz americana Angelina Jolie, autoriza o estado do Rio a assinar um convênio para oferecer a realização de exames de sequenciamento genético em mulheres com histórico de câncer de mama ou de ovário na família. Assim, o exame passaria a ser feito gratuitamente através do Sistema Único de Saúde (SUS) e poderia diminuir a chance de aparecimento do câncer nas pacientes em todo o estado. Não há prazo, no entanto, para o pacto ser firmado e os exames serem liberados. No Paraná o assunto ainda não está em discussão.
A lei leva o nome da atriz porque a mesma passou pelo mesmo exame e, com ele, descobriu que tinha uma mutação hereditária no gene BRCA1. Preocupada com o histórico familiar — a mãe da atriz morrera em 2007 após ter a doença diagnosticada — Angelina fez uma mastectomia (cirurgia para retirar os dois seios) em 2013. Este ano, ela também retirou os ovários. De acordo com a lei proposta pela deputada estadual Marcia Jeovani (PR), o exame terá que ser requisitado por um oncologista, geneticista ou mastologista e ressalta que a lei não é um incentivo à mastectomia. Será necessário também apresentar laudo com histórico familiar de câncer de mama. A doença tem que ter sido diagnosticada antes dos 50 anos de idade em dois parentes de primeiro grau ou três parentes de segundo grau, enquanto o paciente que vai passar pelo exame deverá ter até 40 anos.
Papanicolau
Bento explica que o exame serve para detectar precocemente lesões que possam se tornar um câncer de colo de útero. Além disso, o papanicolau também pode detectar infecções vaginais e DSTs. Um estudo recente, divulgado pela revista Science Translational Medicine, também aponta que o exame poderá detectar até câncer de ovário e câncer de endométrio, além de câncer de colo do útero e outras doenças. “Ele deve ser feito entre os 25 aos 65 anos, uma vez por ano. Em casos de alto risco, como quando a mulher tem HPV, o médico pode recomendar uma frequência maior, como de seis em seis meses”, finaliza.